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Austeridade aumenta suicídios e infeções em Portugal

kokas

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Set 27, 2006
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Em países como a Grécia, a Espanha e Portugal, onde os governos adotaram medidas de austeridade, tornaram-se mais comuns os suicídios e surtos de doenças infeciosas. A informação é avançada num estudo publicado esta quarta-feira na revista «Lancet» sobre o estado da saúde na Europa. Em contraste, «a Islândia rejeitou a austeridade em referendo e a crise parece ter tido poucos ou nenhuns efeitos discerníveis na saúde», referem os investigadores.

De acordo com a agência Lusa, a análise dos oito investigadores que escrevem na «Lancet» sugere, por isso, que, embora a recessão comporte riscos para a saúde, é «a interação da austeridade fiscal com o choque económico e uma fraca proteção social» que parece provocar a escalada das crises sociais e na saúde na Europa, refere diretor científico do Observatório Europeu dos Sistemas e Políticas de Saúde, Martin McKee, numa conferência de imprensa em Londres.

A revista acusa os governos e a Comissão Europeia de «explicitamente fecharem os olhos» aos efeitos da crise e da austeridade na saúde das populações, apesar de ser claro o aumento dos suicídios e outras doenças.

«Os governos da Europa e a Comissão Europeia explicitamente fecharam os olhos aos efeitos [da recessão] na saúde», disse McKee.


O investigador, que é também professor de saúde pública na Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, compara as autoridades europeias à indústria tabaqueira, quando, durante anos, negou os efeitos do tabaco, argumentando que as provas não eram concludentes.

Crianças portuguesas com fome

Em Portugal, a Unicef estima que 27,4% dos menores de idade vivam em lares que não garantem um mínimo de três refeições por dia - uma pobreza infantil que contrasta com a Suécia, onde apenas 1,3% das crianças vivem passam necessidades básicas.

Mais de 6.000 vidas de crianças poderiam ser poupadas anualmente se todos os países Europa ocidental tivessem a taxa de mortalidade infantil da Suécia, revela a publicação.

Os investigadores concluem que, embora a taxa de mortalidade tenha melhorado muito nos últimos 30 anos nos 15 primeiros países da União Europeia, ainda há grandes discrepâncias entre eles.

Os cientistas comparam as taxas de mortalidade entre os 15 países e concluem que, se todos tivessem a melhor taxa de mortalidade infantil, como a da Suécia, morreriam menos 6.198 crianças todos os anos.

A investigadora que coordenou o artigo, Igrid Wolfe, explicou, em conferência de imprensa, que as diferenças entre os melhores e os piores se justificam, porque alguns países não conseguiram adaptar-se às mudanças epidemiológicas.
As principais causas de morte entre as crianças com menos de 14 anos deixaram de ser as doenças infecciosas e passaram a ser ferimentos, envenenamento, cancro e doenças congénitas ou neurológicas.

Duas vezes mais idosos do que crianças

Na sua primeira série sobre a Saúde na Europa, a «Lancet» dedica ainda um artigo ao envelhecimento da população, estimando que em 2060 haja duas vezes mais idosos (com mais de 65 anos) do que crianças (com menos de 15).

Os investigadores alertam no entanto que uma sociedade envelhecida não constitui em si mesma uma ameaça ao Estado social e sublinham que o envelhecimento da sociedade não deve ser usado como argumento político para justificar cortes na proteção social.

As estimativas de aumentos nos gastos com saúde devido ao envelhecimento têm sido exagerados, enquanto outros fatores, como os desenvolvimentos tecnológicos, têm mais impacto nos custos agregados com a saúde.



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