billshcot
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A intervenção militar francesa no Mali impôs-se porque as forças africanas não estiveram à altura, afirmou à o especialista francês em geopolítica Pierre Verluise, realçando que Paris preferiria estar "em segundo plano".
"As forças militares africanas, a quem foi pedido para intervirem, não estiveram à altura. Foi isso que levou a que o Presidente [francês] François Hollande decidisse intervir em último recurso. Preferíamos estar em segundo plano", disse Pierre Verluise.
Contactado a partir de Lisboa, o diretor do Diploweb.com, portal francês especializado em geopolítica, vincou que a intervenção de Paris no Mali foi uma situação que se impôs e que essa decisão foi tomada quando todas as outras hipóteses já tinham sido esgotadas.
Declarando-se "em guerra contra o terrorismo" no Mali, a França bloqueou na sexta-feira o avanço dos grupos armados islamitas, que controlam o norte do Mali há nove meses, em direção ao centro do país, e bombardeou pela primeira vez no domingo as posições islamitas no norte, em Gao e Kidal, coração dos territórios rebeldes.
Verluise, professor de geopolítica e relações internacionais na Universidade Sorbonne, em Paris, reconhece que a intervenção militar deixa a França "numa posição difícil".
"A França viu-se obrigada a intervir em África, apesar de o Governo de Hollande preferir uma lógica de retração, sobretudo no que diz respeito à África francófona", afirmou à Lusa.
O diretor do Diploweb.com lembrou que a França, tal como outros países europeus e ocidentais, tenta limitar as suas intervenções ao máximo possível.
"Se Hollande tomou essa decisão foi para evitar que se desenvolvesse uma ameaça islamita no norte do Mali. Foi uma reação à uma situação de urgência que se impôs, mas acredito que essa decisão não lhe tenha agradado", apontou.
Verluise lembrou também que a intervenção francesa no Mali é "indiretamente uma consequência da intervenção na Líbia". Isto porque, precisou, se trata de "soldados e de meios militares que saíram da Líbia e que agora servem os interesses dos grupos islamitas".
Este especialista reconheceu, por outro lado, que o "passado colonial" de França "pesa significativamente nas implicações e no olhar que os parceiros, sobretudo os africanos, têm sobre esta intervenção".
"É uma dificuldade, claro", afirmou, sublinhando que essa também foi uma razão pela qual Paris "teve o cuidado de reunir uma série de garantias e de apoios".
Pierre Verluise lembrou ainda que, a nível interno, e apesar de "alguma oposição", os franceses e, sobretudo a classe política do país, se têm mostrado "favoráveis" à intervenção.
De acordo com Verluise, a ação militar agora iniciada é um "processo que vai durar meses" e cujo "resultado ainda é difícil de prever".
"É também difícil prever como é que a opinião pública evoluirá. Depende, em particular, da situação no terreno e se há atentados em países europeus" como resposta dos fundamentalistas, disse.
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"As forças militares africanas, a quem foi pedido para intervirem, não estiveram à altura. Foi isso que levou a que o Presidente [francês] François Hollande decidisse intervir em último recurso. Preferíamos estar em segundo plano", disse Pierre Verluise.
Contactado a partir de Lisboa, o diretor do Diploweb.com, portal francês especializado em geopolítica, vincou que a intervenção de Paris no Mali foi uma situação que se impôs e que essa decisão foi tomada quando todas as outras hipóteses já tinham sido esgotadas.
Declarando-se "em guerra contra o terrorismo" no Mali, a França bloqueou na sexta-feira o avanço dos grupos armados islamitas, que controlam o norte do Mali há nove meses, em direção ao centro do país, e bombardeou pela primeira vez no domingo as posições islamitas no norte, em Gao e Kidal, coração dos territórios rebeldes.
Verluise, professor de geopolítica e relações internacionais na Universidade Sorbonne, em Paris, reconhece que a intervenção militar deixa a França "numa posição difícil".
"A França viu-se obrigada a intervir em África, apesar de o Governo de Hollande preferir uma lógica de retração, sobretudo no que diz respeito à África francófona", afirmou à Lusa.
O diretor do Diploweb.com lembrou que a França, tal como outros países europeus e ocidentais, tenta limitar as suas intervenções ao máximo possível.
"Se Hollande tomou essa decisão foi para evitar que se desenvolvesse uma ameaça islamita no norte do Mali. Foi uma reação à uma situação de urgência que se impôs, mas acredito que essa decisão não lhe tenha agradado", apontou.
Verluise lembrou também que a intervenção francesa no Mali é "indiretamente uma consequência da intervenção na Líbia". Isto porque, precisou, se trata de "soldados e de meios militares que saíram da Líbia e que agora servem os interesses dos grupos islamitas".
Este especialista reconheceu, por outro lado, que o "passado colonial" de França "pesa significativamente nas implicações e no olhar que os parceiros, sobretudo os africanos, têm sobre esta intervenção".
"É uma dificuldade, claro", afirmou, sublinhando que essa também foi uma razão pela qual Paris "teve o cuidado de reunir uma série de garantias e de apoios".
Pierre Verluise lembrou ainda que, a nível interno, e apesar de "alguma oposição", os franceses e, sobretudo a classe política do país, se têm mostrado "favoráveis" à intervenção.
De acordo com Verluise, a ação militar agora iniciada é um "processo que vai durar meses" e cujo "resultado ainda é difícil de prever".
"É também difícil prever como é que a opinião pública evoluirá. Depende, em particular, da situação no terreno e se há atentados em países europeus" como resposta dos fundamentalistas, disse.
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