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Óscares dão 320 milhões a nomeados (COM VÍDEO E FOTOS)

billshcot

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Nov 10, 2010
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Já há 16 anos que não se via tal coisa: desde que foram anunciados os nomeados para a 85ª edição dos Óscares, que voltam esta noite a encher o Dolby Theatre de Los Angeles de estrelas, os principais filmes concorrentes ganharam 320 milhões de euros nas bilheteiras. A explicação pode estar na variedade da oferta e no facto de não haver uma só obra favorita – muitos defendem que os prémios serão repartidos e que a gala será a mais imprevisível dos últimos 20 anos.

Na linha da frente está ‘Lincoln', de Steven Spielberg, que é o filme com mais indicações. Concorre para 12 prémios, um a mais do que a fantasia ‘A Vida de Pi', de Ang Lee. Espera-se também que o musical ‘Os Miseráveis' leve algum Óscar para casa - o de Anne Hathaway como atriz secundária é quase certo -, assim como o western sangrento ‘Django Libertado', de Quentin Tarantino. As vozes críticas dizem que o cineasta de ‘Pulp Fiction' merecia estar na corrida para o Óscar de realizador, mas a Academia também gosta de surpresas. Neste âmbito, o também ator Ben Affleck pode ver o seu ‘Argo' sair do Dolby Theatre com o prémio principal, mesmo que tenha também sido excluído da categoria que premeia a direção.

Para esta edição, procura-se de novo inverter o ciclo de queda de audiências dos últimos anos. Por isso, há novidades, sendo a maior de todas (e a mais arriscada...) a de escolha do argumentista Seth MacFarlane, criador de ‘Ted' e da série corrosiva ‘Family Guy', para apresentador. Habituado a piadas escatológicas, o estreante nestas funções pode embaraçar. Por exemplo, no anúncio das nomeações, chegou a brincar com... Hitler.

As respostas são conhecidas, em Portugal, na TVI, a partir da 01h00. E o site do CM também vai seguir a gala ao minuto.

MUITAS ESTRELAS E UM PELUCHE

O elenco de participações é de luxo. Além das estrelas do filme de super-heróis ‘Os Vingadores', haverá música de Norah Jones, Barbra Streisand, Shirley Bassey e Adele. O urso de peluche ‘Ted' também vai mostrar o seu humor para adultos e subir ao palco.

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billshcot

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Como se leva o Óscar para casa

Em noite de entrega de prémios da Academia de Hollywood, revelam-se algumas receitas para conquistar estatuetas

Se acontecer aquilo que Hollywood espera, dentro de algumas horas Daniel Day-Lewis irá receber o terceiro Óscar de Melhor Ator da carreira, num momento alto da entrega de prémios que todos os anos atrai milhões de telespectadores em todos os fusos horários, incluindo alguns portugueses que começarão a semana ensonados por terem acompanhado a cerimónia que começa a ser transmitida pela TVI à 01h00 de segunda-feira.

Segundo as casas de apostas, Day-Lewis tem 98 por cento de hipóteses de entrar para a história dos Óscares com a inédita terceira estatueta dourada de Melhor Ator - está empatado com oito gigantes, dos quais Frederic March, Gary Cooper, Marlon Brando e Spencer Tracy nada mais podem ganhar, ao contrário de Dustin Hoffman, Jack Nicholson, Sean Penn e Tom Hanks -, mas também porque, a confirmar-se a unanimidade em torno da interpretação de ‘Lincoln', será o primeiro a merecer tal prémio num papel de presidente dos EUA.

É quase inacreditável que ao longo de 84 edições ninguém tenha recebido o Óscar por fazer do homem mais poderoso do país que viu nascer a indústria cinematográfica mais poderosa do Mundo - Anthony Hopkins foi nomeado como Richard Nixon e John Quincy Adams, saindo de mãos a abanar nas duas ocasiões.

Pelo contrário, na última década houve prémios para Colin Firth, Helen Mirren e Meryl Streep por interpretarem o rei Jorge VI, a (sua filha) rainha Isabel II e a primeira-ministra Margaret Thatcher, figuras da história recente (ou contemporânea) do Reino Unido.

