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"Tempestade de janeiro custou 15 milhões à EDP"

billshcot

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Nov 10, 2010
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Ventos superiores a 200 km/h afetaram mais de um milhão de pessoas. António Mexia explica porque é que milhares de clientes ficaram às escuras durante mais de seis dias e como os vai compensar.

Correio da Manhã – O que é que tem a dizer aos milhares de clientes da EDP que ficaram sem luz durante mais de seis dias?

António Mexia – Tenho duas coisas para dizer às pessoas: a primeira é que, de 2000 até 2012, a EDP investiu 4,3 mil milhões de euros, mais de 300 milhões de euros por ano, na rede. Em segundo lugar, na tempestade de janeiro tivemos ventos, medidos em torres eólicas na área de Castelo Branco, na ordem dos 218 km/h. Foi um fenómeno meteorológico extraordinário. Foram afetados mais de um milhão de clientes e 11 000 quilómetros de linhas. Houve um troço em Pombal, de 96 km, que teve de ser todo reconstruído, tivemos de reconstruir 1122 km de linhas. Não olhámos a meios, estiveram no terreno 2439 pessoas da EDP.

– Os prejuízos estão apurados?

– Numa estimativa preliminar, tudo custou cerca de 15 milhões de euros. Fizemos tudo o que era humana e tecnicamente possível para repor a energia o mais rapidamente que pudemos.

– Os responsáveis da EDP disseram que iam analisar, caso a caso, os prejuízos dos clientes...

– Qual é o problema que pode surgir e em que temos de compensar as pessoas? É que, quando regressa a energia, pode haver sobrecarga em virtude de estarem vários dias sem tensão elétrica. Nos casos de falta de energia, o problema não se coloca...

– Se bem percebi, o que está a dizer é que os prejuízos resultantes da tempestade a EDP não paga. Só compensará os que resultaram de sobrecargas...

– É como a ausência de estradas ou telecomunicações, a culpa do vento é de quem? São as chamadas "condições de força maior". Nalguns casos, que são absolutamente marginais, pode haver sobrecargas de energia, e nesses casos a nossa responsabilidade é inteiramente assumida. Até ao momento, foram-me manifestados dois casos deste tipo.

– Tiraram alguma lição?

– Aquando da tempestade no Oeste [dezembro de 2009], tirámos alguns ensinamentos, como a disponibilização mais rápida de geradores. Desta vez, temos de ter em conta os roubos. O que é triste no meio disto tudo foram os roubos de cobre e de gasolina nos geradores.

– Durante a reparação?

– Nós andámos a pôr geradores para fornecer energia às populações enquanto as linhas eram reconstruídas. Deixávamos os geradores na floresta e houve quem roubasse a gasolina, o que nos obrigava a ir de novo ao local. Foram muitos roubos de gasolina e muitos roubos de cobre. n

"ENTERRAR AS LINHAS SIGNIFICAVA AUMENTAR O PREÇO DA ENERGIA"

CM – Não houve falta de coordenação entre a EDP e as autarquias na limpeza da floresta para impedir situações de árvores a cortarem as linhas?

A.M. – Nos últimos dois anos, investimos cerca de 15 milhões a limpar a floresta, mas com ventos de 200 km/h as árvores foram projetadas. Não era por mais dois ou três metros de faixas de segurança que fazia a diferença.

– Mas não era muito mais seguro enterrar os cabos nas zonas mais sensíveis?

– Temos mais ou menos 20% das linhas enterradas (em especial em Lisboa e no Porto, por questões estéticas). Se quiséssemos enterrar o resto das linhas, isso iria custar, no mínimo, 16 mil milhões. Ainda por cima, sem utilidade nenhuma, uma vez que esse investimento tinha de ir para o preço da eletricidade. E o preço da eletricidade, que em Portugal hoje está abaixo da média europeia, seria onerado.

– O secretário de Estado da Energia ameaçou multar a EDP se fosse provado que a elétrica demorou tempo demais a repor o serviço após a tempestade?

– Tomei a iniciativa de enviar ao Governo toda a informação do que considero ser um caso exemplar e que mostra duas coisas: muito investimento e uma intervenção sem olhar a meios. Estou absolutamente descansado sobre a atuação da EDP. Gosto desse tipo de atuação. É preciso que as pessoas saibam o que foi feito. Estou descansado, pois não temos dúvidas nenhumas de que cumprimos as nossas obrigações.

PERFIL

António luís teixeira Guerra nunes mexia Nasceu a 12 de julho de 1957 e licenciou-se em Economia pela Universidade de Genebra, Suíça. Foi vogal do conselho de administração do Banco Espírito Santo, presidente da comissão executiva da Galp e ministro das Obras Públicas no governo de Santana Lopes. É, desde 2005, presidente da comissão executiva da EDP.

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