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Ex-presidente da CP confirma que falou com Vara sobre a demissão

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Ex-presidente da CP confirma que falou com Vara sobre a demissão

O ex-presidente da CP, Cardoso dos Reis, confirmou hoje de manhã, no julgamento do Face Oculta, ter sido afastado da liderança daquela empresa pública e ter solicitado a Armando Vara para saber junto de José Sócrates se o então primeiro-ministro saberia daquilo que se estava a passar.«Armando Vara era a pessoa mais próxima do primeiro-ministro, José Sócrates, pela sua relação de amizade, para confirmar se era verdade aquilo que eu achava um absurdo, que seria haver mudanças de administrações de empresas públicas a 15 dias de eleições e soube logo que José Sócrates afinal não estava a par de nada disso», salientou Cardoso dos Reis.
«Eu só quis confirmar se era ou não verdade uma coisa que achava absurda, foi só um pedido de informação, se o Conselho de Ministros sabia do que estava a passar, isto é, não houve aqui qualquer transacção, que isto aqui hoje bem claro, que fiz exclusivamente um pedido de informação e não um pedido a Armando Vara e tudo o que se disser em contrário é uma mistificação da verdade», declarou o ex-presidente da CP.
Cardoso dos Reis, que ainda está a depor no Tribunal de Aveiro, disser ter contactado o ex-ministro socialista Armando Vara, através de um amigo comum, Francisco Bandeira, que à data, no ano de 2009, era vice-presidente da Caixa Geral de Depósitos: «Um dos meus amigos, o Francisco Bandeira, falou no ano de 2009 com Armando Vara no sentido de saber se havia alguma intenção do Governo em fazer mudanças em empresas em cima das eleições e eu fiquei a saber que o primeiro-ministro, José Sócrates, não sabia de nada».
«Francisco Bandeira disse-me então que Armando Vara lhe dissera para eu não fazer nada, para eu não me demitir, porque o primeiro-ministro não sabia de nada», salientou Cardoso dos Reis, recordando: «A 15 dias das eleições, a secretária de Estado, Ana Paula Vitorino chamou-me ao gabinete e disse-me haver intenção do Governo em que saísse da presidência da CP».
«Eu fui chamado ao Ministério dos Transportes pela secretária de Estado, Ana Paula Vitorino, que me disse: ‘tenho duas boas notícias pata te dar, uma má e uma boa; a má é que vais ter de sair da CP e a boa é que vais para a presidência do Instituto Portuário e dos Transporte Marítimo», acrescentou Cardoso dos Reis aos magistrados, esta manhã, durante a 146.ª sessão do julgamento do processo Face Oculta.
«Eu disse-lhe logo que não queria ir para a presidência daquele instituto, que não tinha vocação, preferia voltar à Refer, mas ela respondeu-me: ‘quero que tu vás, vais para casa, pensa’. Só que eu não aceitei e preferi mesmo voltar à Refer, onde ainda sou assistente do conselho de administração», afirmou Cardoso dos Reis.
Cardoso dos Reis negou ter chorado quando soube que iria ser afastado da presidência da Refer, o que tinha sido afirmado numa das escutas telefónicas ouvidas esta manhã na sala de audiências do Palácio da Justiça de Aveiro, em que passaram conversas sobre o assunto entre Armando Vara e Francisco Bandeira, gravadas pela Polícia Judiciária de Aveiro, no âmbito das investigações do caso Face Oculta.
«Armando Vara não mente, como bom transmontano que é. Conheço-o desde 1977 ou 1978 e jamais me passaria pela cabeça que ele me estivesse a enganar. Por isso, continuo convencido que José Sócrates, enquanto primeiro-ministro, não estava a par de nada», disse Cardoso dos Reis, para confirmar que Vara lhe garantiu que José Sócrates «não estava sequer ao corrente da alegada reestruturação referida por Ana Paula Vitorino».
«O meu trabalho parecia-me bom, pois 2007 a 2009 a CP melhorou os seus resultados, por isso não via sentido na minha substituição, logo apenas a 15 dias de eleições, quando só poderia haver um reflexo, só ter uma consequência, que era no dia seguinte sair nos jornais, lá estão os job for the boys», acrescentou o antigo presidente da CP.
«Eu trabalhei com sete governos e com cinco primeiros-ministros, quer do PSD, quer do PS, fui sempre escolhido pelas minhas competências, por isso mantive sempre que ou continuava por mérito, ou via a minha demissão como ilegal», disse ainda Cardoso dos Reis, respondendo ao procurador da República Carlos Filipe Ferreira, o magistrado do Ministério Público titular do caso Face Oculta.
«Sou militante do PS desde 1974 e conheço bem Armando Vara já desde os tempos da Juventude Socialista, mas nunca foi por isso que eu presidi, quer à CP, quer à Refer», garantiu Cardoso dos Reis, engenheiro civil de formação.

Fonte: SOL
 
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