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Portugal “é o país das fugas”

billshcot

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Nov 10, 2010
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Manuel Moura dos Santos aponta o dedo a Barroso, Guterres e Sócrates e defende que falta responsabilização criminal dos políticos.

Reduziu investimento e custos e já teve de despedir trabalhadores para se manter "à tona de água". Em entrevista ao programa "Conversas com Vida" do ETV, o empresário Manuel Moura dos Santos diz que "a ideia de que podemos continuar a viver com alguém a emprestar-nos dinheiro para gastar, sem termos de produzir a riqueza cá, acabou".

Como é que se vende um artista?

Ninguém faz de um artista mau um artista bom. Ninguém faz de um artista sem talento um artista com talento. Nos dias de hoje, há fenómenos muito localizados de gente em quem se investiu muito, funcionou num período limitado de tempo e depois desapareceu. Há muitos casos na música pop. Mas para ter uma carreira como o Rui Veloso, o Jorge Palma, o João Gil, o Luís Represas ou outros tem de haver talento. Não há empresários a fazer milagres.

O país dá valor aos artistas e à cultura?

Nas eleições, dá sempre.

[CORTE_EDIMPRESSA]
E depois das eleições?

Depois, não dão valor nenhum. O problema de não termos um verdadeiro mercado de música em Portugal foi sempre a gestão política da cultura, sobretudo, nas autarquias. Esta mania de oferecer tudo! As pessoas não valorizam nada do que lhes é dado. Mesmo que se cobre um valor simbólico, pelos menos, estão a pagar para ver qualquer coisa.

Os músicos já se estão a adaptar à crise?

Há muita gente em grandes dificuldades para viver. A maioria dos músicos em Portugal, apenas, sobrevive.

Como é ser um empresário do seu sector em Portugal?

Neste momento, é dificílimo. É tentar mantermo-nos à tona de água para não nos afundarmos.

Disse, numa entrevista que deu em 2010, que os portugueses são um povo muito bem mandado. Continua a ter a mesma opinião?

Estávamos na era Sócrates. Acho que ninguém estava preparado para isto. Ninguém imaginava o que viria. Acho que as pessoas têm o direito de manifestar o seu descontentamento e a sua tristeza. É um dever cívico manifestarem-se. Isso não se trata de ser bem ou mau mandado. Mas claro que fomos. Um povo que aguenta 48 anos de ditadura, é um povo bem mandado.

Vai às manifestações?

Não. E não se trata de comodismo. Mas acho que há uma componente política associada a estas manifestações. Nada disto é assim tão genuíno. Há muita coisa dirigida. E eu gosto pouco de ser dirigido, seja por quem for.

O que é que os portugueses podem mudar?

Há uma coisa de que não tenho dúvidas: isto não se muda sem trabalho. Não há milagres! A ideia de que podemos continuar a viver com alguém a emprestar-nos dinheiro para gastar, sem termos de produzir a riqueza cá, acabou. Com muito sacrifício, muita dor e momentos dramáticos, temos de resolver o nosso problema! E é a primeira vez que temos de resolvê-lo a sério!

E estamos a resolvê-lo da forma que tem de ser resolvido?

Toda a gente critica a acção deste Governo e não tenho dúvidas de que já cometeu vários erros. Sobretudo, na forma como comunica com os portugueses e explica o que é preciso fazer. Mas toda a gente que é contra, não diz como faria em alternativa. Nós não temos dinheiro e não temos onde ir buscá-lo! É tão simples como isto! E aquele com que vivemos, é emprestado. Se houver algum líder político que diga qual é a alternativa a isto e que tem o milagre de voltar a produzir riqueza em Portugal sem trabalho... Vamos ter de passar por momentos muito difíceis, mas é com trabalho que isto se resolve! No meio disto tudo, há-de haver muitas vítimas e isso é lamentável... Mas nem todos os responsáveis por esta situação foram chamados à pedra!

E deviam?

Isto é o país das fugas! O engenheiro Barroso fugiu quando viu as coisas difíceis, o engenheiro Guterres fugiu quando viu isto complicado e o engenheiro Sócrates também fugiu! É muito fácil ir para Paris tirar um suposto curso não sei bem de quê e não estar cá no dia-a-dia para entrar nos cafés, falar com os portugueses, ir na rua e ser abordado ‘Olhe o que o senhor nos fez!'.

Não está cá para dar a cara!

O que é que o povo português precisa de ouvir para acreditar que há uma luz ao fundo do túnel?

Precisam que os responsáveis políticos falem com eles e que expliquem que não há alternativa a esta política. Ou, se há, é muito mais difícil e dolorosa. Falta um discurso de esperança e de motivação.

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