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IPO de Lisboa estuda dor oncológica para melhor triagem

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O Instituto Português de Oncologia de Lisboa está a trabalhar na definição de um índice da dor nos doentes com cancro, que permita, numa primeira consulta, fazer uma melhor triagem dos pacientes e tratar de imediato os prioritários.

O trabalho, coordenado pelo médico Paulo Reis Pina, da Clínica da Dor do Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa, parte do estudo da intensidade da dor autoavaliada pelo doente adulto.

"Os doentes não mentem, têm razão em dizer que têm dor. Os que têm mais dor, vão ter mais problemas ao longo do tempo", sustentou Reis Pina à agência Lusa, frisando que "ainda há doentes a morrer com sofrimento", que são tardiamente encaminhados para uma consulta da dor.

De acordo com o médico, os doentes que participaram no estudo chegavam à primeira consulta na clínica "com dores insuportáveis" e sem fazerem qualquer opioide - classe de medicamentos que produzem ações de insensibilidade à dor.

Alguns deles já estavam com essas dores há vários meses e, até, anos, acentuou.

"O tempo de existência da dor variava das 0,25 semanas aos quatro anos", declarou Paulo Reis Pina, advogando que "os doentes têm que ser referenciados precocemente", sendo que, para tal, os médicos "têm que acreditar na dor que os doentes dizem que têm".

O estudo, cujos dados ainda não estão totalmente escrutinados, abrangeu 264 doentes com mais de 18 anos, com cancro ativo e dor oncológica, que foram recrutados entre 2009 e 2010 e seguidos durante 70 dias, através de três consultas e oito telefonemas semanais.

Oitenta dos pacientes morreram, entretanto.

A avaliação da dor - inicial - por parte dos doentes foi medida numa escala de 0 (sem dor) a 10 valores (a pior dor que se pode imaginar que existe no mundo).

A maioria dos pacientes tinha uma dor média superior a sete valores.

Para Paulo Reis Pina, é uma "dor moderada a intensa", que, num doente com cancro, "só se trata com opioides", que "não são prescritos" pelos médicos com a frequência "com que deveriam" ser, porque não acreditam na intensidade da dor descrita pelos doentes.

"Eu posso tirar a dor a um doente enquanto está a aguardar pelo efeito de uma quimioterapia", apontou.

Os resultados preliminares do estudo revelaram que os doentes com mais dor necessitaram de mais tempo para controlá-la, tomaram mais medicação e em maiores doses, desenvolveram mais efeitos adversos, foram mais à urgência e telefonaram mais vezes.

A investigação concluiu que a intensidade da dor está relacionada com o tempo que os médicos demoram a controlá-la, bem como com as doses inicial e final de opioides dadas ao doente.

"Demorámos, em média, 19,3 dias para controlar a dor de um doente", assinalou Reis Pina, destacando o tramadol, a morfina e a buprenorfina como os melhores opioides para provocar esse efeito.

O coordenador do estudo salientou, porém, que em 12% dos casos - os mais graves, o de doentes com dores insuportáveis e referenciados mais tardiamente - não foi possível controlar a dor.

O estudo, recentemente premiado com 2500 euros pela Associação para o Desenvolvimento da Terapia da Dor, pretende cruzar toda a informação recolhida para perceber, por exemplo, se a intensidade da dor oncológica varia concomitantemente com o sexo do doente, o tipo de tumor, estados depressivos e cognitivos e outras doenças.

Fonte: Jornal de Notícias
 
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