Presumo que esta seja mais uma história a juntar a tantas outras sobre a aquisição de um receptor TDT via satélite. E digo isto porque já li em vários pontos na internet que esta aquisição nunca é feita de modo simples, devido às complicações que a MEO (empresa responsável pela venda desse tipo de aparelhos) criou em torno de tudo o que tem a ver com a TDT. Como a história é longa e envolve questões técnicas, achei por bem registar em texto a minha experiência neste caso, e partilhar na internet de modo a eventualmente poder ajudar quem esteja interessado em enveredar por esta opção.
Primeiro, ponto da situação: Queria ter acesso aos canais TDT num apartamento que não é a residência do dia-a-dia, mas também não queria ter de pagar a um operador para ter TV por lá. Tentei inicialmente há mais de um ano atrás ver se apanhava o sinal de TDT propriamente dito (sinal terrestre), no entanto o prédio não tem antena comunitária. Depois de várias experiências concluí que não era possível receber o sinal TDT por essa via, mesmo com uma antena exterior. Assim, e como eu já andava curioso por adquirir uma antena parabólica e me iniciar neste mundo, resolvi ir para a solução "radical"; adquiri uma antena parabólica + motor DiSEqC + receptor. Depois de muito estudo, horas passadas no terraço do prédio, etc e etc, lá ficou o sistema instalado e a funcionar. Com isso passaram diversos meses até que eu resolvesse investir 77€ na compra do receptor TDT de satélite da MEO, coisa que fiz ontem.
Inicialmente telefonei para a linha de apoio TDT (800 200 838) para saber de forma oficial como poderia adquirir esse aparelho. Resposta: em qualquer loja MEO ou representante oficial. E como iria comprar sem pedir o subsídio para aquisição desse aparelho, supostamente o processo seria simples. Mas o processo foi tudo menos simples...
Dirigi-me então a uma loja MEO (não a um representante oficial), onde pedi para adquirir o dito receptor. O funcionário começou logo a dizer que seria necessário um comprovativo de morada, e que eu teria de residir numa zona sem cobertura TDT efetiva (ou seja, fora da zona designada por eles como "verde"), e que se eu estivesse dentro dessa zona não poderia adquirir o receptor, etc e etc. Tive de explicar que sabia que esse era o procedimento de aquisição com recurso ao subsídio, e que não era essa a modalidade que eu pretendia recorrer. Ainda tive alguma conversa com ele até o convencer a se informar melhor sobre os procedimentos de aquisição desses receptores. Após uns minutos, lá ele encontrou na documentação da loja que era possível vender o receptor sem o subsídio, mesmo a clientes que estejam dentro da zona verde. Era a alínea 2.2.2 desse documento.
Depois de ele ver que afinal podia vender-me o receptor sem supostas complicações, começa o verdadeiro martírio para nós dois. Digo isso porque entre esse momento e a hora em que saí da loja, passou cerca de uma hora e meia! Tudo porque a complexidade burocrática do sistema informático que autoriza esse tipo de venda é tanta que nem o funcionário estava a conseguir lidar com aquilo. O sistema dava erros, mostrava inconformidades, e por aí a fora. Mas pronto, o funcionário sempre foi simpático e paciente para lidar com todo esse trabalho.
Por fim saí da loja e fui para casa instalar o receptor (um Samsung). Como já tinha um receptor de satélite em casa, posicionei a antena para o Hispasat (30ºW), o satélite onde é emitido pela MEO os canais TDT. Ainda sintonizei a RTP1 para confirmar que estava a apanhar esse sinal, e obtive um sinal de 90% e qualidade de 76%. Tudo OK então. Assim, troquei esse receptor pelo novo da Samsung. Li o guia rápido de iniciação, e pareceu-me que o processo seria muito mais simples do que aquele que já conhecemos sobre a instalação de um receptor de satélite standard. A configuração do aparelho passa por três fases: a da configuração da língua dos menus, resolução da TV, entre outras - feito - ; depois segue-se o método de instalação, onde deveria selecionar o automático - feito - ; por fim, na terceira fase, surge o indicador de que o receptor está a captar o sinal da antena parabólica. No entanto as duas barras de sinal estavam ambas completamente a zeros! Só poderia haver algum problema com o aparelho, já que havia confirmado antes que a antena estava a captar corretamente o sinal da RTP1. Depois reparei que mesmo usando a configuração automática, o Transponder e o Symbol Rate pré-definidos pelo receptor não coincidiam com os valores que são efetivamente transmitidos pelo satélite. O receptor indicava 12012/30000H enquanto que os valores corretos são 12130/27500H. Como já estava achando isso tudo estranho, e não conseguia mudar os valores pré-definidos, acabei por ligar para a linha de apoio ao TDT (o tal 800 200 838). Após muita conversa, muito enrolanço, e muito passa-chamadas, acabaram por me dar um número de um técnico, já que segundo eles, não poderiam fazer nada em relação a este problema. Mais, já me avisaram que esse serviço seria pago...
