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Coisas (bizarras) que as pessoas fazem enquanto dormem

maioritelia

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Já despertou completamente nua, sabendo que tinha vestido um pijama ou uma camida de dormir antes de ir para a cama? Quando acorda verifica que tem objetos fora de sítio?




«Imaculada conceção» é o diagnóstico irónico que o polémico e sarcástico Dr. Gregory House faz quando uma mulher solteira, que não tem relações sexuais há mais de um ano, afirma não saber como engravidou.

No episódio «Role Model» da série «House», transmitida nos canais Fox, descobre-se que, afinal, a paciente sofre de um distúrbio do sono pouco conhecido, a sexossónia. Um distúrbio que leva as pessoas que afeta a ter (ou tentar ter) sexo com outras pessoas, de forma inconsciente, enquanto dormem. Mas também há que se comporte de forma agressiva e até quem cometa crimes violentos.




«Os comportamentos básicos, como a atividade sexual, a agressividade e a alimentação podem ser ativados pelo sono de uma forma anómala», explica a neurologista Teresa Paiva. Mas há muitos mais mistérios relacionados com o sono que têm vindo a ser desvendados por especialistas de todo o mundo, revelando cenários anteriormente inimagináveis. Analise os vestígios da sua atividade noturna e saiba o que pode (mesmo) ocorrer em situações de sono interrompido.

Atos não consentidos

Gemidos, masturbação, penetração. As descrições de episódios de sexossónia variam muito dentro deste espetro de comportamentos sexuais que, segundo Teresa Paiva, são realizados de forma «inconsciente e involuntária, durante o sono». Distingue-se dos sonhos eróticos pela sua intensidade, podendo causar ferimentos ao próprio e a terceiros, devido à violência de alguns episódios. Casos extremos podem, inclusivamente, acarretar consequências médico-legais.




Christian Guilleminault, professor de psiquiatria e de ciências comportamentais na Universidade de Stanford, nos EUA, realizou um estudo com pessoas que sofriam de sexossónia e que tinham atacado os seus parceiros durante o sono. Num desses casos o paciente tinha tentado estrangular a mulher, que só se salvou porque o filho adolescente do casal chamou a polícia. Tal como outros distúrbios do sono, esta parassónia está, também, sujeita a simulações por parte de indivíduos que se aproveitam da situação.




É, não só, importante relatar comportamentos violentos a um especialista, para proteger os mais próximos de quem sofre de perturbações do sono como a sexossónia e até para excluir a hipótese de os episódios serem simulações ou crises histéricas. Distinguir estas situações é fundamental para se proceder ao tratamento e, também, porque cada vez mais os distúrbios do sono são usados em tribunal para tentar ilibar pessoas que, segundo Teresa Paiva, conseguem fazer «simulações muito sustentadas e apuradas».




Para provar se se tratam de simulações, comportamentos histéricos ou episódios de sexossónia são necessárias avaliações psicológicas, exames de polissonografia (monitorização fisiológica do sono) e registos de vídeo durante o sono. Os resultados são, muitas das vezes, conclusivos e surpreendentes


Agredir sem consciência

É possível cometer verdadeiras atrocidades durante o sono, desde violar alguém até matar outro ser humano. Os comportamentos anormais noturnos são comuns, mas, além da sexossónia, apenas os transtornos comportamentais do sono REM, as epilepsias noturnas e o sonambulismo podem ser realmente perigosas para o próprio e para outros. Sem consciência dos seus atos nem memória dos mesmos, a pessoa que sofre de qualquer destas perturbações do sono pode andar pelas ruas à noite e até conduzir.




«Volta e meia quem sofre deste distúrbio agarra-se ao pescoço mais próximo», afirma Teresa Paiva, referindo-se ao transtorno comportamental do sono REM. Afeta sobretudo homens idosos, que tendem a manifestar comportamentos violentos devido ao contexto dos seus sonhos (nos quais normalmente estão a ser atacados). Os indivíduos conseguem representar os sonhos graças a uma libertação muscular que geralmente ocorre no fim da noite.




De acordo com a psicóloga clínica Filipa Jardim da Silva, este transtorno costuma ser um sintoma de doenças como a demência e o Parkinson. «Mandaram-na para a bruxa, porque durante o sono deitava-se noutras camas», comentou Teresa Paiva enquanto descrevia o caso de uma doente com epilepsia. Apesar de a situação não apresentar contornos sexuais, «passou a ser um grande problema» quando a rapariga foi viver para uma residência universitária.




Distinguir epilepsias noturnas de crises histéricas é das avaliações que exige maior perícia. A epilepsia noturna ocorre a meio da noite (em certos casos, várias vezes por noite), e carateriza-se por uma atividade cerebral excessiva. As consequências potencialmente violentas do sonambulismo foram exploradas no filme «Efeitos Secundários» de Steven Soderbergh, em que uma das personagens simula um episódio de sonambulismo para cometer um crime.




Mais frequente nos rapazes entre os 6 e os 12 anos, o sonambulismo está relacionado com o stresse e a ansiedade na vida adulta e com um historial familiar. Os episódios de sonambulismo só ocorrem, normalmente, uma vez por noite, cerca de uma hora após a pessoa adormecer. Essa tende a ser a média, apesar de existirem exceções que fazem a regra.

Tratar fenómenos bizarros

«O sexo durante o sono será frequente, mas as pessoas não acham que seja uma doença e não procuram um médico para se tratarem», adianta Teresa Paiva, que já tratou mais de 10 mil pessoas com distúrbios do sono. De facto, um dos pacientes do psiquiatria Christian Guilleminault só recorreu a um especialista ao fim de quinze anos a lidar com sintomas de sexossónia.




Ainda que se fale pouco do assunto, Colin Shapiro e J.Paul Fedoroff, investigadores das Universidades de Toronto e de Ottawa (ambas no Canadá), têm realizado estudos sobre sexossónia desde meados dos anos 90 e descobriram que é um distúrbio do sono tratável.

Voluntários que sofriam de sexossónia foram tratados com medicamentos para o sonambulismo e, nuns casos, deixaram de sofrer daquela perturbação e, noutros, os episódios diminuíram de intensidade e de frequência. Em alternativa a esta resposta, a psicóloga clínica Filipa Jardim da Silva propõe a «autohipnose em casos leves a moderados, porque favorece um sono mais tranquilo».
 
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