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Cavaco Silva pressiona Merkel
Cavaco Silva vai aproveitar a visita oficial da chanceler, na segunda-feira, para a alertar para o efeito recessivo da austeridade.
O Presidente da República (PR) vai aproveitar o encontro com a chanceler alemã, na segunda-feira, para reafirmar algumas das posições que tem defendido publicamente nos últimos meses. Cavaco Silva prepara-se, ao que o SOL apurou junto de fonte de Belém, para confrontar Angela Merkel com dados muito concretos e práticos, de forma pormenorizada, que sustentam as tomadas de posição que tem tido.
Entre os alertas que o Presidente tem feito, e que poderá agora aproveitar para repetir junto de Merkel, está o do efeito recessivo das medidas de austeridade e o pedido de mais rapidez e maior intervenção das instituições europeias, nomeadamente do Banco Central Europeu (BCE), na compra de dívida soberana. Aliás, quando há umas semanas Cavaco fez este aviso, a chanceler alemã mereceu também uma referência: o PR defendeu que Angela Merkel deveria ser «mais consistente» na defesa da moeda única.
Mas também o eco que Cavaco Silva fez das palavras da directora-geral do FMI – ao sublinhar que, «nas presentes circunstâncias, não é correcto exigir a um país sujeito a um processo de ajustamento orçamental que cumpra a todo o custo um objectivo de défice público fixado em termos nominais» – estará seguramente em cima da mesa no encontro. Até porque, referindo-se a estas declarações de Christine Lagarde, Cavaco então: «Vindo de quem vem, esperemos que chegue aos ouvidos dos políticos europeus dos chamados países credores e de outras organizações internacionais».
Governo espera apoio
O Executivo, por seu lado, espera de Merkel um sinal de apoio ao esforço desenvolvido. No périplo que anda a fazer pelos países em dificuldades, Merkel tem deixado, de resto, alguns agradecimentos. Em território hostil, tem sido pouco crítica e mais contida nos apelos à austeridade. Em Espanha, por exemplo, disse estar «impressionada» com a «intensidade» das reformas e agradeceu o empenho dos espanhóis.
Estas visitas de Merkel inserem-se também numa pré-campanha para as eleições legislativas alemãs de Março – como realçou ao SOL fonte da maioria, acrescentando que a chanceler está interessada em aparecer ao lado dos países mais pobres, perante a opinião pública alemã, como uma espécie de ‘salvadora’. Além disso, está preocupada com os mercados de exportação do seu país.
A chanceler estará presente num encontro empresarial luso-alemão, mas desistiu, entretanto, de visitar a Autoeuropa.
Fonte: SOL