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Tio Cândido tinha um belo burro, mas, como era bondoso não gostava de cansar o animal e andava puxando-o pelo cabresto. Uns estudantes arruaceiros viram-no passar deste modo e decidiram roubar o burro. Enquanto alguns levavam o animal sem que tio Cândido visse, o mais travesso dos estudantes pôs o cabresto e ficou no lugar do burro, Quando tio Cândido viu o rapaz, ficou pasmado. O estudante contou uma mentira que, no passado, tinha sido brigão, jogador e muito vadio. O seu pai amaldiçoara-o dizendo: “És um asno, e em asno te hás-de tornar.” Dito e feito. A maldição fez com que virasse um burro. Agora, arrependido de seus pecados, tinha voltado ao normal. Tio Cândido ficou maravilhado com a história. Teve pena do estudante. Aconselhou-o a ir depressa apresentar-se ao pai e reconciliar-se com ele. O estudante, com falsas lágrimas de gratidão, foi-se embora. Tempos depois, passeando numa feira, tio Cândido ficou assombrado ao ver à venda o mesmo burro que tivera. Ingenuamente concluiu que o estudante tinha voltado à vida de travessuras e que o pai o amaldiçoara de novo. Aproximando-se do burro, tio Cândido falou-lhe ao ouvido: “Quem não te conhecer que te compre!”