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Trabalhar muito, trabalhar bem e os equívocos de um vídeo

castrolgtx

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Em Portugal trabalhamos, em média, 38,9 horas por semana e na Alemanha trabalha-se apenas 35,7 horas. Os portugueses tiram 22 dias de férias por ano e os alemães tiram 24. Temos agora, em Portugal, nove feriados por ano, contra dez na Alemanha.

Estes dados constam do chamado “vídeo de Marcelo”, feito com o objectivo de ser mostrado em Berlim no dia em que Ângela Merkel passou por Lisboa. Em boa hora alguém travou a exibição de tão indigente obra, que tenta desculpabilizar os nossos erros.

Invocar o elevado número de horas e dias que os portugueses dedicam ao trabalho não mostra como somos bons. Pelo contrário, mostra a nossa principal fragilidade económica: uma miserável produtividade.

O guião do vídeo parte de dois equívocos. Um é o que confunde tempo de trabalho com produção. Outro, mais subtil mas não menos importante, é o que toma como equivalentes os conceitos de tempo de trabalho e de tempo passado no local de trabalho.

Aceitando como boas as estatísticas apresentadas, o que podemos concluir é que os portugueses passam mais tempo no local de trabalho do que os alemães. Mas, porque aqui se trabalha de forma ineficiente, muitas vezes desorganizada e valorizando mais a transpiração do que a inspiração e a quantidade do que a qualidade, o resultado de tantas horas passadas no local de trabalho é muito inferior à da maioria das economias europeias. Trabalhamos mais mas produzimos menos.
Trabalhamos tempo demais para tão fracos resultados.

O problema radica, essencialmente, na organização das empresas e do Estado. Mas também tem origem em questões culturais e sociais. Em Portugal a generalidade das chefias vê com bons olhos - quando não exige mesmo - que o trabalhador faça 10 ou 12 horas de horário de trabalho e que se arraste até tarde na empresa, sem cuidar se isso significa, de facto, mais produção e de maior qualidade.

O bom é o que fica até às 20 horas, ainda que faça pouco e mal feito. O mau, é o que sai às 17 horas mesmo depois de cumpridas as suas tarefas e bem feitas. O primeiro é premiado nas avaliações porque “veste a camisola”. O segundo é penalizado porque “não se entrega suficientemente”.

A motivação e a correcta dedicação são desvalorizadas. A saudável conciliação dos tempos de trabalho com os tempos de família e de lazer torna-se impossível. Esta fraca visão, própria dos tempos da Revolução Industrial, nunca dará bons resultados no século XXI. A nossa batalha não é a da quantidade, onde a China e a Índia são imbatíveis. Tem de ser a da qualidade, da eficiência e da diferenciação.

Enquanto não percebermos isso vamos continuar a ganhar, em média, 1171 euros por mês, enquanto os alemães ganham o dobro. Estes números também aparecem no “vídeo de Marcelo” mas quem os colocou lá não percebeu porque é que os níveis salariais são tão diferentes.




dinheiro vivo (Paulo Ferreira)
 
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castrolgtx

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Ora aqui está uma verdade... e eu que o diga.
Recuperei oito anos de atraso numa secção e fui penalizado na classificação, porque saia às 17H ( hora de saída) e quem ficava depois da hora e passava o tempo a fumar foi beneficiado.
 
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