• Olá Visitante, se gosta do forum e pretende contribuir com um donativo para auxiliar nos encargos financeiros inerentes ao alojamento desta plataforma, pode encontrar mais informações sobre os várias formas disponíveis para o fazer no seguinte tópico: leia mais... O seu contributo é importante! Obrigado.

Alfabetizar a memória musical colectiva

florindo

Administrator
Team GForum
Entrou
Out 11, 2006
Mensagens
38,985
Gostos Recebidos
346
ng1342659_435x200.jpg


Alfabetizar a memória musical colectiva

Dêem-me Duas Velhinhas Eu Dou-vos o Universo, do auto-intitulado vídeo músico Tiago Pereira, é um disco de recolha das nossas raízes musicais.
Tudo o que Tiago Pereira faz profissionalmente tem por base uma missão: a alfabetização da nossa memória musical colectiva, porque «um povo sem memória não existe». Para concretizar esse propósito, o auto-intitulado «vídeo músico» – que trocado por miúdos traduz-se em ser um realizador obcecado por captar e documentar as mais variadas manifestações musicais do país – tem assinado projectos como Sinfonia Imaterial, Não me importava de morrer se houvesse guitarras no céu e a blogoteca A Música Portuguesa a Gostar Dela Própria (MPAGDP) onde apresenta «recolhas das nossas raízes musicais» e pessoas que «representam a música que resiste ao desconhecimento». Nesta linha de trabalho, o seu mais recente projecto, com o título irónico Dêem-me Duas Velhinhas Eu Dou-vos o Universo, é então um disco de recolhas do vasto património musical português, apostando na transversalidade territorial, etária e social. Esta amplitude, que também se divide entre amadores e profissionais, transporta-nos da cidade, com o som familiar do amolador que se anuncia, para meios mais rurais, à descoberta de sonoridades tradicionais como, entre outras, os adufes de Monsanto, os andarilhos e a sua chula minhota, as Trava Línguas e a tradição oral algarvia ou a chamarrita açoriana, da ilha do Pico, cantada e tocada em delírio colectivo.
Tal como os vídeos que partilha no site da MPAGDP, esta obra obedece a uma estética de genuinidade, que não esconde desafinações, enganos e os ruídos que envolvem o ambiente onde são feitas as recolhas e se intrometem nas gravações. O desejo maior de Tiago Pereira é que este Dêem-me Duas Velhinhas Eu Dou-vos o Universo fique como objecto para memória futura, até porque, no seu entender, «as recolhas são como células vivas que podem ser usadas e remisturas até ao infinito». «Este disco é uma amálgama daquilo que considero que representa um universo musical português variado e em transformação».
Há, por isso, o desejo de ver outros criadores, profissionais ou amadores, a pegar nestas «amostras» e, daqui, surgirem novas obras. «É preciso conhecer as origens das coisas para se poder apreciar o que se faz hoje», diz Tiago Pereira, reforçando o carácter de propaganda que atribui ao disco. Até porque, comenta, «a alfabetização da memória é muito mais importante que a Música Portuguesa a Gostar Dela Própria».

Fonte: SOL

 
Topo