• Olá Visitante, se gosta do forum e pretende contribuir com um donativo para auxiliar nos encargos financeiros inerentes ao alojamento desta plataforma, pode encontrar mais informações sobre os várias formas disponíveis para o fazer no seguinte tópico: leia mais... O seu contributo é importante! Obrigado.

Lares de idosos têm “modelo deprimente”, mas será que isso é inevitável?

Feraida

GF Ouro
Membro Inactivo
Entrou
Fev 10, 2012
Mensagens
4,161
Gostos Recebidos
2
706397.jpg

Em Portugal há "um grande desrespeito pelas pessoas idosas", lamenta o presidente da Associação dos Amigos da Grande Idade, que acredita que é possível "estar num lar e ser feliz"

A Associação Amigos da Grande Idade reclama uma mudança radical da abordagem dos problemas da terceira idade em Portugal, de forma a combater-se a ideia feita de que o envelhecimento corresponde “a um processo de inactividade, de sofrimento e de depressão”. “É preciso um novo modelo de financiamento, de educação e de intervenção” para alterar o panorama, sintetiza Rui Fontes, presidente da associação que esta segunda-feira conseguiu pôr vários políticos e ex-políticos a discutir as questões que decorrem do aumento da longevidade, num congresso, na Assembleia da República.

Considerando que em Portugal, país em acelerado processo de envelhecimento, “há um grande desrespeito pelas pessoas idosas e pouca reflexão sobre os seus direitos”, Rui Fontes dá o exemplo de instituições, como lares e residências assistidas, onde se “proíbe os mais velhos de beber álcool e se põem de lado as questões do sexo”. “Se uma pessoa se apaixona por outra num lar de idosos o modelo é gozar [com aquela relação], torná-la uma gracinha”, lamenta.

Para o presidente desta associação criada há uma dezena de anos, os serviços e cuidados dirigidos a idosos estão mesmo a “falhar” em Portugal porque têm “um modelo deprimente” e porque a maior parte assenta num “comportamento caritativo e assistencialista”. Por alguma razão, nota, é que nos países do Norte da Europa 13,5% dos idosos vivem em instituições e, em Portugal, a percentagem se fica pelos 3,7%. Mas esta situação não é uma inevitabilidade, acredita.

No documento com “13 recomendações para a longevidade” apresentado no Parlamento, a Associação Amigos da Grande Idade propõe, entre outras coisas, um novo modelo de financiamento das instituições que recebem idosos. “Hoje financiamos mais a institucionalização do que a permanência em casa”, critica Rui Fontes, para quem o modelo actual – tanto o dos lares de idosos como o das residências ou hotéis assistidos – não serve para as pessoas mais velhas que continuam independentes e activas. “Acabam por ter de pagar como se estivessem incapacitadas”, frisa, lembrando que a legislação obriga a que as instituições para a terceira idade tenham “50% de camas articuladas”, além de outros requisitos, que encarecem sobremaneira este tipo de resposta.

A solução passa por “uma mudança radical do modelo de financiamento”, abrindo a possibilidade de investimento noutro género de serviços e cuidados mais destinados à vida livre, activa, preventiva e feliz”, advoga Fontes, ele próprio director técnico de um lar de idosos, o do Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas. Mas devia também abrir-se a possibilidade de comparticipação às famílias e dar mais valor aos cuidados domiciliários, de forma a manter as pessoas em casa, sempre que possível.“Não podemos pensar que vamos ter lares para dois milhões de pessoas”, por isso é necessária uma política de apoio às famílias e redes de vizinhança, diz o presidente da associação.

Garantindo que é possível "estar num lar e ser feliz" e ser-se "mais eficaz com menos gastos”, Rui Fontes defende que não faz sentido continuar a duplicar e a triplicar ofertas e serviços comparticipados pelo Estado, "sem qualquer orientação e sem qualquer resultado”, como acontece actualmente em Portugal. Propõe, a propósito, que se crie uma rede nacional de serviços e cuidados diferenciados com tipologias distintas, até porque "não se pode partir do princípio de que depois dos 65 anos estamos todos doentes, carenciados e incapacitados”.

Acima de tudo, e de imediato, o presidente da associação recomenda que se aposte fortemente na educação e na formação. "Não podemos continuar a ter cuidadores que necessitam de mais cuidados do que as pessoas de quem cuidam. Não podemos continuar a fechar os olhos à falta de capacidade técnica que existe na área dos cuidados às pessoas idosas”, sublinha.
In:público
 
Topo