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Montras despidas na avenida chique

billshcot

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Nov 10, 2010
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Muitas lojas da Guerra Junqueiro fecharam e outras se seguirão. Mas há quem aposte numa avenida que já foi a mais cara de Lisboa.

Quando uma loja de roupa faz a primeira venda às sete da tarde é muito provável que seja a única do dia. Assim aconteceu nesta semana num dos estabelecimentos que resistem à crise na avenida Guerra Junqueiro (à alameda D. Afonso Henriques), que chegou a ser a mais cara de Lisboa e uma das mais caras da Europa na década de 90. Isso foi antes do encerramento das lojas da C&A e da Massimo Dutti, duas das marcas que ainda há pouco tempo carregavam os clientes com sacos de compras.

"Não escrevam mais sobre a Guerra Junqueiro, porque então é que os espanhóis não querem ficar cá", disse à Domingo a dona da loja, que só vendera uma peça na véspera, mesmo assim mais disposta a debater a situação do que a maioria dos comerciantes, quase todos sem vontade de falar, apesar de a chuva e frio dos primeiros dias da primavera trazerem ainda menos clientes do que é habitual. Portugueses ou outros estrangeiros, além dos arrumadores de carros, também eles sem muito para fazer, embora os espanhóis que convém não afugentar não sejam turistas, e sim a Inditex, a Cortefiel e a Mango, detentoras das lojas-âncora que continuam abertas quando cada vez mais montras não apresentam mais nada ao olhar de quem passa do que os letreiros ‘arrenda-se’, que persistem enquanto as estações do ano passam.

O advogado Carlos Moura-Carvalho, de 45 anos, decidiu abrir um negócio numa avenida que conhecia desde criança, pois os avós viviam em frente da pastelaria Mexicana, e percebeu o que leva algumas lojas a ficarem vazias tanto tempo. "Rendas a quatro mil euros por espaços de trinta e tal metros quadrados... Estamos todos doidos?!?", recorda quem, depois de encontrar uma oportunidade "razoável" no lado contrário da Guerra Junqueiro, que lhe custa cerca de mil euros por mês, abriu a Mercearia Criativa, onde vende produtos nacionais.

"Essa é uma das razões pelas quais a avenida está muito decadente. Inflacionou-se muito", afirma o advogado, que se sentiu a "nadar contra a corrente" ao investir 50 mil euros de uma indemnização. Em vez de caviar e champanhe, tem vendido fruta biológica e encontrou fornecedores de pão alentejano feito em forno de lenha, aproveitando para explorar "um nicho de comida com piada". "Ao almoço conseguimos sobreviver e no verão temos pessoas na esplanada a petiscar e a comerem ostras", diz, assumindo um otimismo alicerçado em números: os dois primeiros meses de 2013 tiveram mais faturação do que outubro e novembro de 2012.

COMEÇAR DO ZERO

Para a presidente da União das Associações de Comércio e Serviços (UACS), Carla Salsinha, não restam dúvidas de que o pior ainda não chegou e a Guerra Junqueiro pode ficar mais vazia. "A diferença é que uma multinacional não perde clientes se fechar portas numa determinada avenida, pois a marca já está tão presente junto dos consumidores que irão atrás dela, esteja onde estiver. O comércio tradicional, se não conseguir fazer face à renda que o proprietário pede, fecha mesmo, porque ir para outra zona da cidade é começar do zero", afirma a dirigente, que tem ouvido empresários confrontados com propostas de aumento de renda que triplicam o valor atual.

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