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GF Ouro
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António da Silva Coentrão, de 59 anos, tentou resistir agarrado a uma boia, mas não conseguiu. Outros cinco pescadores foram resgatados com vidaAntónio da Silva Coentrão, de 59 anos, agarrou-se com força à boia que o mantinha à tona de água. Ao lado do mestre do barco ‘Por Deus Ajudado’ – que naufragou ontem o largo da Torreira, em Aveiro – o pescador tentou a todo o custo sobreviver. Mas o cansaço foi mais forte. "Perdi as forças, não aguento mais", disse o pescador ao mestre do barco, Tiago Silva, que ainda lhe pediu para resistir.
Tiago e outros quatro pescadores – que estavam agarrados à balsa – foram resgatados pela Marinha. Foram levados para o Hospital de Aveiro em estado de choque, mas saíram da unidade ao final da tarde. Os sobreviventes, todos eles das Caxinas, em Vila do Conde, estavam desolados com a morte de António.
A tragédia ocorreu ao final da manhã, quando os pescadores voltavam para o Porto de Aveiro. Por razões ainda por apurar, a embarcação virou, tendo antes sido emitido um pedido de ajuda. Quatro dos pescadores saíram do barco e ficaram agarrados à balsa. António e o mestre Tiago, com cerca de 25 anos, foram os últimos a saltar para a água. Ficaram à tona com ajuda de uma boia.
"Contaram-nos que o meu tio começou a perder as forças. O mestre do barco ainda lhe disse várias vezes para aguentar que a ajuda estava a chegar. Ele devia estar muito cansado do dia de trabalho, eles viram-no a ir ao fundo", contou ao CM Ana Luísa Macieira, sobrinha do pescador.
Sameiro, mulher de António, estava ontem destroçada. Assim que soube que um pescador estava desaparecido gritou desesperada na rua. Pressentiu que o marido tinha morrido. "Eu não acredito que te perdi, não pode ser, meu Deus", gritava Sameiro.
Os dois filhos de António estão emigrados e estão já a caminho de Portugal.
cm