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Dhlakama recusa convite para encontro com Presidente Guebuza

kokas

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Set 27, 2006
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Ao convite lançado pelo Presidente moçambicano, Armando Guebuza, para um encontro com o líder da Renamo, na sexta-feira, em Maputo, o antigo movimento guerrilheiro e principal partido da oposição respondeu com uma recusa liminar. Primeiro, deve haver cessação das acções militares e, só depois, uma reunião entre os líderes, defendeu, em conferência de imprensa, o porta-voz do movimento, Fernando Mazanga.

“Se, na verdade, há interesse do Presidente da República para se encontrar com o presidente Afonso Dhlakama, deve ordenar imediatamente a cessação dos ataques e perseguição que o Exército está a mover à figura do presidente Dhlakama e dos seguranças da Renamo”, considerou Fernando Mazanga, citado pela Lusa.
As negociações dos últimos meses juntaram apenas representantes dos dois líderes em delegações chefiadas por um ministro e um deputado da Renamo. Guebuza e Dhlakama, que já duas vezes disputaram eleições (2004 e 2009), encontraram-se pela última vez há mais de um ano.
Foi em Nampula, antes de o líder da Renamo se retirar definitivamente para a sua base na Gorongosa, província de Sofala, recorda o bispo anglicano D. Dinis Sengulane, que é, juntamente com o académico Lourenço do Rosário, facilitador do diálogo entre Governo e Renamo, mas não mediador oficial.
"É um convite muito encorajador", disse o bispo pelo telefone a partir de Maputo, ainda sem saber da reacção da Renamo, salientando tratar-se da "primeira vez" que uma proposta deste tipo é feita "com data e lugar exacto": sexta-feira, dia 8 de Novembro, na capital, onde a Renamo deixou os seus 50 deputados, apesar do clima de confronto.
A questão da neutralidade do local não se coloca, explica D. Dinis Sengulane, quando questionado sobre o facto de o Sul do país ser predominantemente pró-Frelimo e o Norte ser pró-Renamo. "Não estamos perante dois Estados, mas um Estado. E a Renamo reconhece que temos um chefe de Estado. Então Maputo é a casa de todos", disse. E frisou: "É urgente realizar este encontro."
Ouvir as preocupações da Renamo
No comunicado distribuído à imprensa em Maputo pelo porta-voz do Presidente, Edson Macuácua, e divulgado pela Lusa e AFP, o encontro serviria para “auscultar as preocupações” da Renamo, no “âmbito dos esforços contínuos empreendidos pelo Governo para a preservação da paz”.

No mesmo texto é dito que o Governo moçambicano “usará os canais apropriados” para tornar possível a reunião, mas não explica como seria garantida a segurança de Dhlakama, em parte incerta desde 21 de Outubro. Nesse dia, o Exército moçambicano ocupou a base para onde Afonso Dhlakama se tinha retirado no ano passado, em protesto contra o que dizia ser a falta de disponibilidade para o diálogo do Governo da Frelimo, partido liderado pelo Presidente Guebuza.
Nessa tomada da base, houve disparos, e pelo menos uma pessoa acabou por morrer: Armindo Milaco, deputado e chefe nacional da mobilização da Renamo. Desde então, intensificaram-se as acções de grupos armados, também contra civis, nas províncias de Sofala e Nampula atribuídas pelo Governo aos homens da Renamo.
O Presidente Guebuza tem alternado um discurso dialogante com ameaças de acções militares para repor a soberania, se necessário, e de retaliação de "ataques perpetrados" contra si.
No terreno, o Exército ocupou não só bases da Renamo no Norte do país, mas também, na semana passada, sedes do partido no distrito de Marínguè, também na província de Sofala, e em Rapale, Nampula, e a residência de Dhlakama na Beira, em Sofala.
Em situação de "guerra não declarada"
Ao PÚBLICO, na semana passada, Lourenço do Rosário, que também faz a ponte entre as duas partes, frisou a necessidade desta reunião ao mais alto nível para dar uma oportunidade à paz. "Toda a sociedade moçambicana acha que este problema só se resolve com o encontro entre o chefe de Estado, Armando Guebuza, e o líder da Renamo, Afonso Dhlakama. Isto é fundamental", disse numa entrevista em Lisboa.

"Não interessa a tese de que, desaparecendo ele [Dhlakama], ficam resolvidos todos os problemas. Há um discurso mais radical que defende que a solução final seja essa, o que permitiria ou não o processo da ilegalização da Renamo como partido político armado. Não é constitucional, num país que é um Estado de direito, ter um partido armado. E a Renamo está armada. Esta posição — desarmar a Renamo — é legítima. Mas é preciso saber como desarmá-la. Se através do diálogo, se militarmente", dizia, antes de lembrar a impossibilidade de o líder da Renamo dialogar.
"Neste momento é refugiado militar, está a fugir de uma operação militar. Não é uma questão de polícia, é uma questão militar. Sendo uma questão militar, é uma situação de guerra, embora não seja declarada."



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