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Ucranianos julgados por cativeiro do filho

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Ucranianos julgados por cativeiro do filho

Magistrados e comunidade ucraniana falam de «caso inédito»: casal de imigrantes impediu o filho de sair à rua e frequentar a escola durante seis anos.
Um casal de imigrantes ucranianos arrisca ser condenado a pelo menos dez anos de prisão, por ter mantido o filho fechado em casa durante seis anos. O jovem, agora com 18 anos, sofreu danos psicológicos irreversíveis. O caso aconteceu em pleno centro de Lisboa e foi descoberto a 18 de Maio de 2010. Nessa madrugada, E. atirou-se da janela de casa, depois de ter arremessado uma garrafa com álcool e acetona contra o pai. «Tratou-se de uma vivência de desespero sentida como única saída para a situação-limite em que se encontrava» – lê-se no despacho de acusação do Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa.
O pai, pedreiro de 41 anos, e a mãe, de 40, foram acusados dos crimes de violência doméstica e sequestro agravados por terem enclausurado o menor desde o dia em que o trouxeram para Portugal, quando tinha dez anos.

Aprendeu sozinho a ler e a escrever


«Não inscreveram o filho em estabelecimento de ensino, obrigando-o a permanecer em casa, não permitindo que falasse com outras pessoas, situação que o menor acatou por temer que lhe batessem» – escreve a magistrada Gabriela Fialho, titular do inquérito. «Este clima empobreceu o seu funcionamento mental e promoveu uma distorção do desenvolvimento», resultando numa «perturbação psicótica». Isso mesmo ficou provado na perícia médica ao jovem, que é seguido no serviço de psiquiatria do Hospital de Santa Maria: «Necessita de medicação diária e acompanhamento para toda a vida».
A investigação reconstituiu uma história de contornos dramáticos. «Os arguidos embriagavam-se praticamente todos os dias» e, na falta de vinho ou cerveja, «ingeriam álcool etílico». Na cama, onde o filho também dormia, «muitas vezes discutiam, empurrando-se mutuamente». O menor só tinha um refúgio: «Aprendeu a ler e a escrever sozinho, com o auxílio de livros e da televisão».
Oriundo da zona montanhosa dos Cárpatos, na Ucrânia, o casal veio para Portugal em 2002 e terá tentado manter o isolamento. Nos primeiros tempos, sobreviveram num quarto minúsculo em Campo de Ourique e mais tarde alugaram um apartamento na mesma zona. A mãe não trabalhava e o pai nunca conseguiu contrato de trabalho. Apesar de desconfiados, os vizinhos nunca denunciaram o caso às autoridades.
No dia em que se lançou da janela, em 2010, E. foi resgatado por um agente da PSP, que o encontrou atordoado, desnutrido e com ferimentos graves: sofreu um traumatismo na coluna lombar, num braço e pé. Não tinha um único documento de identificação e os pais só apresentaram o passaporte. Foi institucionalizado na Casa do Lago, internato para crianças e jovens do sexo masculino, em Benfica.
Ao SOL, o procurador da República Celso Manata, coordenador do Tribunal de Família e Menores de Lisboa, garante que este caso é «perfeitamente anormal»: «Em 11 anos, não tenho memória de uma situação como esta. Ultrapassa todos os limites».
Paulo Sadokha, presidente da Associação dos Ucranianos em Portugal, também reage com surpresa: «Este caso não é nada comum na nossa comunidade, que dá prioridade à educação dos filhos. As famílias com dificuldades procuram ajuda e temos as nossas igrejas e centros culturais, onde as famílias levam os filhos ao fim-de-semana para aprenderem a língua e a história da Pátria».

Fonte: SOL
 
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