TENDÊNCIAS DEFINIDAS

Pode haver uma receita para levar o Óscar para casa se ninguém o recebeu por interpretar um inquilino da Casa Branca enquanto Spencer Tracy o obteve enquanto Manuel, um pescador açoriano, no filme ‘Lobos do Mar', em 1938?

Até certo ponto, a resposta é afirmativa: basta olhar para o historial das cerimónias anteriores para descobrir tendências, embora nem sempre as que pareceriam evidentes. É verdade que a esmagadora maioria dos Óscares de Melhor Filme são atribuídos a dramas criados por estúdios de Hollywood, ainda que só em metade dos casos a trama decorra nos EUA. O personagem principal é baseado menos vezes numa pessoa real do que seria de esperar (um em cada cinco), mas quase todos os vencedores do mais importante prémio têm um protagonista masculino - quer esteja sozinho, com uma mulher ou até em conjunto com outro homem, seja este o irmão autista, o pai mafioso, um companheiro de aventuras ou um rival.

MUNDO DE HOMENS

O predomínio masculino nos Óscares mostra que a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood é machista?

Eduardo Cintra Torres acredita que não de forma deliberada. "Pode haver uma escolha inconsciente por filmes marcados por estereótipos masculinos, por ‘homens fortes' que mudam o mundo que os rodeia para o bem ou para o mal, enquanto os estereótipos femininos em mulheres protagonistas têm normalmente de se inscrever na consciência como referindo-se a mulheres que têm de enfrentar um mundo de homens", diz o professor universitário e colunista do CM, concluindo que "o filme ‘masculino' aparece como ‘natural' e o ‘feminino' como marcado ideologicamente".

Já Mário Dorminsky, fundador do Fantasporto, ressalva que "a mulher tem, desde sempre, um papel fundamental no cinema, sendo em torno dela que o ‘star system' se mantém ainda hoje em dia", muito embora seja preciso recuar a 2004 para encontrar um Óscar de Melhor Filme destinado a uma obra em que a principal personagem feminina é co-protagonista (a pugilista Maggie Fitzgerald, interpretada por Hilary Swank em ‘Milion Dollar Baby - Sonhos Vencidos').

Para Manuel S. Fonseca, ex-diretor de Programas da SIC, após longos anos na Cinemateca Portuguesa, e produtor de ‘Amália - O Filme', a explicação reside nos eleitores, pois a maioria dos membros da Academia são homens a caminho da velhice: "O interesse deles em mulheres está provavelmente a começar a declinar e o interesse no seu género, na pedra nos rins, na próstata, nas doses certas de Viagra e Cialis, atingem as raias da obsessão. É uma explicação mais justa do que o ideológico machismo."

Uma tese confirmada por um estudo que o jornal ‘Los Angeles Times' divulgou no ano passado. Concluiu-se, após receber resposta de cinco mil membros da Academia que votam nesta e nas restantes categorias, que 77 por cento eram homens, 94 por cento eram brancos e apenas 14 por cento ainda não tinham chegado aos 50 anos.

HÁ GÉNEROS E GÉNEROS

Nas primeiras décadas dos Óscares havia quase sempre uma ou mais comédias entre os nomeados a Melhor Filme. ‘Uma Noite Aconteceu' e ‘Não o Levarás Contigo', realizados por Frank Capra, estiveram entre os dez primeiros vencedores, mas nas cerimónias recentes só há lugar para uma ou outra comédia dramática entre alguns thrillers e muitos dramas.

"É o género mais intemporal e o mais universal. Uma estória dramática da Grécia Antiga ainda hoje mantém o seu poder de atração. Outros géneros, como a comédia, são contingentes ao seu próprio tempo", afirma Cintra Torres, enquanto Manuel S. Fonseca recua às origens de Hollywood, quando "o negócio do cinema ainda andava à procura de legitimação artística" e o "drama aproximava-o do teatro e da dignidade".

O elevado peso dos filmes dramáticos entre os vencedores parece estranho para Dorminsky, pois estatísticas divulgadas pela publicação ‘Hollywood Reporter' indicam que 90 por cento das produções em língua inglesa são thrillers, comédias e obras de cinema fantástico.

Ainda assim, o Óscar de Melhor Filme neste género foi para ‘O Senhor dos Anéis - O Regresso do Rei', em 2003, o que não espanta o responsável pelo Fantasporto. "A macro-ação de marketing que os Óscares são é uma forma de garantir receitas para filmes que passariam quase despercebidos ao público."

