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Du Bin, o chinês que denunciou um campo de tortura e foi lá parar

kokas

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Set 27, 2006
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Du Bin está desaparecido. É um fotógrafo, pontualmente contratado pelo New York Times, e realizador de documentários, mas o último que fez traçou-lhe o destino. «Mulheres Sobre a Cabeça do Fantasma» é o título da história de horror e tortura que não resistiu a contar e que agora o estará a fazer sentir na pele as mesmas atrocidades que denunciou. Depois da estreia do documentário, Du Bin foi detido pela polícia chinesa e a Amnistia Internacional acredita que foi levado para um «Campo de Reeducação Pelo Trabalho».

O documentário, que estreou online a 1 de maio, atraiu a atenção não só dos chineses, mas também um pouco por todo o mundo, sobretudo, na comunidade online. O trabalho documenta um testemunho na primeira pessoa de uma das mulheres que foi levada para o Campo de Reeducação Pelo Trabalho de Masanjia onde sofreu diversas crueldades. Construído sobre um antigo cemitério, é muitas vezes apelidado de «inferno vivo». No interior, segundo denuncia quem lá viveu o terror, as mulheres são violadas repetidamente, com objectos como pincéis, espancadas, esticadas e electrocutadas.
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A violência denunciada agitou as consciências e Du Bin deu várias entrevistas sobre o trabalho e as razões que o levaram a agir. «Fiquei profundamente emocionado quando estavam a falar sobre os seus sofrimentos durante as terríveis torturas. Elas estavam calmas, como se tivesse acontecido com outra pessoa. Fiquei emocionado, pois este tipo de tortura é além da tolerância de qualquer pessoa normal, mesmo assim permaneciam calmas. Acho que são extraordinárias», disse à televisão NTD.

Na mesma entrevista Du Bin afirmou que «não tinha medo», mas a 31 de maio a sua vida mudou. Segundo revela a Aministia Internacional, agentes da segurança nacional vestidos à paisana detiveram-no em sua casa, em Pequim. Não voltou a ser visto e até à data as autoridades não confirmaram oficialmente a sua detenção.

As autoridades chinesas devem clarificar de imediato o paradeiro e a situação legal do proeminente fotografo que se encontra desaparecido desde que foi levado pela polícia de segurança no final de maio, diz a Amnistia Internacional. «A família Du Bin não sabe para onde foi levado nem porquê. A falta de informação é alarmante e estamos muito preocupados com a sua situação. As autoridades chinesas devem clarificar de imediato as circunstâncias da detenção de Du Bin», diz Catherine Baber, diretora do programa da Ásia da Amnistia Internacional que considera ainda que «Du Bin fez um trabalho extraordinário a denunciar a tortura e as condições deploráveis nos Campos de Reeducação pelo Trabalho. Este pode muito bem ser um caso das autoridades estarem a fazer desaparecer uma voz inconveniente e um crítico do governo».

Ao tvi24.pt, Maria Teresa Nogueira, coordenadora do Cogrupo da China, da Aministia Internacional, em Portugal, não tem dúvidas em afirmar que Du Bin sofreu o mesmo destino da realidade que denunciou. «Ele foi mesmo parar a um desses campos. As autoridades chinesas não confirmaram e provavelmente até o vão negar», disse.

A responsável explica que os Campos de Reeducação pelo Trabalho são campos para prisioneiros que são detidos sem julgamento e que são para lá transportados apenas por «indicação da polícia». «De três em três anos têm as penas renovadas. Enquanto lá estão sofrem condições de trabalho duríssimas, como horas e horas a lavrar campos, puxando arados, na maior parte das vezes com muito pouca alimentação», adianta.

Liu Huga é a outra heroína desta história. Tem 51 anos e foi detida por denunciar um esquema de corrupção de funcionários do Governo. Conseguiu, durante os três anos que esteve detida, escrever um diário onde descreveu tudo o que viveu, sofreu e viu. A reeducação que sofreu não lhe toldou a coragem e depois de sair deu ao mundo o seu testemunho.



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