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Se ficar o bicho come

Luz Divina

GF Ouro
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SE FICAR O BICHO COME





Sempre ouvi falar de favelas, até o dia em que tive oportunidade de conhecer realmente uma. Foi através do Cigano, apelido de um homem na faixa dos 25 anos, que por preço combinado, digamos R$ 100,00, seria meu “cicerone” nos locais mais profundos e perigosos da comunidade em que vivia. Lá fomos nós.

Esse foi o dia que entendi o que é exclusão. Nos primeiros níveis existem Casas Bahia, Correios, agências bancárias. Você entra mais, as ruas vão se estreitando, o caminho é cada vez mais tortuoso. A polícia não entra. Mas também não entra o carteiro, porque as ruas não tem nome, as casas não tem número.

O lixeiro também não vai até lá, o que faz com que a gente sinta um permanente cheiro desagradável. E a exclusão daqueles jovens fica cada vez mais escancarada. Alguns menores, nunca pisaram no “asfalto”.

Mas assistem TV, veem novelas, sabem a moda, tem os mesmos objetos de desejo de qualquer adolescente. E ali, além de armas poderosas utilizadas pelos traficantes e distribuídas por eles aos seus “soldados”, carregam seus IPods, IPads, celulares pirotécnicos, calçam os tênis de última geração, vestem roupas desejadas por muitos.

Os mais bem sucedidos do local são os “homens fora da lei”, vindos de baixo como eles, que galgaram a chefia depois de sobreviver à própria criminalidade em que estão envolvidos. E são heróis, porque nessas comunidades o Estado não chega, nem a ambulância, nem a lei. Quem mora ali conta com eles para solucionar os mais graves problemas.


Poucos jovens tem muitas expectativas da vida à longo prazo: a vida é o aqui, o agora. E então são presos, assim como um dos 4.813 menores infratores que cumprem medida sócio-educativa em São Paulo. Alguns são jovens que não conseguiram dizer “não” aos donos do poder na comunidade em que moram.

E, muitas vezes, depois de até três anos de “internação” no que não passa de uma prisão, chegam em casa pretendendo uma nova vida, mas tem “contas a pagar”, como por exemplo pela arma apreendida pela polícia quando foram presos. E não tem o dinheiro. E voltam a entregar droga para fazer esse acerto. E voltam a se drogar.


Em dez anos, segundo matéria jornalística recen adolescente só pode ser apreendido por tráfico de drogas depois de ser detido duas ou mais vezes pela polícia. Tem gente que discorda, prega prisão como solução. Vivem no mundo da fantasia, onde a lei e a perda de liberdade, pura e simples, vão diminuir os índices de criminalidade.

Se assim fosse, tudo estaria resolvido, mas não é investindo em hospitais que se diminui o número de pessoas que contraem AIDS, assim como não adianta investir em punição para diminuir o crime. É preciso mais que isso.


Ah, sabe o Cigano? Me cobrou R$ 100,00 para entrar, mas quando eu estava totalmente lá dentro, nas profundezas da exclusão, explicou que para sair, ele cobrava mais R$300,00.



Genial!





serialkiller
 
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