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Almada : “Ouvi a minha mulher gritar antes de morrer”

billshcot

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Nov 10, 2010
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“Ouvi a minha mulher gritar antes de morrer”

Maria de Jesus Lagoa, de 58 anos, recusou deixar para trás a mãe doente, de 81, quando a família e vizinhos a tentaram retirar, no domingo à noite, pela janela da subcave onde vivia depois de um incêndio deflagrar no prédio de sete pisos (três deles abaixo do solo), no Laranjeiro, em Almada. Mãe e filha tentaram ainda fugir pelo interior do edifício, mas o intenso fumo e altas temperaturas forais fatais. Morreram intoxicadas nas escadas. Dez pessoas ficaram feridas, entre elas oito bombeiros.

O fogo deflagrou pelas 22h00 de domingo, na subcave três, dois andares abaixo da subcave do edifício da rua Padre Américo onde viviam as vítimas mortais, Maria de Jesus, auxiliar de educação, e a mãe, Maria Antónia Machado, que sofria de Alzheimer.

"Estávamos em casa, elas estavam com uma vizinha a fazer doces para o Natal quando começámos a sentir um cheiro forte a queimado. Não havia labaredas. A vizinha, que estava cá com a filha, saiu logo pelas escadas. Como já havia fumo e a minha sogra é doente, pensámos refugiar-nos no quarto que tem a janela virada para o pátio", começa por contar ao Correio da Manhã Inácio Lagoa, de 56 anos, que na fatídica noite de domingo perdeu a mulher e a sogra. A subcave onde vivem tem janela para um pátio interior – e o telhado do quarto onde estavam fica ao nível da rua da entrada principal do prédio .

"Ficámos no quarto e como os bombeiros não entravam pus os braços no ar e puxaram-me. A minha mulher disse que não saía sem a mãe, ouvi-a a gritar por socorro antes de desaparecerem no fumo, antes de morrerem", conta Inácio, sem conter as lágrimas. As causas do trágico fogo estão a ser investigadas pela Polícia Judiciária que periciou o local.

FAMÍLIA CHORA TRAGÉDIA

"Estava a a chegar a casa quando o fogo deflagrou. Consegui, com a ajuda de vizinhos, retirar o meu tio, mas já não conseguimos tirar a minha tia e avó. Ainda as vejo a pedir socorro. Foi horrível", disse ao CM Rúben Zarcos, sobrinho da vítima de 58 anos e neto da idosa que perderam a vida no fogo. Em choque com as mortes, a família mostrou-se revoltada com a a acção dos bombeiros. "Pedi tanto para as salvarem", lamentou Inácio Lagoa. Nas horas seguintes ao incêndio e devido ao sentimento de crítica dos populares, o comandante dos bombeiros frisou que "foram seguidos todos os procedimentos adequados à situação." A alta temperatura dentro do prédio dificultou as operações. O CM tentou falar com o comandante da corporação, Miguel Silva, o que não foi possível.

BOMBEIRO SOFRE QUEIMADURAS DE SEGUNDO GRAU

O alerta para o fogo caiu nos Bombeiros de Cacilhas pouco depois de deflagrar na subcave equivalente a um piso -3, pelas 22h00. Dois andares acima, Maria de Jesus e Maria Antónia, mãe e filha, estavam encurraladas em casa. "O facto de ser numa subcave causou muitas dificuldades de acesso", disse à Lusa o comandante da corporação. No combate às chamas estiveram 45 bombeiros com 13 viaturas. Oito bombeiros ficaram feridos – um deles caiu de uma altura de dez metros. Outro elemento sofreu queimaduras de segundo grau na cabeça e corpo. Está internado e pode necessitar de cirurgia plástica.

CINCO FAMÍLIAS REALOJADAS EM PENSÃO

lAs cinco famílias, incluindo o marido e sobrinho de Maria de Jesus, uma das vítimas mortais, não puderam regressar a casa após o incêndio que só destruiu a subcave três. Foram realojadas temporariamente numa pensão na zona da Charneca de Caparica. De acordo com o comandante dos Bombeiros de Cacilhas, Miguel Silva, e o coordenador da Protecção Civil de Almada, António Godinho, em declarações à Lusa, o prédio não terá danos estruturais, mas não estava habitável – a electricidade e gás ficaram cortados e os contadores derreteram com o calor das chamas e fumo.

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