Como eu sabia que o problema não estava na instalação mas sim no aparelho, fui andando lá às voltas pelos menus, até que descobri como alterar os valores do Transponder e do Symbol Rate. O aparelho não vem com modo manual, essas alterações são feitas mesmo dentro do modo automático, bastando selecionar com o comando esses campos! Coisa óbvia, mas que na hora não foi intuitivo para mim, até porque os menus não davam nenhuma pista sobre essa possibilidade...
Alterei então o valor do Transponder para 12130 e o do Symbol Rate para 27500. Tudo o resto deixei igual. E pronto, problema resolvido! As barras de sinal já passaram a indicar os valores que eram de esperar. Só agora é que foi possível avançar com a configuração do receptor. Primeiro ele fez uma atualização automática. Fica a nota de que no fim desse processo o aparelho fica em standby, ao contrário do que acontece com a maioria dos equipamentos do género em que voltam a ficar ON. Depois de ligar o aparelho, o processo de sintonia dos canais correu sem percalços e de modo rápido. Tudo concluído, o receptor sintoniza automaticamente a RTP1. Depois disso surgiu um novo problema...o receptor deu um aviso de que o cartão estava inactivo. Nada de surpreendente já que o próprio manual do aparelho dizia que isso poderia acontecer. Também refere que a solução é deixar o aparelho ligado por até duas horas de modo a que essa situação seja resolvida de forma automática. Não foi preciso tanto tempo, após cerca de meia hora o aviso desapareceu por uns segundos...e deu lugar a outro aviso... "o cartão não se encontra emparelhado a nenhum receptor" (ou algo do género). Esperei mais algum tempo, desliguei e voltei a ligar o receptor, mas a situação continuava igual. Então lá voltei a ligar para o tal número de apoio ao TDT, pensando que agora seria algo simples deles resolverem, já que o receptor já estava a captar corretamente o satélite. Fui atendido, e após alguma conversa a solução que me foi dada seria ligar no dia seguinte (devido a já passar das 22:00) para um outro número, o 800 200 838...sim, eu não me enganei a digitar o número, mandaram-me ligar para o mesmo número! Fiz essa observação, a que o rapaz do outro lado da linha responde-me "ah sim? Então espere um pouco por favor". Ok, foi o que eu fiz...esperei cerca de 2 minutos, e voilà! A RTP1 surgiu na minha televisão. O rapaz voltou a falar comigo para dizer que havia reiniciado os parâmetros de emparelhamento do cartão com o receptor, e que isso deveria solucionar o problema. E sim, resultou.
Agora a questão que se faz é...para quê tanta complicação à volta de uma coisa que poderia ser muito mais simples? Porque é que nem o pessoal do apoio à TDT sabia que era necessário alterar os valores do Transponder e Symbol Rate que vinham pré-definidos no receptor? Eu nunca notei má vontade de nenhum dos funcionários com quem falei, notei sim foi falta de formação por parte deles sobre a TDT. E isso não é responsabilidade deles mas sim da entidade empregadora...
PS: já agora ficam aqui umas notas sobre a TDT via satélite, que não coincidiram com as informações que me foram dadas há tempos:
1 - o cartão descodificador que vem com o receptor está de facto emparelhado com o descodificador. Haviam-me dito que depois de ativo, poderia usar o cartão para descodificar os canais da TDT em qualquer outro receptor de satélite. Eu experimentei essa possibilidade, e não descodifica coisa alguma.
2 - os canais RTP Madeira e RTP Açores só são descodificados nessas ilhas, respetivamente. Ou seja, por exemplo na Madeira não dá para ver a RTP-A. Da mesma forma nos Açores não deverá dar para ver a RTP-M. E no território continental não dará para ver nem a RTP-M, nem a RTP-A. Sobre a RTP-M tenho as minhas dúvidas, já que esse canal passou a ser transmitido em todo o território nacional há pouco tempo. Se alguém com TDT via satélite a residir no território continental pudesse verificar se o receptor descodifica a RTP-M ou não, seria mais essa informação que ficaria cá.
