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René Pontoni: o homem que fez o Papa Francisco chorar

kokas

GF Ouro
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Set 27, 2006
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Os olhos de uma criança não iludem. Honestos, sinceros, gravadores de experiências e memórias. Testemunhas privilegiados de aprendizagem e saber.

O que pode valer uma simples ida ao futebol nos verdes anos da infância?

Todos os que amam o jogo têm recorrentes ataques de nostalgia. O pai de mão dada, a bancada cheia, aquele golo que provavelmente não foi tão bom como julgámos, o cachorro quente que sabia a iguaria perfeita, a bandeira a tocar-nos o cabelo e a face.

Jorge Mario Bergoglio não é diferente. Na ostentação do Vaticano continua a ver futebol e a sofrer pelo seu San Lorenzo. A investidura sacra esconde umhincha de coração inteiro, visita frequente do Gasómetro, a casa do San Lorenzo, na década de 40.

Foi, precisamente, no mítico estádio do Ciclón que Bergoglio, o Papa Francisco, conheceu um ídolo. Chamava-se René Pontoni, fazia parte de um famoso trio de ataque – completado por Armando Farro e Rinaldo Martino – e era, diz quem o viu jogar, um verdadeiro craque.

No famoso título argentino de 1946, Pontoni foi especialmente decisivo. Jorge Bergoglio falou, de resto, recentemente sobre o antigo avançado argentino.

«Recordo quando era criança e ia ao estádio, particularmente durante o ano de 1946. Ia com os meus pais e fiquei impressionado com Pontoni. Nunca me esquecerei de um golo dele».
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O pequeno Jorge tinha, então, nove anos. O golo de que fala foi marcado por René Pontoni ao Racing Avellaneda, a 20 de outubro de 1946. O San Lorenzo venceu por 5-0 e garantiu nessa tarde o título argentino.

O Papa Francisco chorou como nunca antes chorara num campo de futebol.

As crónicas da época descrevem o momento de Pontoni como se de uma fábula se tratasse.

«De La Mata centrou para a área, em busca do Maestro Pontoni. Este recebeu a bola de costas e marcado por dois defesas, Yebra e Palma. Virou-se e controlou de peito. Deixou a bola flutuar no ar durante um tempo que pareceu eterno, sorte de malabarista, e sempre sem a deixar cair fugiu para a direita rematou cruzado. Bateu Ricardo, guarda-redes do Racing, mas o público só segundos mais tarde foi capaz de celebrar. No instante imediatamente a seguir ao golo, limitou-se ao assombro».

La Chancha - assim tratavam Pontoni, por ser muito largo e ter tendência para engordar -, entrou ali na vida e no coração de Jorge Bergoglio.

Os olhos de criança não esquecem, mesmo que sejam rodeados diariamente pela riqueza anormal incrustrada em janelas, paredes, vitrais ou altares do Vaticano.

Nem a seleção de Portugal escapou a Pontoni

René Alejandro Pontoni perdeu os pais cedo, demasiado cedo. Ganhou os primeiros anos de vida a vender ovos e foi resgatado da mais profunda pobreza pelo futebol. Nasceu a 18 de maio de 1920 no bairro de La Facultad, Santa Fé, quinto filho do matrimónio de Hermenegildo Pontoni e Lucía Scarafía.

Ao Club Gimnasia y Esgrima de Santa Fé chegou com 12 anos. Por lá limou a sua exuberante riqueza técnica. Daí rumou ao Newell’s Old Boys, onde esteve de 1940 a 1945. Foi no San Lorenzo de Almagro, porém, que se deu a conhecer ao pequeno Jorge e ao mundo.

Entre 1945 e 1948 fez 98 jogos e 66 golos. Chegou à seleção da Argentina e estabeleceu uma marca que nem Maradona nem Messi lograram alcançar: um golo por jogo de média. 19 internacionalizações, 19 golos em representação da alvi-celeste.

Conquistou por três vezes a Copa América.
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Depois do tal ano de 1946, Pontoni integrou a comitiva do San Lorenzo numa digressão pela Península Ibérica. Efetuaram nove jogos em Espanha e um em solo português. Foi em Lisboa, a 2 de fevereiro de 1947, que o Ciclón esmagou a Seleção Nacional portuguesa por 10-4.

René Pontoni marcou cinco golos, Peyroteo, Jesus Correia e Rogério Pipi (2) atenuaram as dores lusitanas.

A história perfeita de Pontoni acabou em 1948. Uma entrada bárbara de um adversário (Rodolfo de Zorzi), num jogo contra o Boca Juniors, na Bombonera, desfez-lhe o joelho direito. Fratura de rótula e menisco, rotura de ligamentos, lesão horrenda.

Voltou para jogar na Colômbia, no Brasil e encerrou a carreira com quatro jogos penosos no San Lorenzo. Abandonou o futebol em 1954.

20 anos depois foi eleito pelo jornal El Gráfico o melhor ponta-de-lança de sempre do futebol argentino.

«Tenho saudades do futebol. Acho que fui capaz de o jogar mais ou menos bem». René Pontoni tomava conta, nessa década de 70, da sua pizzaria em Santa Fé, La Guitarrita.

Faleceu com 62 anos, em 1983, vítima de um enfarte. Ficou para a história como o homem que fez chorar o menino Jorge Bergoglio, o Papa Francisco.
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