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Líder da oposição assume lugar de Assad na Liga Árabe

kokas

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Set 27, 2006
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Debaixo de aplausos, o líder da Coligação Nacional síria tomou o lugar do Presidente Bashar al-Assad na cimeira da Liga Árabe e, num discurso que conseguiu passar para segundo plano as fracturas que ameaçam a oposição, reclamou mais ajuda internacional para pôr fim ao banho de sangue, mas avisou que os sírios não aceitarão que sejam outros a ditar o seu futuro.

“Impressionante”, “apaixonado” e “próprio de um estadista” foram algumas das expressões usadas pela imprensa para descrever a intervenção inaugural de Ahmad Moaz al-Khatib, que chegou à reunião de Doha dois dias depois de ter apresentado a sua demissão. Em público, justificou a saída com a falta de apoio internacional, mas várias fontes dizem que estava cansado de ver a sua autoridade minada pelas várias facções, sobretudo depois de ter admitido negociar com Damasco uma solução política para o conflito.

Manteve, ainda assim, a ida ao Qatar, prometendo falar “em nome do povo sírio” e não apenas dos dirigentes da oposição no exílio, que continuam a constituir o grosso da Coligação, grupo criado por pressão internacional para unir a oposição. Khatib cumpriu a promessa sentado na cadeira que, até ao final de 2011, pertencera a Assad, em frente da bandeira que a oposição empunha desde o início da revolta.

“Foi o povo sírio que fez esta revolução e é ele que vai determinar como a revolução terminará”, disse o antigo imã da mesquita Omíada de Damasco, assegurando que só os sírios “vão escolher quem os dirigirá e de que forma serão governados”. Quanto à oposição, “rejeitará quaisquer ordens ditadas pelo estrangeiro” e “não venderá o seu país”.

Um recado dirigido, antes de mais, a alguns dos dirigentes sentados ao seu lado e que, depois de terem repudiado Assad (suspendendo-o da organização de que a Síria é um dos fundadores), não escondem a sua vontade de interferir no curso dos acontecimentos. Exemplo disso é a recente eleição de Ghassan Hitto, um islamista residente nos EUA e apoiado pela Irmandade Muçulmana e o Qatar para liderar uma administração provisória nos territórios controlados pelos rebeldes, apesar da oposição de Khatib e do próprio Exército Livre da Síria. Esta terça-feira, porém, Hitto integrou a delegação e Khatib assegurou que a administração provisória terá todo o seu apoio.

Mas o líder da oposição falava também para os ocidentais, quer quando defendeu a presença de combatentes estrangeiros nas fileiras rebeldes – “Serão as barbas que os assustam?”, perguntou –, quer quando reafirmou que os EUA deveriam assumir um papel mais activo. A esse propósito, revelou ter pedido ao secretário de Estado norte-americano, John Kerry, que estendesse o raio de acção dos antimísseis Patriot enviados para a Turquia ao Norte da Síria, onde os rebeldes controlam várias faixas de território. “Ele ficou de estudar o assunto”, disse Khatib, mas pouco depois a NATO, que opera os mísseis, reafirmou que não tem qualquer intenção de intervir no conflito.

A ira com que Damasco reagiu à presença dos dirigentes da oposição na cimeira de chefes de Estado – “uma monstruosidade”, disse o embaixador sírio na Liga – mostra que o regime não ficou indiferente a mais este gesto de repúdio. E, apesar de insuficiente para esconder todas as divergências que subsistem, o discurso de Khatib terá pelo menos servido para mostrar que, dois anos depois do início da revolta, há uma voz que começa a emergir entre a oposição. Até esta terça-feira, a sua demissão era vista como reversível. “Depois do seu desempenho impressionante, é difícil ver como poderá desaparecer de cena”, escreveu o correspondente do Guardian Ian Black.



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