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China está a viver uma "revolução sexual", diz a socióloga

kokas

GF Ouro
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Set 27, 2006
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Mais de 70% dos chineses têm relações sexuais antes de casar, rompendo com a milenar "cultura de abstinência" que dominou a China até ao final da década de 1970.
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De acordo com um estudo de Li Yinhe, investigadora reformada da Academia Chinesa de Ciências Sociais, aquela percentagem subiu de 15% para 71% durante os últimos 25 anos.

"Isto é uma revolução sexual tranquila", afirma a socióloga. "As pessoas passaram a falar sobre sexo mais abertamente".
Li Yinhe, 63 anos, é considerada "a primeira sexóloga da China".
Num recente encontro com jornalistas estrangeiros, Li Yinhe situou o início da referida revolução em 1977, "o ano da revisão do Código Penal, que descriminalizou as relações extraconjugais".
Uma mulher que mantivesse relações sexuais com vários homens podia ser condenada e presa, contou a socióloga.
Na China antiga, "as pessoas eram muito positivas em relação ao sexo", mas desde a dinastia Song (960-1279) até à "Grande Revolução Cultural Proletária (1966-76) predominou "uma cultura de abstinência sexual".
O Partido Comunista Chinês (PCC), que tomou o poder em 1949, "era, em muitos aspetos, parecido com a igreja cristã" e "associava o sexo à burguesa e ao capitalismo", sustenta a socióloga.
"Para os comunistas, a prioridade era alimentar a população. A comida, em primeiro lugar. Um das primeiras medidas que tomaram foi fechar os bordéis", disse.
"É verdade que, para quem tem uma vida muito dura, o sexo é um luxo. Mas as pessoas, hoje, já têm a barriga cheia e o sexo passou a ser uma necessidade corrente", acrescentou.
O PCC, entretanto, renunciou ao "aprofundamento da luta de classes" e sem abdicar do seu "papel dirigente", adotou uma nova política, focada no desenvolvimento económico.
Em apenas três décadas, a pobre e isolada China tornou-se a segunda economia mundial, ultrapassando o Japão e a Alemanha. Mais de 650 milhões de chineses usam a internet, 80% dos quais através de smartphones e outros dispositivos móveis.
"Muitas coisas mudaram", salienta Li Yinhe. "A comunidade 'gay' tornou-se mais visível e a sociedade chinesa tem-se mostrado bastante tolerante acerca da homossexualidade".
A homossexualidade foi retirada da lista oficial de "perturbações mentais" em 2001, mas a socióloga considera que, neste domínio, continuam em vigor "leis absurdas e ultrapassadas".
Li Yinhe defende a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo e a "descriminalização da prostituição, da pornografia e do sexo em grupo".
"Além da Coreia do Norte, não conheço outro país que tenha uma lei como esta", disse a sexóloga acerca da proibição da pornografia.
Quanto à legalização da prostituição, argumentou que "todas as relações consentidas entre adultos devem deixar de ser punidas pela lei, quer haja ou não dinheiro envolvido".
"As amantes e concubinas dos ricos, que eles sustentam como símbolos do seu sucesso e poder, não são punidas", observou.
Nas décadas de 1960 e 1970, Li Yinhe estaria provavelmente detida num "campo de reeducação através do trabalho", acusada de promover "ideias decadentes" e "contrarrevolucionárias".
Em dezembro passado, a socióloga assumiu que tem há 17 anos uma relação amorosa com um transexual e vivem juntos com uma criança deficiente adotada.
"O meu companheiro nasceu mulher, mas identifica-se como homem e só consegue apaixonar-se por mulheres heterossexuais e não por mulheres homossexuais", escreveu Li Yinhe na sua conta no Sina Weibo, o "twitter chinês".
Foi uma "confissão" sem precedentes nos meios intelectuais chineses e, logo nas primeiras 24 horas, atraiu mais de 200.000 leitores.
"Toda a gente é, de alguma forma, única. Respeitar as escolhas das Li Yinhe que vivem entre nós é respeitarmo-nos a nos próprios", comentou na altura o Diário do Povo, órgão central do PCC.



nm
 
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