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Medicina da Reprodução rejeita limitação dos tratamentos de casais a um por ano
A Sociedade Portuguesa de Medicina da Reprodução (SPMR) criticou hoje a limitação dos tratamentos de casais inférteis a um por ano no Serviço Nacional de Saúde (SNS), considerando que pode comprometer o sucesso do apoio médico à reprodução.
"Esta limitação acaba por desmotivar os casais e diminuir a taxa de êxito dos tratamentos", disse a presidente da SPMR, Teresa Almeida Santos, alertando que "muitos casais podem perder a oportunidade" de ter filhos devido àquela imposição.
No SNS, cada casal pode realizar apenas um ciclo de tratamento por ano, podendo, se for necessário, fazer um total de três tentativas custeadas pelo Estado.
Teresa Almeida Santos falava à agência Lusa a propósito das XXX Jornadas Internacionais de Estudos da Reprodução, promovidas pela SPMR, entre sexta-feira e sábado, num hotel do Luso, concelho da Mealhada.
"Não se justifica que haja um protelar do tratamento. Numa mulher que se aproxima dos 40 anos, isto pode significar que perderá a oportunidade" de ter filhos, afirmou a directora do Serviço de Reprodução Humana dos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC, actualmente integrados no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra -- CHUC).
Teresa Almeida Santos defendeu que a imposição de um tratamento por ano "não faz sentido" se não houver listas de espera.
"A idade da mulher é um dos factores críticos" da infertilidade, salientou.
A limitação de um tratamento por ano "não tem nenhuma vantagem económica" e pode contribuir "para não aumentar a natalidade" em Portugal.
Na sua opinião, os três tratamentos assumidos pelo SNS "podem ser feitos num ano ou em ano e meio", quando "cada vez mais tarde as mulheres decidem" ter filhos.
As listas de espera para procriação medicamente assistida "são significativas em Lisboa e no Sul", onde o SNS "não tem capacidade de resposta para a população" desta zona do país, disse.
Já em Coimbra, por exemplo, "há capacidade instalada para fazer mais do que se faz" actualmente, o que permite concluir que "seria importante repensar esta realidade" da limitação dos tratamentos a um por ano.
Nas XXX Jornadas Internacionais de Estudos da Reprodução, vão ser discutidos diversos temas da medicina da reprodução, como a possibilidade de personalização dos tratamentos de fertilidade, a escolha de tratamentos baseada na evidência e as consequências da limitação ao número de ciclos de tratamentos no SNS.
Fonte: Lusa/SOL