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"Velei muitos mortos em Angola"

billshcot

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Nov 10, 2010
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Não quis que os meus pais lá tivessem dois filhos ao mesmo tempo, portanto ofereci-me como voluntário para ir à Guerra Colonial.

Ofereci-me como voluntário para a força aérea aos 19 anos porque, sendo eu o mais velho de três irmãos com pouca diferença de idades e como ir à guerra colonial era uma certeza, não queria que os meus pais tivessem lá dois ou até os três filhos ao mesmo tempo, até porque éramos necessários para trabalhar no negócio da família.

Assim, com 19 anos, alistei-me. Escolhi a Força Aérea porque, tal como na Marinha, a tropa era mais calminha do que no Exército. A 20 de dezembro de 1973 fui à inspeção e fui colocado na 1ª Incorporação de Condutores Voluntários da Força Aérea. Assentei praça em Tancos (na base aérea nº 3). Foram apurados 60 e, qual não foi a minha surpresa quando recebo logo guia de marcha para Angola. Ou seja, alistei-me e fui incorporado no mesmo dia. Antes de ir, fiz a recruta e o curso da especialidade em apenas dois meses.

Diziam-nos que os melhores classificados do curso poderiam escolher as unidades para onde iriam e, por isso, esmerei-me: entre 60, fiquei em oitavo. Quando fui ver, tinha sido promovido a 1º Cabo e colocado na 2ª região aérea de Angola. Escolhi ficar em Luanda.

Cheguei a África a 7 de maio de 1973 e fiquei no Batalhão DCP 21, na zona de Belas, junto à ilha do Mussulo. Depois, andei por muitas outras zonas como Quipedro, Ambriz, Ambrizete, São Salvador, Zala, entre outros sítios. Também estive na região do Luso, no Leste de Angola.

Logo no início, conheci um dos melhores amigos de toda a minha vida: João José Albino da Graça, que hoje é um perito em salvamentos nas arribas, ao serviço dos Bombeiros Voluntários de Almoçageme. Até já foi condecorado pelo Presidente da República.

Em Angola andámos sempre juntos, desde o embarque, e foi logo na primeira missão que tive, para o mato, que pude contar com a camaradagem dele: o Graça não tinha sido destacado mas, para eu não ir sozinho, ofereceu-se voluntariamente para me acompanhar.

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