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GF Ouro
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Fotografia © Álvaro Isidoro / Global Imagens
Entrevista a Wolfgang Münchau, editor associado do Financial Times e especialista em União Europeia.
A Grécia deve sair da zona euro?
O meu conselho seria contra a saída, mas também contra mais um programa de austeridade. O meu conselho para a Grécia seria que entrasse em incumprimento da sua dívida e escolhesse um regime monetário paralelo, a fim de reentrar na zona euro mais tarde. É possível chegar a um acordo com os credores oficiais. A Grécia poderia propor o incumprimento de apenas uma parte da dívida - digamos de metade em vez do total. Isso protegeria os credores em certa medida e dar-lhes-ia, e ao BCE, um incentivo para manter a assistência de liquidez de emergência durante mais tempo do que no caso de um Grexit com um default completo com todos os credores estrangeiros. É possível que a Grécia venha a ter de introduzir controlos de capital durante um período transitório. O essencial é que a Grécia já não necessite de executar grandes superavits primários de forma a liquidar dívidas antigas.
O que vai acontecer à União Europeia se a Grécia sair do euro?
Vejo duas consequências. Os mercados financeiros acabarão por perceber que com o Grexit a zona euro já não é uma união monetária, mas um sistema de taxas de câmbio fixas de portas abertas com uma moeda única, onde os membros entram e saem. Perceberão que ser membro da zona euro não é necessariamente uma coisa para sempre - e isto poderá afetar os preços dos ativos - e a capacidade de um Estado membro de resistir a crises financeiras no futuro. A segunda consequência é a de que a Grécia poderá vir a ser muito menos cooperativa no Conselho Europeu. Se viesse a receber ajuda financeira da Rússia depois do Grexit é difícil de perceber como é que a Grécia poderia votar no sentido de defender sanções da UE contra a Rússia, por exemplo. A Rússia teria na verdade comprado um bilhete como membro de pleno direito do Conselho Europeu.
Quais as consequências para Portugal e para as economias europeias do Sul?
dn