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Vinte meses depois de abandonar o Governo, em junho de 2011, José Sócrates regressa esta semana à RTP para a primeira entrevista desde que deixou de ser primeiro-ministro. Os números - e o legado económico do ex-primeiro-ministro - prometem ser temas centrais.
O desemprego
No segundo trimestre de 2011, o INE estimava que 675 mil pessoas estivessem desempregadas: 12,1% do total. Este valor até tinha caído face ao trimestre anterior, mas já se começavam a notar os efeitos da crise - só a construção tinha perdido 80,8 mil empregos face ao mesmo período em 2011.
Hoje, os números são piores. Na 7ª avaliação do memorando da troika, feita este mês, Vítor Gaspar admitiu que o desemprego atingirá os 18,2% este ano, com este indicador a atingir até "quase 19% da população ativa no final deste ano e início do próximo", admitiu o ministro das Finanças. A tendência é estrutural: até 2015, o desemprego deverá manter-se acima dos 18%, segundo as previsões económicas que resultaram da sétima avaliação.
O défice
Junho de 2011, o mês da saída de Sócrates, é um mau mês para avaliar o défice, mas os dados preliminares avançados pelo INE mostravam que o défice público no segundo trimestre ascendia a 7,7% do PIB (3,1 mil milhões de défice), bem acima do objetivo de 5,9% previsto pelo Eurostat para esse ano.
No final de 2011 – e já depois de o governo de Passos Coelho ter aplicado um corte de 50% no subsídio de Natal – o défice de Portugal cifrou-se nos 4,4% do PIB. Um ano depois, os números voltariam a subir – e muito – com Portugal a reportar a Bruxelas um défice de 6,6%.
A recessão
No verão de 2011, quando Sócrates abandonou o Governo, o Banco de Portugal estimava uma contração de 2% do PIB. Na realidade, 2011 fechou com uma quebra de 1,6%. A austeridade aplicada no último ano e meio e a recessão europeia pioraram estes números.
Segundo as estimativas do Banco de Portugal, divulgadas esta semana, o PIB cairá 2,3% em 2013 e terá uma recuperação ténue no próximo ano, que o Governo já espera ser de retoma. Aqui, o BdP é mais otimista do que o Executivo de Passos e espera um crescimento de 1,1% este ano, mesmo admitindo que este número pode ser alterado pela reforma do Estado – e por novos cortes na despesa.
Dívida Pública
Em fevereiro de 2005, quando Sócrates subiu ao Governo para o seu primeiro mandato, a dívida total do país ascendia a 91 mil milhões de euros. Seis anos depois, no final de 2011 e acompanhando a subida dos níveis de endividamento na Europa, a dívida portuguesa ascendia a 164 mil milhões de euros, já incluindo os primeiros oito mil milhões de ajuda concedidos pela troika.
Nesses seis anos, a dívida em percentagem do PIB subiu de 61,7% (final de 2005) para 108,1% do PIB (final de 2011). Hoje está pior. Em março, Portugal ultrapassou pela primeira vez os 200 mil milhões em dívida e esta representará, no final deste ano, 122,4% do PIB.
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