• Olá Visitante, se gosta do forum e pretende contribuir com um donativo para auxiliar nos encargos financeiros inerentes ao alojamento desta plataforma, pode encontrar mais informações sobre os várias formas disponíveis para o fazer no seguinte tópico: leia mais... O seu contributo é importante! Obrigado.

Dívida pública detida pelos bancos atingiu máximo histórico em Novembro

florindo

Administrator
Team GForum
Entrou
Out 11, 2006
Mensagens
38,987
Gostos Recebidos
347
ng1320341_435x190.jpg


Dívida pública detida pelos bancos atingiu máximo histórico em Novembro

A dívida pública portuguesa detida pela banca atingiu máximos históricos em novembro de 2012, um recorde que os analistas atribuem ao financiamento barato do BCE, que os bancos aproveitam para aplicarem em dívida com elevada rentabilidade.
Os bancos a operar em território nacional tinham, em Novembro do ano passado, 32.499 milhões de euros de títulos soberanos de Portugal. Este é o valor mais alto desde 1997, primeiro ano de que há registos do Banco de Portugal, e ultrapassa em 39% o valor de em Abril de 2011, quando os presidentes dos maiores bancos privados portugueses sugeriram que Portugal devia pedir ajuda externa e alertaram que o sector não podia continuar a financiar o Estado através da compra de títulos de dívida.
Após esse mês, a dívida soberana nas mãos dos bancos ainda subiria ligeiramente, mas na segunda metade do ano iria descer e chegaria aos 22.847 milhões de euros no final de Dezembro de 2011. Desde então, a tendência é de subida.
Segundo um analista contactado pela Lusa, que preferiu não ser identificado, o aumento da dívida nas carteiras dos bancos é o resultado de dois factores. Por um lado, da percepção de que a dívida portuguesa estava subvalorizada no mercado e, por outro, da capacidade financeira dada pelas operações de financiamento a três anos do Banco Central Europeu (BCE), que permitiram aos bancos ter capital para investirem em títulos soberanos e realizarem mais-valias.
Nas duas operações de financiamento do BCE (em Dezembro e Março, à taxa de 1%) os bancos portugueses ficaram, no total, com 40 mil milhões de euros do bilião de euros concedido à banca da zona euro.
“Os bancos acharam que para maturidades na casa de três, quatro ou cinco anos [comprar dívida pública portuguesa] poderia ser um negócio interessante e revelou-se de facto, com valorizações de 30 ou 40%”, afirmou o mesmo analista.
Em Setembro, segundo os últimos dados dos principais bancos privados, 16% dos ativos do BPI eram títulos de dívida soberana, os quais ascendiam a 7.462 milhões de euros. Destes, mais de 80% era dívida de Portugal (6.073 milhões de euros).
No BCP e no BES a dívida soberana era de cerca de 5% dos activos em balanço. No entanto, em termos do total de títulos soberanos, os números são ainda mais significativos: 95% do total no banco liderado por Nuno Amado (4.788 milhões de euros) e 98% no banco presidido por Ricardo Salgado (4.204 milhões de euros).
Já a Caixa Geral de Depósitos (CGD), segundo a imprensa, tinha no final do primeiro semestre do ano passado 8,1 mil milhões de euros em dívida soberana de Portugal, isto em termos consolidados.
Francisco Almeida, gestor de activos da corretora Orey Financial, considera que, além das remunerações elevadas, os títulos de dívida portuguesa são atractivos para os bancos porque têm a vantagem de “servirem como colateral para entregar ao BCE por empréstimos”.
Mas não é só o financiamento do BCE que os bancos estão a utilizar para comprar dívida portuguesa.
Paulo Soares Pinho, professor da Universidade Nova de Lisboa, refere também que parte importante do capital público que o Estado português tem injectado nos bancos é canalizada para dívida pública. Isto porque, explicou, o facto de os instrumentos de capital convertíveis em acções (as chamadas ‘CoCo bonds’) serem “onerosos” (com taxas a partir de 8,5%) leva os bancos a utilizarem “esses montantes para comprar dívida pública de longo prazo, cujas ‘yields’ [rendimentos] elevadas permitem compensar o custo dos CoCos”.
Depois dos 4.500 milhões de euros injectados no BCP e no BPI em 2012 para os recapitalizar, até final deste mês o Estado vai pôr 1.100 milhões de euros no Banif, onde ficará como accionista. O Estado investiu ainda 1.650 milhões de euros na CGD, neste caso enquanto seu único accionista.
Os analistas encontram neste processo quase que um círculo vicioso que está, pelo menos de momento, a financiar tanto os bancos como o Estado.
“Os bancos estão a ir buscar fundos ao Estado em parte por força de terem exposição a divida soberana e com esse capital vão comprar mais dívida soberana. É um ciclo estranho, resolver apagar o fogo com mais lenha”, afirmou o analista que prefere não ser identificado.
Já segundo Soares Pinho, o “Estado encontra, via banca, uma fonte de financiamento estável”, ao mesmo tempo que assiste a uma queda das taxas de juros da dívida pública através dessas compras. Já os bancos têm melhorado “bastante” a sua liquidez, o que lhes permite baixar as taxas de juro agressivas que chegaram a oferecer pelos depósitos a prazo, enquanto o BCE se mantém como uma fonte fundamental de financiamento.

Fonte: Lusa/SOL
 
Topo