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Camarate: ex-responsável admite vendas de munições para o Irão

kokas

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Set 27, 2006
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O ex-responsável da Fábrica de Explosivos da Trafaria Carlos Rolo disse esta quinta-feira na comissão de inquérito ao caso Camarate que a empresa exportou material para o Irão na década de 80, garantindo que foi feito na legalidade.

Carlos Rolo, diretor de vendas em 1980 e a partir dessa data responsável pela produção até 1986, manifestou-se convicto de que o comércio de material quer para o Irão quer para o Iraque foi feito dentro da legalidade e com as licenças exigidas, obtidas junto do Ministério da Defesa.

Na parte inicial da audição, Carlos Rolo disse que foi exportado material para o Irão e para o Iraque entre 1980 e 1986.

Quando entrou na Fábrica, em 1980, o volume de vendas de material de guerra «era ridículo», considerou, precisando que para o Irão vendiam-se granadas de morteiro de 120 quilos e granadas de obus de 155 quilos.

Para o Iraque, eram sobretudo «bombas de avião entre 250 quilos, 500 quilos e algumas de 750 quilos».

Confrontado pelos deputados do CDS-PP e do PSD com o facto de existir na altura um embargo de armas para o Irão, decretado em conselho de ministros em abril de 1980, Carlos Rolo disse que «de certeza» que o embargo não foi contornado, admitindo ter indicado datas incorretas.

«Não estou a ver que se tenha feito alguma exportação durante o embargo», repetiu Carlos Rolo, acrescentando que talvez as vendas tivessem sido operadas não em 1980 mas a partir de 1981 e até 1985.

De acordo com o deputado do CDS-PP Ribeiro e Castro o embargo esteve em vigor de abril de 1980 a fim de janeiro de 1981.

Questionado sobre se tinha conhecimento de tráfico ilegal de armamento, que foi noticiado por alguns jornais da época, Carlos Rolo disse que «histórias havia» mas recusou que alguma se tivesse passado na Fábrica de Explosivos da Trafaria.

«Contavam-se histórias. Havia muitos excedentes do Exército. Mas com o meu conhecimento não. Nós só vendíamos munições e era tudo novo», disse.

Em resposta à deputada do PS Inês de Medeiros, Carlos Rolo reforçou: «As exportações eram legais. Eram acompanhadas de escolta» policial.

Pelo PSD, o deputado Miguel Santos disse constatar que a fábrica foi remodelada em 1980 para responder a «perspetivas de negócio» que incluíam o Irão numa altura em que vigorava um embargo.

«Não tem lógica, a menos que houvesse a perspetiva de que o governo iria mudar a sua posição», considerou.

A X comissão de inquérito ao caso Camarate visa averiguar as «causas e circunstâncias em que, no dia 4 de dezembro de 1980, ocorreu a morte do primeiro-ministro, Francisco Sá Carneiro, do ministro da Defesa Nacional, Adelino Amaro da Costa, e dos seus acompanhantes».

A anterior comissão de inquérito avançou para duas linhas de investigação que foram retomadas na X: o comércio e exportação de material militar e a extinção do fundo de Defesa Militar do Ultramar.

Os deputados procuram perceber se existe algum nexo de causalidade entre a venda ilegal de armas para o Irão e a queda do avião em Camarate.



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