E pronto, esta foi mais uma odisseia sobre a aquisição de um receptor TDT via satélite...mais uma história a juntar há já várias espalhadas por aí. Espero que ao menos tenha servido para vosso entretenimento!
Primeiro, ponto da situação: Queria ter acesso aos canais TDT num apartamento que não é a residência do dia-a-dia, mas também não queria ter de pagar a um operador para ter TV por lá. Tentei inicialmente há mais de um ano atrás ver se apanhava o sinal de TDT propriamente dito (sinal terrestre), no entanto o prédio não tem antena comunitária. Depois de várias experiências concluí que não era possível receber o sinal TDT por essa via, mesmo com uma antena exterior. Assim, e como eu já andava curioso por adquirir uma antena parabólica e me iniciar neste mundo, resolvi ir para a solução "radical"; adquiri uma antena parabólica + motor DiSEqC + receptor. Depois de muito estudo, horas passadas no terraço do prédio, etc e etc, lá ficou o sistema instalado e a funcionar. Com isso passaram diversos meses até que eu resolvesse investir 77€ na compra do receptor TDT de satélite da MEO, coisa que fiz ontem.
Inicialmente telefonei para a linha de apoio TDT (800 200 838) para saber de forma oficial como poderia adquirir esse aparelho. Resposta: em qualquer loja MEO ou representante oficial. E como iria comprar sem pedir o subsídio para aquisição desse aparelho, supostamente o processo seria simples. Mas o processo foi tudo menos simples...
Dirigi-me então a uma loja MEO (não a um representante oficial), onde pedi para adquirir o dito receptor. O funcionário começou logo a dizer que seria necessário um comprovativo de morada, e que eu teria de residir numa zona sem cobertura TDT efetiva (ou seja, fora da zona designada por eles como "verde"), e que se eu estivesse dentro dessa zona não poderia adquirir o receptor, etc e etc. Tive de explicar que sabia que esse era o procedimento de aquisição com recurso ao subsídio, e que não era essa a modalidade que eu pretendia recorrer. Ainda tive alguma conversa com ele até o convencer a se informar melhor sobre os procedimentos de aquisição desses receptores. Após uns minutos, lá ele encontrou na documentação da loja que era possível vender o receptor sem o subsídio, mesmo a clientes que estejam dentro da zona verde. Era a alínea 2.2.2 desse documento.
Depois de ele ver que afinal podia vender-me o receptor sem supostas complicações, começa o verdadeiro martírio para nós dois. Digo isso porque entre esse momento e a hora em que saí da loja, passou cerca de uma hora e meia! Tudo porque a complexidade burocrática do sistema informático que autoriza esse tipo de venda é tanta que nem o funcionário estava a conseguir lidar com aquilo. O sistema dava erros, mostrava inconformidades, e por aí a fora. Mas pronto, o funcionário sempre foi simpático e paciente para lidar com todo esse trabalho.
Por fim saí da loja e fui para casa instalar o receptor (um Samsung). Como já tinha um receptor de satélite em casa, posicionei a antena para o Hispasat (30ºW), o satélite onde é emitido pela MEO os canais TDT. Ainda sintonizei a RTP1 para confirmar que estava a apanhar esse sinal, e obtive um sinal de 90% e qualidade de 76%. Tudo OK então. Assim, troquei esse receptor pelo novo da Samsung. Li o guia rápido de iniciação, e pareceu-me que o processo seria muito mais simples do que aquele que já conhecemos sobre a instalação de um receptor de satélite standard. A configuração do aparelho passa por três fases: a da configuração da língua dos menus, resolução da TV, entre outras - feito - ; depois segue-se o método de instalação, onde deveria selecionar o automático - feito - ; por fim, na terceira fase, surge o indicador de que o receptor está a captar o sinal da antena parabólica. No entanto as duas barras de sinal estavam ambas completamente a zeros! Só poderia haver algum problema com o aparelho, já que havia confirmado antes que a antena estava a captar corretamente o sinal da RTP1. Depois reparei que mesmo usando a configuração automática, o Transponder e o Symbol Rate pré-definidos pelo receptor não coincidiam com os valores que são efetivamente transmitidos pelo satélite. O receptor indicava 12012/30000H enquanto que os valores corretos são 12130/27500H. Como já estava achando isso tudo estranho, e não conseguia mudar os valores pré-definidos, acabei por ligar para a linha de apoio ao TDT (o tal 800 200 838). Após muita conversa, muito enrolanço, e muito passa-chamadas, acabaram por me dar um número de um técnico, já que segundo eles, não poderiam fazer nada em relação a este problema. Mais, já me avisaram que esse serviço seria pago...
