billshcot
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Vieram 34 de Viseu logo de manhã, ontem, em dia de manifestação à porta da Assembleia da República. E do Porto, de Aveiro, do Alentejo, em mais umas quantas carrinhas que os foram buscar a casa no dia em que estava a ser aprovado o Orçamento do Estado para 2013.
Elas trouxeram as cadeirinhas de praia e os petiscos (“churrasco e bacalhauzinho frito”), eles o vinho e as cornetas. Um dos casais nem se importou de rumar até Lisboa por causa da neta “que se está a licenciar”, porque eles até que estão “bem”, remodelaram a cozinha e tudo. Nas mãos tinham bandeiras de apoio aos agricultores e na memória o número de telemóvel do “chauffeur” para o caso de se perderem.
No chão havia cebolas e pão. No ar agitavam-se chocalhos e cartazes. Antes das dez da manhã parecia um piquenique de idosos mais do que uma concentração que protestava.
Às dez apareceram as primeiras cervejas nas mãos, a mesma hora a que chegou com grande pompa o Movimento Sem Emprego. Pela mesma altura começava a ‘Socialista world.com’ a montar a banca. Vendiam jornais deste e do outro mês, a cinquenta cêntimos. Um dos rostos desta esquerda socialista é uma psicóloga brasileira que chegou “há dois dias para ver como decorrem as greves” do lado de cá do Atlântico. Foram os pins que a organização vendeu no Brasil que lhe pagaram as passagens. Por aqui “têm mais saída os do Che Guevara do que os da Mafaldinha [personagem de BD]”.
O primeiro mascarado dos Anonymous Legion Portugal chegou de barba por fazer e comprou logo dois. Quem vinha com ele comentava: “está tudo muito soft. Na Bélgica até bloquearam auto-estradas. Aqui trazem comida e está tudo bem”.
A CGTP apareceu às onze. Por esta altura já se tinham distribuído maçãs – trazidas por um agricultor do Douro – mas comentava-se: “isto só lá vai é com pedrada, era saber onde eles moram e pôr uma bomba na casa de cada um” comentava uma insuspeita senhora de casaco de pelo e cabelo armado. Junto a ela estava um jovem de grande porte que concordou com a afirmação. No blusão que vestia lia-se ‘anarko skin’ mas quando abriu a mochila empunhou uma corneta vermelha de Carnaval.
Antes já tinha chovido e os guarda-chuvas a três euros da loja do chinês ali perto tiveram grande saída. Menos sucesso teve o senhor que vendia água, a quem poucos ligaram. À chegada, a CGTP assumiu o lugar da frente na manifestação. Quando apelou – várias vezes à não-violência e à união – nem todos bateram palmas.
“Os bófias estão a olhar para nós a marcar-nos, reparaste?”, perguntou um amigo para outro. “Deixa-os olhar, se quiserem mandar-nos daqui à bastonada aquilo dói mas passa logo, que eu também levei da outra vez”.
cm
Elas trouxeram as cadeirinhas de praia e os petiscos (“churrasco e bacalhauzinho frito”), eles o vinho e as cornetas. Um dos casais nem se importou de rumar até Lisboa por causa da neta “que se está a licenciar”, porque eles até que estão “bem”, remodelaram a cozinha e tudo. Nas mãos tinham bandeiras de apoio aos agricultores e na memória o número de telemóvel do “chauffeur” para o caso de se perderem.
No chão havia cebolas e pão. No ar agitavam-se chocalhos e cartazes. Antes das dez da manhã parecia um piquenique de idosos mais do que uma concentração que protestava.
Às dez apareceram as primeiras cervejas nas mãos, a mesma hora a que chegou com grande pompa o Movimento Sem Emprego. Pela mesma altura começava a ‘Socialista world.com’ a montar a banca. Vendiam jornais deste e do outro mês, a cinquenta cêntimos. Um dos rostos desta esquerda socialista é uma psicóloga brasileira que chegou “há dois dias para ver como decorrem as greves” do lado de cá do Atlântico. Foram os pins que a organização vendeu no Brasil que lhe pagaram as passagens. Por aqui “têm mais saída os do Che Guevara do que os da Mafaldinha [personagem de BD]”.
O primeiro mascarado dos Anonymous Legion Portugal chegou de barba por fazer e comprou logo dois. Quem vinha com ele comentava: “está tudo muito soft. Na Bélgica até bloquearam auto-estradas. Aqui trazem comida e está tudo bem”.
A CGTP apareceu às onze. Por esta altura já se tinham distribuído maçãs – trazidas por um agricultor do Douro – mas comentava-se: “isto só lá vai é com pedrada, era saber onde eles moram e pôr uma bomba na casa de cada um” comentava uma insuspeita senhora de casaco de pelo e cabelo armado. Junto a ela estava um jovem de grande porte que concordou com a afirmação. No blusão que vestia lia-se ‘anarko skin’ mas quando abriu a mochila empunhou uma corneta vermelha de Carnaval.
Antes já tinha chovido e os guarda-chuvas a três euros da loja do chinês ali perto tiveram grande saída. Menos sucesso teve o senhor que vendia água, a quem poucos ligaram. À chegada, a CGTP assumiu o lugar da frente na manifestação. Quando apelou – várias vezes à não-violência e à união – nem todos bateram palmas.
“Os bófias estão a olhar para nós a marcar-nos, reparaste?”, perguntou um amigo para outro. “Deixa-os olhar, se quiserem mandar-nos daqui à bastonada aquilo dói mas passa logo, que eu também levei da outra vez”.
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