billshcot
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Há quem aproveite para se maquilhar, depilar e até para ter relações sexuais. o código não perdoa: compromete a segurança na estrada
O trânsito estava parado no IC1, na zona da Mimosa, e dois amigos aproveitaram o momento para fazer uma sesta ao volante. O sono pegou, a farra tinha sido longa, e o despertador teve de ser um agente da GNR, a bater no vidro. "Entretanto, a fila começou a andar e os outros veículos tiveram de começar a contornar o carro, parado ali no meio com os rapazes a dormir a sono solto como se estivessem em casa, na cama", recorda quem acordou os dorminhocos.
"O artigo invocado por quem os multou – o que diz respeito à ‘liberdade de trânsito’ – foi o mesmo usado pelo agente que multou D.S., que no final de fevereiro foi ‘apanhada’ em plena A5, ao quilómetro 9,8 da autoestrada, sentido Cascais-Lisboa, em Porto Salvo, a pintar os olhos com rímel pela patrulha da GNR. A história deu a volta à internet depois de a arquiteta ter anexado na sua página pessoal do Facebook o auto em questão, onde se lia – além do ‘delito’ – que "a condutora tinha um resguardo na área de serviço a 300 metros onde poderia ter parado em segurança" para se maquilhar.
Partilhado por conhecidos e desconhecidos, deu origem a brincadeiras entre as amigas de D.S., que até a ‘incentivaram’ a lançar a marca ‘Rímel A5’ em alusão à via onde ocorreu o insólito. Certo é que não terá sido tão constrangedor para o agente que a multou por maquilhagem em andamento, como para o seu colega que teve de ir verificar o que fazia um carro parado ao lado de um telefone SOS, perto de Grândola, sem que se visse ninguém nos arredores. Pensando estar alguém a sentir-se mal sem conseguir sair do veículo para pedir socorro, foi espreitar no vidro e nem queria acreditar no filme que lá dentro se desenrolava, com dois protagonistas entregues a outras conduções.
"Um idoso de joelhos no tapete fazia sexo oral a uma jovem, ali, em plena autoestrada." É certo que não importunavam o trânsito, que circulava alheio ao cenário paralelo, mas "o estacionamento nas bermas das autoestradas é uma contraordenação grave, sujeita a multa entre 120 e 600 euros". O auto não chegou a ser escrito porque "o velhote, quando se apercebeu do agente, mandou a jovem arrancar, cheio de vergonha. Disse: ‘Vamos embora, vamos embora’, e lá seguiram viagem muito apressados", conta quem assistiu ao caricato episódio.
Sexo no trânsito
"As pessoas aproveitam a estrada para tudo o que não têm tempo ou oportunidade de fazer em casa. Na autoestrada há muita gente a fazer sexo em andamento, principalmente condutores do sexo masculino a receberem sexo oral das companheiras, o que compromete a sua segurança e a dos outros utentes da via", explica fonte da GNR.
Reza o artigo 3º, respeitante à liberdade de trânsito, que "as pessoas devem abster-se de atos que impeçam ou embaracem o trânsito ou comprometam a segurança ou a comodidade dos utentes das vias", pelo que os condutores que são apanhados a fazê-lo estão sujeitos a uma coima entre 60 e 300 euros, o mesmo que foi pedido à arquiteta que se maquilhava na A5 durante um pára-arranca.
A advogada Maria Teresa Lume, especialista em Direito Rodoviário e conhecida no meio como a ‘safa-multas’, considera que a arquiteta de 30 anos podia ter conseguido escapar à coima (que acabou por pagar um dia depois para conseguir reaver os documentos que tinham sido apreendidos).
"O agente embirrou claramente com ela. No auto devia estar escrito por que é que ela comprometeu a segurança do trânsito e isso não está lá. As autoridades invocam o artigo sobre os atos que impedem ou embaraçam o trânsito, mas isto dá para tudo: o que eles têm de provar é de que forma o jornal, o livro, o rímel ou o chinelo de praia compromete a segurança." A especialista fala dos chinelos porque esta é uma "velha batalha. No verão os agentes costumam embirrar quando as pessoas conduzem de chinelos mas isso não faz sentido nenhum." Ainda assim, a multa mais insólita que lhe chegou ao escritório de advogados "foi passada a um sujeito que estava a comer um gelado enquanto conduzia numa fila. Acabou por prescrever e ele não teve de pagar nada". É raro o dia em que as autoridades não se deparem com uma ou outra situação insólita, principalmente durante o aborrecido pára-arranca matinal.
"Pessoas a lerem jornais e livros. Homens a fazerem a barba, mulheres a depilarem-se e famílias a tomarem o pequeno--almoço também é muito comum nas filas de trânsito", conta um agente da GNR – a quem o que mais espanta "é as pessoas conseguirem ter um cigarro numa mão e o telemóvel na outra ou assoarem-se e falarem ao telefone ao mesmo tempo", acrescenta a mesma fonte.
Mas as grandes loucuras, dizem os agentes de autoridade contactados, são cometidas no Sul do País. "Em Albufeira, então, é uma loucura, os jovens vão para as farras, vêm de lá de madrugada e fazem tudo ao volante. Aqui há uns tempos apanhei uma miúda que tinha ido a uma festa da espuma e conduzia toda nua como se nada fosse." "Bom, isso não se trata de Código da Estrada, quando muito é considerado atentado ao pudor. Agora ,se a senhora for uma Gisele Bündchen [manequim brasileira] os homens vão ficar todos a olhar e batem uns nos outros. Por esse lado, compromete a segurança rodoviária", brinca a advogada. E de que maneira.
cm
O trânsito estava parado no IC1, na zona da Mimosa, e dois amigos aproveitaram o momento para fazer uma sesta ao volante. O sono pegou, a farra tinha sido longa, e o despertador teve de ser um agente da GNR, a bater no vidro. "Entretanto, a fila começou a andar e os outros veículos tiveram de começar a contornar o carro, parado ali no meio com os rapazes a dormir a sono solto como se estivessem em casa, na cama", recorda quem acordou os dorminhocos.
