kokas
GF Ouro
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Ricardo Gomes nem teve tempo para pensar, o vizinho da frente batia-lhe à porta a berrar, a casa ao lado, que é da sua tia, estava a arder e havia gente lá dentro. Eram oito da manhã e foi tudo muito rápido: Ricardo e o vizinho arrombaram a porta da casa com dois pontapés, e em menos de dois minutos, aflitos, acordaram e trouxeram para fora da casa em chamas a prima de 21 anos, Vânia, que dormia a sono solto, e a sobrinha bebé, 18 meses, Soraia. As duas estão bem de saúde.
Ricardo, que tem 16 anos, conta: "O fogo já subia pelo telhado, via-se arder de fora, muito fumo, muito preto, muitas faúlas no ar. Assustei-me, claro, mas quando é assim não se pensa, estava cheio de adrenalina e entrei logo, era preciso tirá-las dali. No meio da desgraça, correu bem", diz Ricardo, que está a tirar o curso de cozinheiro.
O fogo, que teve origem provável num curto-circuito nos fios do sótão, devorou todo o interior do T2 onde onde vivia uma família de cinco pessoas, no n.º 17 do Bairro da Brisa, em Pedrouços, Maia. A casa ficou arruinada e não pode ser habitada.
Maria do Céu, arrendatária da habitação social, tia de Ricardo, já tinha saído quando se levantavam as chamas: "Isto é pré-fabricado, é de madeira, tem muita lã de vidro, ardeu tudo num rápido, uma desgraça, móveis, a TV, o frigorífico, a roupa, a comida, os brinquedos da bebé, ficamos sem nada". Agora, Maria do Céu, 47 anos, espera casa nova: "Já cá esteve a Espaço Municipal (empresa camarária), dizem-me que até ao fim de semana teremos casa para morar, precisamos de um T3. Eles ajudam, a Junta de Pedrouços também. Por agora, vamos dormir aqui ao lado, na casa do meu irmão".
Pedro Teixeira, comandante dos Bombeiros de Pedrouços, que combateram as chamas das 8.35 às 9.30 horas, diz: "Estancamos o fogo com rapidez e eficácia, mas o imóvel não se salvou". A casa, uma das 23 do Bairro da Brisa, apresenta risco de ruína e ficou selada esta terça-feira à tarde.
jn