Bispo do Porto diz que Isabel Jonet fez alerta pela melhor distribuição da riqueza
O bispo do Porto, Manuel Clemente, disse, esta sexta-feira, que entende as palavras de Isabel Jonet, presidente do Banco Alimentar Contra a Fome, sobre o empobrecimento dos portugueses, como alerta para a necessidade de se reequacionar a distribuição da riqueza.
"Só posso entender essas palavras no sentido de um tipo de desenvolvimento ou crescimento como tinham países como o nosso ter de ser reequacionado, em termos de que isto chegue para todos", afirmou o bispo do Porto, que falava à agência Lusa em Gondomar, onde presidiu a uma homenagem a uma dos seus antecessores.
"Possivelmente, aqueles que estavam habituados a mais folga, e a mais gastos, terão que limitar esses gastos, no sentido de reequilíbrio social. Só vejo as suas declarações nesse sentido", insistiu o prelado.
"Vamos ter que empobrecer muito, mas sobretudo vamos ter de reaprender a viver mais pobres", disse a presidente do Banco Alimentar, Isabel Jonet, durante um programa da SIC, na terça-feira, à noite.
Estes comentários suscitaram diversas reações adversas e foi lançada uma petição online para pedir a sua demissão da liderança do Banco Alimentar.
Em defesa da presidente da instituição de solidariedade social, Manuel Clemente afirmou que "se há pessoa em Portugal que tem lutado para resolver os problemas de subsistência da população mais afetada é a Dra. Isabel Jonet".
"Portanto, não podemos pôr em causa a envergadura da senhora e da sua obra", frisou.
O bispo do Porto presidiu hoje em Gondomar a uma homenagem a um dos seus antecessores, João de França Castro e Moura, que exerceu funções entre 1862 e 1868, depois de uma longa missão no Oriente, que incluiu a direção da Diocese de Pequim.
No Porto, o episcopado de João de França Castro e Moura ficou marcado pela reabertura do Seminário Diocesano e pela reivindicação pela liberdade episcopal na nomeação dos párocos, tarefa em que os governos da época se imiscuíam.
"É uma figura de relevo da história de Gondomar, que merece ser lembrada, valorizada e conhecida", sublinhou o presidente da Câmara de Gondomar, Valentim Loureiro.
O bispo do Porto destacou, por seu lado, o papel de João de França para que a Igreja obtivesse autonomia face aos poderes monárquicos da época, que chegavam a nomear os padres titulares das paróquias.
JN