kokas
GF Ouro
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Plantar ervas para fazer os próprios medicamentos, aproveitar peças dos carros velhos para arranjar os novos ou cortar os cigarros ao meio para os fazer render são alguns truques.
Quando a professora universitária Rona del Valle sugeriu na televisão que as famílias semeassem "plantinhas de acetaminofeno (paracetamol)" para combater a febre das crianças, não estava apenas a reconhecer implicitamente que o sistema económico do país é ineficiente. A pré-candidata às eleições parlamentares pelo Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) também admitia que o venezuelano tem recorrido à criatividade para enfrentar a escassez, que afeta diversos sectores da economia. A sugestão tornou-se motivo de piadas nas ruas e nas redes sociais.
O país está semiparalisado pelas constantes e longas filas e pela falta dos mais diversos bens essenciais. Carros velhos foram transformados em fornecedores de peças para veículos avariados e cujas reposições não estão disponíveis ou são vendidas a preços exorbitantes. "A peça original custa 80 mil bolívares [11 mil euros], mas consegui uma usada por 27 mil (3700 euros). Não tenho condições de pagar dez vezes mais do que o meu salário e tão pouco posso ficar sem o carro, já que o transporte público é deficiente", explica a administradora Erika Valdívia.
A criatividade tem sido a maior aliada da população do país nos últimos seis meses, quando a escassez se agravou a ponto de transformar o venezuelano - considerado como esbanjador noutros tempos - em especialista em economia doméstica.
dn