"O artigo invocado por quem os multou – o que diz respeito à ‘liberdade de trânsito’ – foi o mesmo usado pelo agente que multou D.S., que no final de fevereiro foi ‘apanhada’ em plena A5, ao quilómetro 9,8 da autoestrada, sentido Cascais-Lisboa, em Porto Salvo, a pintar os olhos com rímel pela patrulha da GNR. A história deu a volta à internet depois de a arquiteta ter anexado na sua página pessoal do Facebook o auto em questão, onde se lia – além do ‘delito’ – que "a condutora tinha um resguardo na área de serviço a 300 metros onde poderia ter parado em segurança" para se maquilhar.
Partilhado por conhecidos e desconhecidos, deu origem a brincadeiras entre as amigas de D.S., que até a ‘incentivaram’ a lançar a marca ‘Rímel A5’ em alusão à via onde ocorreu o insólito. Certo é que não terá sido tão constrangedor para o agente que a multou por maquilhagem em andamento, como para o seu colega que teve de ir verificar o que fazia um carro parado ao lado de um telefone SOS, perto de Grândola, sem que se visse ninguém nos arredores. Pensando estar alguém a sentir-se mal sem conseguir sair do veículo para pedir socorro, foi espreitar no vidro e nem queria acreditar no filme que lá dentro se desenrolava, com dois protagonistas entregues a outras conduções.
"Um idoso de joelhos no tapete fazia sexo oral a uma jovem, ali, em plena autoestrada." É certo que não importunavam o trânsito, que circulava alheio ao cenário paralelo, mas "o estacionamento nas bermas das autoestradas é uma contraordenação grave, sujeita a multa entre 120 e 600 euros". O auto não chegou a ser escrito porque "o velhote, quando se apercebeu do agente, mandou a jovem arrancar, cheio de vergonha. Disse: ‘Vamos embora, vamos embora’, e lá seguiram viagem muito apressados", conta quem assistiu ao caricato episódio.
Sexo no trânsito
"As pessoas aproveitam a estrada para tudo o que não têm tempo ou oportunidade de fazer em casa. Na autoestrada há muita gente a fazer sexo em andamento, principalmente condutores do sexo masculino a receberem sexo oral das companheiras, o que compromete a sua segurança e a dos outros utentes da via", explica fonte da GNR.
Reza o artigo 3º, respeitante à liberdade de trânsito, que "as pessoas devem abster-se de atos que impeçam ou embaracem o trânsito ou comprometam a segurança ou a comodidade dos utentes das vias", pelo que os condutores que são apanhados a fazê-lo estão sujeitos a uma coima entre 60 e 300 euros, o mesmo que foi pedido à arquiteta que se maquilhava na A5 durante um pára-arranca.
A advogada Maria Teresa Lume, especialista em Direito Rodoviário e conhecida no meio como a ‘safa-multas’, considera que a arquiteta de 30 anos podia ter conseguido escapar à coima (que acabou por pagar um dia depois para conseguir reaver os documentos que tinham sido apreendidos).
"O agente embirrou claramente com ela. No auto devia estar escrito por que é que ela comprometeu a segurança do trânsito e isso não está lá. As autoridades invocam o artigo sobre os atos que impedem ou embaraçam o trânsito, mas isto dá para tudo: o que eles têm de provar é de que forma o jornal, o livro, o rímel ou o chinelo de praia compromete a segurança." A especialista fala dos chinelos porque esta é uma "velha batalha. No verão os agentes costumam embirrar quando as pessoas conduzem de chinelos mas isso não faz sentido nenhum." Ainda assim, a multa mais insólita que lhe chegou ao escritório de advogados "foi passada a um sujeito que estava a comer um gelado enquanto conduzia numa fila. Acabou por prescrever e ele não teve de pagar nada". É raro o dia em que as autoridades não se deparem com uma ou outra situação insólita, principalmente durante o aborrecido pára-arranca matinal.
"Pessoas a lerem jornais e livros. Homens a fazerem a barba, mulheres a depilarem-se e famílias a tomarem o pequeno--almoço também é muito comum nas filas de trânsito", conta um agente da GNR – a quem o que mais espanta "é as pessoas conseguirem ter um cigarro numa mão e o telemóvel na outra ou assoarem-se e falarem ao telefone ao mesmo tempo", acrescenta a mesma fonte.
Mas as grandes loucuras, dizem os agentes de autoridade contactados, são cometidas no Sul do País. "Em Albufeira, então, é uma loucura, os jovens vão para as farras, vêm de lá de madrugada e fazem tudo ao volante. Aqui há uns tempos apanhei uma miúda que tinha ido a uma festa da espuma e conduzia toda nua como se nada fosse." "Bom, isso não se trata de Código da Estrada, quando muito é considerado atentado ao pudor. Agora ,se a senhora for uma Gisele Bündchen [manequim brasileira] os homens vão ficar todos a olhar e batem uns nos outros. Por esse lado, compromete a segurança rodoviária", brinca a advogada. E de que maneira.
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