Como eu sabia que o problema não estava na instalação mas sim no aparelho, fui andando lá às voltas pelos menus, até que descobri como alterar os valores do Transponder e do Symbol Rate. O aparelho não vem com modo manual, essas alterações são feitas mesmo dentro do modo automático, bastando selecionar com o comando esses campos! Coisa óbvia, mas que na hora não foi intuitivo para mim, até porque os menus não davam nenhuma pista sobre essa possibilidade...
Alterei então o valor do Transponder para 12130 e o do Symbol Rate para 27500. Tudo o resto deixei igual. E pronto, problema resolvido! As barras de sinal já passaram a indicar os valores que eram de esperar. Só agora é que foi possível avançar com a configuração do receptor. Primeiro ele fez uma atualização automática. Fica a nota de que no fim desse processo o aparelho fica em standby, ao contrário do que acontece com a maioria dos equipamentos do género em que voltam a ficar ON. Depois de ligar o aparelho, o processo de sintonia dos canais correu sem percalços e de modo rápido. Tudo concluído, o receptor sintoniza automaticamente a RTP1. Depois disso surgiu um novo problema...o receptor deu um aviso de que o cartão estava inactivo. Nada de surpreendente já que o próprio manual do aparelho dizia que isso poderia acontecer. Também refere que a solução é deixar o aparelho ligado por até duas horas de modo a que essa situação seja resolvida de forma automática. Não foi preciso tanto tempo, após cerca de meia hora o aviso desapareceu por uns segundos...e deu lugar a outro aviso... "o cartão não se encontra emparelhado a nenhum receptor" (ou algo do género). Esperei mais algum tempo, desliguei e voltei a ligar o receptor, mas a situação continuava igual. Então lá voltei a ligar para o tal número de apoio ao TDT, pensando que agora seria algo simples deles resolverem, já que o receptor já estava a captar corretamente o satélite. Fui atendido, e após alguma conversa a solução que me foi dada seria ligar no dia seguinte (devido a já passar das 22:00) para um outro número, o 800 200 838...sim, eu não me enganei a digitar o número, mandaram-me ligar para o mesmo número! Fiz essa observação, a que o rapaz do outro lado da linha responde-me "ah sim? Então espere um pouco por favor". Ok, foi o que eu fiz...esperei cerca de 2 minutos, e voilà! A RTP1 surgiu na minha televisão. O rapaz voltou a falar comigo para dizer que havia reiniciado os parâmetros de emparelhamento do cartão com o receptor, e que isso deveria solucionar o problema. E sim, resultou.
Agora a questão que se faz é...para quê tanta complicação à volta de uma coisa que poderia ser muito mais simples? Porque é que nem o pessoal do apoio à TDT sabia que era necessário alterar os valores do Transponder e Symbol Rate que vinham pré-definidos no receptor? Eu nunca notei má vontade de nenhum dos funcionários com quem falei, notei sim foi falta de formação por parte deles sobre a TDT. E isso não é responsabilidade deles mas sim da entidade empregadora...
PS: já agora ficam aqui umas notas sobre a TDT via satélite, que não coincidiram com as informações que me foram dadas há tempos:
1 - o cartão descodificador que vem com o receptor está de facto emparelhado com o descodificador. Haviam-me dito que depois de ativo, poderia usar o cartão para descodificar os canais da TDT em qualquer outro receptor de satélite. Eu experimentei essa possibilidade, e não descodifica coisa alguma.
2 - os canais RTP Madeira e RTP Açores só são descodificados nessas ilhas, respetivamente. Ou seja, por exemplo na Madeira não dá para ver a RTP-A. Da mesma forma nos Açores não deverá dar para ver a RTP-M. E no território continental não dará para ver nem a RTP-M, nem a RTP-A. Sobre a RTP-M tenho as minhas dúvidas, já que esse canal passou a ser transmitido em todo o território nacional há pouco tempo. Se alguém com TDT via satélite a residir no território continental pudesse verificar se o receptor descodifica a RTP-M ou não, seria mais essa informação que ficaria cá.
E pronto, esta foi mais uma odisseia sobre a aquisição de um receptor TDT via satélite...mais uma história a juntar há já várias espalhadas por aí. Espero que ao menos tenha servido para vosso entretenimento!
