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Baptista da Silva: Até na prisão cometeu um crime
Mesmo quando esteve preso por burla, em 1996, Artur Baptista da Silva infringiu a lei. O SOL revela os truques do burlão.
Artur Baptista da Silva, o homem que ludibriou jornais e televisões nas últimas semanas, marcando a agenda do final de 2012, passou a vida a desafiar a justiça. A tal ponto que até numa das suas inúmeras estadas nas prisões portuguesas conseguiu cometer um crime, apurou o SOL. Aconteceu no Estabelecimento Prisional de Lisboa (EPL), em 1996, quando cumpria pena por burla, pela emissão de um cheque sem cobertura.A Direcção Geral de Reinserção e Serviços Prisionais escusou-se no entanto a esclarecer de que crime se trata ou quais as sanções aplicadas ao então recluso que permaneceu no EPL até 1998, devido ao facto de que «a situação de reclusão deve ser reservada, nos termos da lei, perante terceiros».
Quando saiu em liberdade, Baptista da Silva continuou a cometer crimes e a entrar e sair da pisão até Novembro de 2011. Ao todo, foi alvo de 18 processos-crime.
Em Fevereiro do ano passado, iniciava a sua estratégia de charme com a Academia do Bacalhau – a primeira instituição onde deu uma conferência sobre o euro, alegando ser professor de Economia Social da Universidade Técnica de Lisboa e professor em Winsconsin (uma universidade que já não existe).
Demissão da Academia
Tal como fez no Sporting, Baptista da Silva também já pediu a demissão naquela Academia, a 28 de Dezembro: «No sentido de tentar evitar quaisquer inconvenientes institucionais para a Academia de Bacalhau de Lisboa, resultantes dos ataques mediáticos de que estou a ser alvo», justificou no e-mail que enviou ao presidente, Mário Nunes.
Ao longo de vários meses, montou uma estratégia para ganhar a confiança dos responsáveis do organismo e poder dar conferências. O primeiro e-mail do alegado consultor da ONU, a que o SOL teve acesso, data de 29 de Fevereiro, é dirigido a Mário Nunes, e dá desde logo informações falsas: «Um grande amigo, indicou-me o endereço de V. para lhe dar a conhecer o meu interesse em poder vir a ser aceite como membro da Academia do Bacalhau de Lisboa. Sou professor universitário da U.T.L. de Economia Social e senior fellow da Milton Wisconsin University».
Aos poucos, nos vários e-mails – com cumprimentos em datas festivas e confirmações e justificações de ausência em jantares – Artur Baptista da Silva ia mostrando que tinha compromissos profissionais nos EUA, onde seria conceituado. «Por motivo de ausência, nos ‘States’, por imperativos profissionais, não me vai ser possível estar no almoço de 4 de Junho», disse numa resposta enviada ao presidente da Academia em Abril Baptista da Silva. E num e-mail em Maio, o burlão garante dar conferências e ter sido premiado: «Terei o maior prazer em oferecer um exemplar do meu trabalho que acaba de ser premiado com o Feelings Award da Unesco e que recebi ontem, aqui, em Nova York». Um mês depois, num outro e-mail, refere pela primeira vez a mulher: «Levarei, como convidada, a minha mulher, Carmen Baptista da Silva, bióloga oceanográfica e investigadora».
Em Setembro decide ir directo ao assunto e escreve a Mário Nunes a oferecer-se para dar uma palestra: «Como no dia 14 serei orador na Conferência do Banco Mundial, em Nova York. Disponibilizo-me para quando e se V. entender útil e oportuno para dissertar para os compadres da ABL sob o tema adaptado a um auditório nacional».
Fonte: SOL