billshcot
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BCE deixou os juros inalterados, mas sinalizou que nesta reunião houve quem defendesse a sua descida imediata. Recessão na zona euro será maior.
Mesmo que o Banco Central Europeu opte por cortar os juros num futuro próximo, isso não será suficiente para travar a recessão nas economias do euro em dificuldades, como é o caso de Portugal. Esta é a leitura dos economistas contactados pelo Diário Económico, depois de Mario Draghi, presidente do BCE, ter ontem sinalizado que o debate sobre uma eventual descida da taxa de juro de referência já começou.
A reunião de ontem dos governadores do BCE terminou com os juros inalterados nos 0,75%, mas foi dado um sinal para o futuro. Draghi admitiu que a decisão foi tomada com base no "consenso que prevaleceu" e sugeriu que alguns membros do BCE defenderam o corte imediato de juros.
Desde Julho do ano passado que a taxa de referência está inalterada, naquele que é o nível mais baixo de sempre. Ainda assim, é neste momento mais elevada do que a taxa de referência do Reino Unido (que está em 0,5%), dos Estados Unidos (que oscila no intervalo entre zero e 0,25%) e mesmo do Japão (0,1%).
A questão colocou-se na mesma reunião em que as previsões de crescimento na zona foram revistas em baixa, tanto para este ano, como para 2014. O intervalo de projecção deixou de ter como ponto médio uma contracção de 0,3% em 2013, para passar para uma recessão de 0,5%. No próximo ano, a expectativa passou a oscilar entre a estagnação e um crescimento de 2%, em vez do anterior intervalo de 0,2% a 2,2%.
"As projecções de crescimento do BCE são agora mais negativas do que as de qualquer outra instituição", nota Christoph Rieger, chefe de estratégia no Commerzbank AG, em declarações à Bloomberg. "O facto de que ainda assim decidiu contra um corte de juros sublinha que o problema é mais grave do que muitos assumem", acrescenta.
Mas o poder de impacto de um eventual corte de juros nos países que mais precisam de uma política acomodatícia é limitado. "O mercado interbancário ainda está fragmentado", frisa Paula Carvalho, economista do BPI, explicando que a banca continua a desconfiar da credibilidade das economias do sul, fazendo com que o BCE continue a funcionar como intermediário destas relações.
O mecanismo de transmissão do preço estabelecido pelo banco central até à banca de retalho não está ainda a funcionar para as economias em dificuldades. A consequência são "spreads muito penalizadores aplicados pelos bancos dos países periféricos", concretiza Paula Carvalho. Este é o caso em Portugal, mas também em Espanha, ou na Itália.
"Baixar os juros seria desperdiçar munições. A taxa já está a um nível muito baixo e não será isso que vai resolver o problema de fundo", argumenta, lembrando que em Portugal as empresas e as famílias já estão demasiado endividadas, dificultando o crescimento pela via do crédito.
"Baixar os juros ajuda sempre, mas não é a solução", concorda Rui Serra, economista-chefe do Montepio. "Era preferível cortar do que não cortar", até porque as euribor teriam um novo impulso para descer ainda mais, aliviando os juros pagos pelas famílias nos empréstimos à habitação, por exemplo.
Mas "os efeitos não são muito grandes", reconhece, frisando que "nas empresas, que têm ‘spreads' muito altos nos empréstimos, o efeito seria marginal".
Para ajudar Portugal a inverter a tendência recessiva, os economistas defendem que a austeridade deveria ser interrompida. "Devemos fazer tudo o que são reformas estruturais, mesmo que tenham algum custo no presente e desde que resultem em benefícios futuros. Mas mais medidas de austeridade não fará sentido", defende Rui Serra. "O caminho traçado para a consolidação deveria ser suavizado", concorda Paula Carvalho, para que o investimento possa retomar e, por essa via, ajudar a economia a crescer.
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Mesmo que o Banco Central Europeu opte por cortar os juros num futuro próximo, isso não será suficiente para travar a recessão nas economias do euro em dificuldades, como é o caso de Portugal. Esta é a leitura dos economistas contactados pelo Diário Económico, depois de Mario Draghi, presidente do BCE, ter ontem sinalizado que o debate sobre uma eventual descida da taxa de juro de referência já começou.
A reunião de ontem dos governadores do BCE terminou com os juros inalterados nos 0,75%, mas foi dado um sinal para o futuro. Draghi admitiu que a decisão foi tomada com base no "consenso que prevaleceu" e sugeriu que alguns membros do BCE defenderam o corte imediato de juros.
Desde Julho do ano passado que a taxa de referência está inalterada, naquele que é o nível mais baixo de sempre. Ainda assim, é neste momento mais elevada do que a taxa de referência do Reino Unido (que está em 0,5%), dos Estados Unidos (que oscila no intervalo entre zero e 0,25%) e mesmo do Japão (0,1%).
A questão colocou-se na mesma reunião em que as previsões de crescimento na zona foram revistas em baixa, tanto para este ano, como para 2014. O intervalo de projecção deixou de ter como ponto médio uma contracção de 0,3% em 2013, para passar para uma recessão de 0,5%. No próximo ano, a expectativa passou a oscilar entre a estagnação e um crescimento de 2%, em vez do anterior intervalo de 0,2% a 2,2%.
"As projecções de crescimento do BCE são agora mais negativas do que as de qualquer outra instituição", nota Christoph Rieger, chefe de estratégia no Commerzbank AG, em declarações à Bloomberg. "O facto de que ainda assim decidiu contra um corte de juros sublinha que o problema é mais grave do que muitos assumem", acrescenta.
Mas o poder de impacto de um eventual corte de juros nos países que mais precisam de uma política acomodatícia é limitado. "O mercado interbancário ainda está fragmentado", frisa Paula Carvalho, economista do BPI, explicando que a banca continua a desconfiar da credibilidade das economias do sul, fazendo com que o BCE continue a funcionar como intermediário destas relações.
O mecanismo de transmissão do preço estabelecido pelo banco central até à banca de retalho não está ainda a funcionar para as economias em dificuldades. A consequência são "spreads muito penalizadores aplicados pelos bancos dos países periféricos", concretiza Paula Carvalho. Este é o caso em Portugal, mas também em Espanha, ou na Itália.
"Baixar os juros seria desperdiçar munições. A taxa já está a um nível muito baixo e não será isso que vai resolver o problema de fundo", argumenta, lembrando que em Portugal as empresas e as famílias já estão demasiado endividadas, dificultando o crescimento pela via do crédito.
"Baixar os juros ajuda sempre, mas não é a solução", concorda Rui Serra, economista-chefe do Montepio. "Era preferível cortar do que não cortar", até porque as euribor teriam um novo impulso para descer ainda mais, aliviando os juros pagos pelas famílias nos empréstimos à habitação, por exemplo.
Mas "os efeitos não são muito grandes", reconhece, frisando que "nas empresas, que têm ‘spreads' muito altos nos empréstimos, o efeito seria marginal".
Para ajudar Portugal a inverter a tendência recessiva, os economistas defendem que a austeridade deveria ser interrompida. "Devemos fazer tudo o que são reformas estruturais, mesmo que tenham algum custo no presente e desde que resultem em benefícios futuros. Mas mais medidas de austeridade não fará sentido", defende Rui Serra. "O caminho traçado para a consolidação deveria ser suavizado", concorda Paula Carvalho, para que o investimento possa retomar e, por essa via, ajudar a economia a crescer.
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