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Pedro Pires "Talvez" o MFA não tenha previsto o fim do Império Português

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Jan 24, 2013
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O movimento de capitães que realizou a revolução do 25 de Abril de 1974 em Portugal não deverá ter tido a consciência dos reflexos que teria no então império português, defendeu o ex-presidente cabo-verdiano (2001/11) Pedro Pires.

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Numa entrevista à agência Lusa, Pedro Pires, antigo comandante do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), movimento que liderou a luta armada contra o regime colonial português entre 1963 e 1974, salientou que o 25 de Abril em Portugal permitiu acelerar a independência dos cinco países africanos lusófonos.

"Não sei se os próprios capitães de abril tiveram consciência daquilo que iriam desencadear [a independência de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe]. Essas coisas [revoluções] acontecem e, depois, podemos não ter as condições para as controlar e perder o controlo dos acontecimentos. Acredito que também eles, talvez, também não tivessem tido a possibilidade de prever o que ia acontecer", sustentou.

Pedro Pires, o primeiro chefe de Governo cabo-verdiano (1975/1991) do Cabo Verde independente, lembrou, porém, que no Programa do Movimento das Forças Armadas (MFA) falava-se já na independência e na descolonização nos cinco países africanos de expressão portuguesa.

"O programa do Movimento dos Capitães era claro em relação aos objetivos da independência e da descolonização e da mudança do regime. (Os capitães) eram jovens, mas que aprenderam com a própria vida, com a guerra, com os desastres e com os sofrimentos. De um certo ponto de vista, acredito que já eram pessoas amadurecidas, que sabiam o que queriam. Está claro que lhes faltava o traquejo político. Isso não tinham", argumentou.

Pedro Pires lembrou que o facto de não terem sido generais a liderar a Revolução dos Cravos -- "não foram atores principais da mudança" -, embora tenha admitido que alguns deles, como Costa Gomes, pudessem estar "sintonizados" com a liderança dos golpistas.

"Os generais talvez tivessem tido a possibilidade de acompanhar a mudança e um ou outro poderia estar sintonizado. Penso talvez em Costa Gomes. Seria o que estaria mais perto, porque lembro-me que, ainda em Portugal, em 1960 ou 1961, tinha havido um movimento encabeçado pelo então major Costa Gomes, que teria até sido preso", sublinhou, sem adiantar mais nomes.

Sobre o essencial do 25 de abril" para as antigas colónias portuguesas em África, Pedro Pires lembrou que todos os objetivos, de um lado e do outro, foram atingidos.

"A democratização completa de Portugal, as negociações com os movimentos de libertação nacional e as independências das antigas colónias", frisou, lembrando algumas "resistências" nesse percurso.

"Houve várias resistências nessa direção. O movimento que ficou conhecido por «maioria silenciosa», a tentativa de golpe de Estado da direita militar, ou talvez do general Spínola, entre forças contrárias e contraditórias. Tudo isso, junto, acabou com o regime democrático português, em que intervieram já forças políticas organizadas, que levaram os militares a afastar-se da vida política, não quiseram fazer política", realçou.

"Boa ou má decisão? É uma pergunta, mas as coisas aconteceram assim e acho que foi uma boa decisão", concluiu.
 
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