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Protestos contra o Governo da Ucrânia alastram para as regiões próximas da Rússia

kokas

GF Ouro
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Set 27, 2006
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Pela primeira vez desde que rebentaram os protestos contra o Presidente da Ucrânia, Viktor Ianukovich, a contestação chegou à região Leste, mais próxima geográfica e culturalmente da Rússia. A agência Interfax reportou confrontos em Dnipropetrovsk e em Odessa, com milhares de manifestantes a tentarem ocupar edifícios da administração regional e a exigir a demissão dos governadores.

Pode ser um sinal importante de viragem ao fim de dois meses de instabilidade e impasse político: até agora, os centros industriais mais importantes do país continuavam fielmente ao lado do Presidente e de uma política pró-russa. Mas essa aparente aliança foi desfeita em cidades como Vinnitsia, Sumi, Zaporizhazhia, Cherkazi e Chernihiv. O Ministério do Interior desvalorizou, disse tratarem-se de acções encetadas por “agentes provocadores” enviados de Kiev.
Num fim-de-semana de reviravoltas políticas, a oposição intensificou a pressão, numa nova prova de força de consequências imprevisíveis: disse não à oferta de partilha do poder avançada de surpresa pelo Presidente. “Viktor Ianukovich anunciou que o Governo não está preparado para assumir a responsabilidade pelo país e ofereceu a condução do Governo à oposição”, bradou Arseni Iatseniuk, o líder do Batkivshchina (Pátria), segundo maior partido do da Ucrânia, perante milhares de pessoas na Praça da Independência (Maidan) de Kiev.
“Nós estamos prontos a assumir a responsabilidade pelo destino da Ucrânia”, notou, interrompido por gritos de “vergonha” e “traição”. “Mas primeiro vamos acabar o que começamos”, prometeu, referindo-se ao movimento para a escolha de um novo rumo – mais europeu – para o país. “E quem vai escolher o chefe do próximo Governo é o povo e não o Presidente”, prosseguiu Iatseniuk, o aliado da “musa” da Revolução Laranja, Iulia Timochenko (agora presa), que foi convidado para o cargo de primeiro-ministro.
Como ele, também o responsável máximo do Udar (Murro), o antigo pugilista Vitali Klitschko, declinou o convite presidencial para integrar o Executivo, como vice-primeiro-ministro para os Assuntos Humanitários. Na manhã de domingo, Klitschko esteve ocupado a negociar a saída em segurança do contingente policial albergado no centro cultural Casa da Ucrânia, que foi tomado pelos manifestantes durante a noite. O edifício tem sido utilizado como base dos efectivos do ministério do Interior – mais um sinal de que a situação começa a fugir da mão das autoridades.

Qual o jogo de Ianukovich?
Na repleta Maidan, como nos corredores do poder e nos jornais, questionavam-se as reais intenções de Ianukovich e as consequências da posição assumida pelos seus adversários políticos. Aparentemente, Viktor Ianukovich estaria mesmo disposto reduzir as suas competências e dividir o poder para pôr fim aos violentos protestos que estão a tomar conta do país. Mas apesar dessas concessões, não mostrou nenhuma disponibilidade para corresponder à principal exigência dos manifestantes: a demissão e convocação de eleições.

Alguns analistas consideravam que com a abertura à oposição, o Presidente procurava apenas ganhar tempo e travar a dinâmica das manifestações, pondo em marcha um processo de reformulação do Governo e de revisão da Constituição que poderia prolongar-se durante vários meses. Outros estimavam um propósito mais prosaico: acabar com a unidade da oposição, jogando com as ambições políticas dos diferentes líderes e colocando-os uns contra os outro. Não foi por acaso, argumentam, que a posição destinada a Vitali Klitschko era de menor importância do que o cargo oferecido a Arseni Iatseniuk, ou que o líder ultranacionalista do Svodoba, Oleg Tiagnibok, foi deixado à margem da barganha presidencial.
Qualquer que seja a estratégia, o Presidente encontra-se agora na desconfortável posição de ter os seus adversários a marcar a pauta. Como observava o correspondente da BBC em Kiev, agora não é Ianukovich mas a oposição que não responde aos apelos ao compromisso.
Para Iatseniuk e Klitschko, o momento é de aproveitar a exposição do Presidente para forçar a negociação de “tudo” – desde a demissão do Governo e convocação de eleições, à revisão da Constituição e das leis que restringem as manifestações, até à libertação de todos os presos políticos, incluindo Iulia Timochenko, a cumprir pena por corrupção e abuso de poder.
Os protestos tomaram conta das ruas de Kiev depois de o Presidente Viktor Ianukovich ter desistido da assinatura de um acordo de cooperação económico e político negociado com a União Europeia, em favor de uma nova aproximação à Rússia, com quem acabou por firmar um pacto comercial para evitar o default da economia ucraniana.
Esta terça-feira, o Presidente russo Vladimir Putin vai reunir-se com os líderes da União Europeia, numa cimeira bilateral em Bruxelas marcada pela desconfiança e acrimónia entre os dois blocos relativamente à Ucrânia. Moscovo tem censurado as tentativas europeias de “interferir” na crise ucraniana, e Bruxelas tem criticado a pressão exercida pelo Kremlin sobre o Presidente Ianukovich.
Dos países bálticos têm vindo várias manifestações de apoio à oposição ucraniana. Também o chefe do Governo da Polónia, Donald Tusk, um dos defensores da integração da Ucrânia na EU, assegurou que o seu país está do lado dos “democratas ucranianos” e dos seus “esforços para um acordo razoável e justo”.



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