Quanto aos papéis que garantiram Óscares de Melhor Ator e de Melhor Atriz, nem sempre o que parece é. "Sempre pensei que meio caminho andado fosse ser autista, aleijadinho e ter outras deficiências que autorizassem a ter o nariz na nuca e rebolar os olhos. Mas, se calhar, estou enganado", diz, de forma cáustica, Manuel S. Fonseca.De facto, as deficiências físicas - a paralisia cerebral em ‘O Meu Pé Esquerdo' (1989) valeu uma primeira estatueta a Daniel Day-Lewis -, problemas mentais - como o atraso de Tom Hanks em ‘Forrest Gump' (1994) - marcam presença, mas são minoritárias.

Entre os vencedores do Óscar de Melhor Ator abundam figuras de autoridade, como líderes políticos, militares e polícias. "Basta que imitem bem os tiques, o sotaque e os gestos da personagem histórica que interpretam", defende Cintra Torres, ainda que só 19 personagens premiadas sejam baseadas em pessoas reais.

HERDEIRAS E DOMÉSTICAS

Bastante diferente é o típico papel que ajuda a garantir o Óscar de Melhor Atriz. Além de uma elevada percentagem de herdeiras e domésticas, devido à realidade social nas primeiras décadas destes prémios, vêm logo a seguir as artistas e as prostitutas.

Mário Dorminsky recorda que "os temas tabu são sempre os mais apetecíveis".Eduardo Cintra Torres salienta que "permitem às atrizes as interpretações hiperbólicas de que Hollywood gosta", e Manuel S. Fonseca dá o seu aval a esta tendência. "Não estranho e coincido com Hollywood nesse fascínio. O fascínio de Hollywood por estas figuras terá as suas razões. As minhas, nem às paredes as confesso", remata.

AFFLECK SÓ PODE AMBICIONAR O PRÉMIO PRINCIPAL

Ben Affleck chega à 85.ª entrega dos Óscares como o ‘derrotado na secretaria', pois foi-lhe negada a nomeação para Melhor Realizador (acabaria por vencer o Globo de Ouro e o prémio do sindicato) e Melhor Ator. Resta-lhe, como ‘prémio de compensação', subir ao palco do Dolby Theatre no final da cerimónia, enquanto produtor, se o seu ‘Argo' confirmar o favoritismo para Melhor Filme.

DUAS DÉCADAS SEM APARECER UM ‘BIG FIVE'

O ‘Big Five' sucede quando se vence nas cinco categorias principais (Filme, Realizador, Ator, Atriz e Argumento). Até hoje, só três o conseguiram e o último foi ‘O Silêncio dos Inocentes', no já distante ano de 1991. Os outros dois foram 'Uma Noite Aconteceu' e 'Voando Sobre Um Ninho de Cucos'.

NEM O VENTO CONSEGUIU LEVAR OS FILMES A PRETO E BRANCO

A Academia desistiu mais depressa do mudo do que do preto e branco. O primeiro Melhor Filme a cores foi ‘E Tudo o Vento Levou' (1939) e só 12 anos depois triunfou ‘Um Americano em Paris'. Ainda hoje há resistentes.

'O ARTISTA'

O triunfador do ano passado não só volta ao preto e branco como é um filme mudo.

‘A LISTA DE SCHINDLER'

Spielberg abdicou da cor em todas as cenas (menos numa) para filmar o Holocausto.

‘CASABLANCA'

Quatro anos depois de ‘E Tudo o Vento Levou', mostrou que o preto e branco estava vivo.

NOTAS

ORIGENS

Criados pelo dono da MGM, Louis B. Mayer, os Óscares de 1929 foram anunciados meses antes da entrega.

ESTATUETA

O "homem nu com uma espada", como já chamaram ao Óscar, mede 34 centímetros e é revestido a ouro.

PÓSTUMOS

O primeiro Óscar de Melhor Ator a título póstumo coube a Peter Finch ( ‘Escândalo na Televisão'), seguiu--se-lhe Heath Ledger.

SEM SOM

Esta edição porá termo à curiosidade de o primeiro (‘Wings') e o último (‘O Artista') de entre os melhores filmes serem mudos.

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