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Portugal devia ter pedido ajuda à troika 'três a seis meses antes'

florindo

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Portugal devia ter recorrido à ajuda financeira da 'troika' «três a seis meses antes» de fazer o pedido de assistência, disse à Lusa o antigo ministro das Finanças Miguel Beleza.
«Com a informação que havia na altura, bem antes do pedido de apoio, havia uma série de gente capaz, e outro menos, como eu, que dizia 'peçam essa porcaria'», disse em entrevista à Lusa Miguel Beleza.
Portugal pediu ajuda ao Fundo Monetário Internacional e à União Europeia a 06 de Abril do ano passado. Beleza destaca o «papel importante» desempenhado pelo então ministro das Finanças, Fernando Teixeira dos Santos, em «empurrar o Governo» para o pedido de ajuda, mas considera que se perdeu demasiado tempo.
«Quanto é que teríamos poupado em juros se tivéssemos uns meses antes? Não era melhor ter começado o programa o mais cedo possível?», diz Beleza, considerando que o pedido de apoio formal devia ter vindo antes ainda de o Governo da altura apresentar o chamado PEC IV.
Beleza considera que o programa da 'troika' é necessário perante a «situação muitíssimo difícil» do país, apesar de ter «fatalmente como consequência a recessão»: «Não vale a pena dizer que [a economia] não cresce - enquanto a gente não der uma varridela neste problema, não vai crescer».
O economista considera ainda que a narrativa portuguesa se está a repetir no país vizinho.
«Os espanhóis estão a cometer o mesmo erro que nós» ao atrasar um pedido de ajuda financeira. «É possível que se os espanhóis pedirem [ajuda] não adiante nada», mas seria melhor não adiar o recurso à 'troika', afirmou.
Belza considerou ainda que o Governo deve manter em aberto a possibilidade de vender «uma parte substancial» da Caixa Geral de Depósitos (CGD), mas não o deve fazer «mesmo agora».
«A conjuntura nunca é boa para estas coisas. Apesar disso, creio que se deve manter a hipótese e a intenção de vender uma parte substancial da Caixa, mas se calhar não o fazia mesmo agora», disse. No entanto, o economista defende que os argumentos avançados pelos opositores da privatização da CGD não são válidos.
«O banco do Estado não é instrumento de política económica. Dizem que é preciso dirigir o crédito - isso é extraordinariamente perigoso, o que acontecerá é que a Caixa será levada a emprestar a taxas mais baixas do que devia a este ou aquele sector, e isso levará a mais crédito malparado», afirma Beleza.
«Aqui há uns tempos houve aí uma história com um telefonema veemente do Ministério das Finanças para que a Caixa comprasse bilhetes do Tesouro português a taxas mais baixas», conta o antigo ministro das Finanças de Aníbal Cavaco Silva. «Isso é o tipo de coisa que a CGD deve fazer. É empurrá-la para lá da sua função de banco. Se o Estado quer fazer esse tipo de medidas, que o faça, mas não pela Caixa».
Miguel Beleza diz contudo que as privatizações não devem ser usadas para «ir buscar dinheiro para o Estado» mas sim para tornar as empresas mais eficientes.
O economista opõe-se em particular à venda de empresas do Estado a «outros sectores públicos fora de Portugal», dando o exemplo da China Three Gorges - empresa do Estado chinês que adquiriu uma posição dominante na EDP.

Fonte: Lusa/ SOL
 
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