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É capitão do Sporting, é médico e socorreu dois adversários

kokas

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Set 27, 2006
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Ricardo Figueira diz que agiu por instinto: nem se lembra do que lhe passou pela cabeça naqueles instantes em que ignorou o jogo e se concentrou em dois adversários.

«Não sou médico só no hospital, sou médico vinte e quatro horas por dia», conta em conversa com o Maisfutebol.

«Antes de ser jogador, sou médico. Por isso naqueles momentos em que é preciso olhar para o bem estar de um colega de profissão nem penso. Simplesmente atuo.»

Felizmente os dois casos acabaram por não ser graves, mas podiam ter sido. Ricardo Figueira diz que não consegue ficar indiferente a isso.

O primeiro caso aconteceu com Diogo Neves, atleta do Paço d’Arcos, e levou o hoquista do Sporting a acompanhá-lo até no Hospital Santa Maria.

«Foi um choque de cabeça com cabeça. Ele chocou comigo e fiquei logo preocupado. Não teve perda de conhecimento, mas teve dificuldades em levantar-se. Fiquei de olho nele durante o resto do jogo e mais tarde queixou-se de uma pequena tontura.»

Ora uma tontura é um péssimo sintoma, diz o senhor doutor.

«Nestes casos os protocolos de segurança dizem sempre que se deve proceder a uma avaliação neurológica. A avaliação preliminar não deu nada de especial, mas achei por bem que depois do jogo fosse observado num hospital. Por isso entrei em contacto com um colega do Santa Maria, encaminhei-o para lá e mantive-me sempre ao corrente.»

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A atitude acabou até por merecer um agradecimento público do pai de Diogo Neves. Através das redes sociais, o pai do adversário reconheceu a forma «excecional e incondicional como foi prestado todo o apoio por parte de Ricardo Figueira», escreveu.

«Por vezes em casos destes, nas 24 ou 48 horas seguintes, podem surgir sintomas. Por isso achei necessário que ele fosse mantido sob vigilância.»

O segundo caso aconteceu num jogo do Sporting com a Oliveirense, a contar para os quartos de final da Taça CERS. Gonçalo Alves caiu no chão, Ricardo Figueira correu a socorrê-lo e quase que levava ele próprio com uma bola na cabeça.

«A minha tendência quando um jogador cai é ir logo lá. Sou médico vinte e quatro horas por dia, lá está. Felizmente também não foi nada de grave.»

O capitão do Sporitng fez mais do que isso, no entanto: marcou os dois primeiros golos da vitória por 4-1 sobre a Oliveirense, que permitiram dar a volta a um resultado negativo da primeira mão e apurar a formação leonina para a final four de uma competição europeia.

O que não acontecia na história da modalidade do clube há mais de vinte anos.

«Conseguimos esse apuramento europeu e continuamos a achar que não conquistámos nada. Isto é tudo muito bonito, sim senhor. Mas é preciso títulos», atira Ricardo Figueira.

«Este é o ano zero do reaparecimento do hóquei como modalidade profissional do Sporting. Festejámos efusivamente o apuramento, mas queremos mais, claro. Somos uma equipa ambiciosa e queremos títulos.»

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Oliveira de Azeméis costuma de resto ser uma casa feliz para Ricardo Figueira: foi lá que se sagrou campeão do mundo, em 2003, com a camisola da seleção nacional.

Desde então muito mudou na vida do capitão do Sporting, que tem uma história até muito curiosa.

Natural de Bragança, foi contratado com a idade de juvenil pelo FC Porto. Mudou-se para a Cidade Invicta, onde conciliou o hóquei com o curso de medicina. Foi nessa qualidade, aliás, e como jovem muito promissor, que foi campeão mundial em 2003.

«Acabei o curso de medicina em 2010 e fui colocado a fazer o internato do ano comum em Vila Real. Nessa altura tive de escolher entre o hóquei e a medicina. Escolhi a medicina e deixei de jogar. Em 2010 abandonei a carreira de hoquista», conta.

«Em 2012 mudei-me para Lisboa para fazer a especialidade. Perguntaram-me se não queria treinar com um grupo de veteranos do qual faziam parte alguns antigos jogadores também muito conhecidos, como o Rui Lopes e outros. 'Ah, e tal, anda daí que é bem melhor do que ires para o ginásio'. Acabei por treinar uma, duas, três vezes.»

Depois, quando já não pensava nisso, apareceu o Sporting.

«Tinha 30 anos, ainda me sentia totalmente capaz, adquiri algum ritmo e o engenheiro Gilberto Borges convidou-me para ir treinar com o Sporting.»

Foi treinar, foi inscrito para os três últimos jogos da época e foi fundamental na conquista do objetivo de não descer de divisão. Nunca mais deixou a equipa leonina. Hoje é até o capitão e é peça fundamental dentro de campo.

Simultanemamente trabalha no Hospital Curry Cabral, onde acaba a especialidade de Medicina Física e de Reabilitação. O que tem uma grande vantagem.

«Esta especialidade não faz urgências. Por isso não sou obrigado a fazer noites e fins-de-semana, o que me dá a possibilidade de continuar a jogar hóquei.»

Com «muito empenho» e uma «grande paixão», diz, atira-se de cabeça às duas atividades. Ajudou o Sporting a ser outra vez grande no hóquei e não se esquece que é médico nem por um segundo: nem num jogo fundamental para a equipa, por exemplo.





mf
 
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