• Olá Visitante, se gosta do forum e pretende contribuir com um donativo para auxiliar nos encargos financeiros inerentes ao alojamento desta plataforma, pode encontrar mais informações sobre os várias formas disponíveis para o fazer no seguinte tópico: leia mais... O seu contributo é importante! Obrigado.

James Blake à procura da perfeição

florindo

Administrator
Team GForum
Entrou
Out 11, 2006
Mensagens
38,984
Gostos Recebidos
345
ng1349530_435x201.png


James Blake à procura da perfeição

Overgrown amplia o espectro sonoro de James Blake. Mais maduro, o músico confessa que ter-se apaixonado influenciou o disco.
Quando lançou o disco homónimo de estreia, em 2011, James Blake chegou com a etiqueta de acontecimento. Depois de três EP bastante acarinhados pela crítica, a expectativa em torno do primeiro longa-duração do músico londrino era grande. E Blake compensou com um álbum de electrónica delicada e intimista, onde limava as influências que trazia do dubstep – género musical pelo qual se apaixonou na adolescência, ao frequentar clubes nocturnos nos subúrbios de Londres – e apresentava um universo novo, onde a formação clássica de piano e a voz quente próxima da soul se aliavam a experiências sonoras com sintetizadores, loops melódicos, manipulações rítmicas e distorções vocais. À semelhança do trio The xx (que referiu várias vezes como referência), James Blake aprofundou o ambiente minimalista e atmosférico que as electrónicas possibilitam, resultando daí canções de emoções contidas, construídas com batidas espaçosas e prolongadas, a irromperem apenas sob o silêncio, sem dezenas de camadas sonoras por trás. Este despojamento regressa agora com Overgrown, o segundo longa-duração, mas há espaço para a mudança. Ou melhor, para a evolução.
Nos dois anos que separam James Blake de Overgrown, o músico editou mais dois EP, trabalhou com Bon Iver, foi convidado por Kanye West para ir tocar à sua mansão e conheceu Joni Mitchell – de quem gravou a excelente versão ‘Case of You’ – quando a cantora o foi ver ao vivo, num concerto nos Estados Unidos. Ao Guardian, na única entrevista que deu à imprensa, contou que Mitchell deu-lhe «conselhos sábios» sobre como construir uma carreira sólida, reforçando a ideia que Blake já tinha para o novo trabalho: conseguir que a sua música perdure.
Se o objectivo será cumprindo só o tempo o dirá, mas em Overgrown há um evidente amadurecimento musical, com Blake a expandir ideias não só como compositor, mas igualmente como cantor e produtor. Há uma visão mais concreta dos caminhos que quer explorar e o músico é o primeiro a admitir esse aperfeiçoamento. «O primeiro disco é um diário fragmentado sem absolutamente nenhuma ideia central», diz ao diário britânico, considerando ‘Limit To Your Love’ (‘roubado’ a Feist) e ‘The Wilhelm Scream’ os responsáveis pelo sucesso que o registo alcançou. «O álbum reflecte a ausência de algo», continua, assumindo que o facto de se ter apaixonado determinou a construção de Overgrown.
Com apenas nove canções, o novo trabalho recupera a inspiração melódica de James Blake, mas a vulnerabilidade que aí se sentia já não é inconsciente. Como quem vive o amor pela primeira vez, a inocência da descoberta é saciada e, com ela, há todo um novo mundo por explorar. Overgrown é, por isso, rico em detalhes e revela a inteligência de quem compreende agora um álbum como um todo. Além de cativar o ouvinte é preciso mantê-lo preso à obra, introduzindo momentos-chave como ‘Digital Lion’, co-produzido com Brian Eno, e ‘Take a Fall For Me’, com a participação de RZA, do colectivo Wu-Tang Clan, na mais explícita aproximação ao hip hop. Os dois colaboradores ajudam a evidenciar o alargamento do espectro sonoro de Blake, mas é só isso mesmo que fazem: dão uma ajuda. O talento e a criatividade do jovem londrino de 24 anos são tão singulares que brilham individualmente. E, por muito prematuro que possa ser avançar já com possíveis discos do ano, Overgrown é, sem sombra de dúvidas, um sério candidato ao pódio.

Fonte: SOL
 
Topo