kokas
GF Ouro
- Entrou
- Set 27, 2006
- Mensagens
- 40,723
- Gostos Recebidos
- 3
Sociedade de análise de risco considera que o estado acabou por ter um papel fundamental para o facto de o BES ter sido obrigado a fechar portas
Presidente da Sociedade de Avaliação Estratégica e Risco afirma que o grupo Espírito Santo seria sustentável se o estado português tivesse "ajudado o grupo financeiro".
O presidente da Sociedade de Avaliação Estratégica e Risco (SaeR) considerou hoje que a blindagem imposta pelo Banco de Portugal e pelo Governo entre a área financeira (BES) e não financeira (GES) foi decisivo para o colapso do banco.
"O Banco de Portugal e o Governo, ao criarem aquela solução do 'ring fencing' (blindagem), criaram uma pressão sobre o grupo não financeiro, quando devia ter sido o contrário, deviam ter ajudado o grupo financeiro, porque havia estudos que demonstravam, estudos independentes encomendados pelo Banco de Portugal e executados pela PricewaterhouseCoopers (PwC) - em março de 2014, quando o relatório foi entregue, que o grupo como um todo, numa lógica de conglomerado, tinha viabilidade, tinha sustentabilidade e tinha uma solução para resolver o problema", disse à Lusa José Poças Esteves, líder da SaeR.
Segundo Poças Esteves, "bastava ter tido o apoio intercalar que eliminasse aquela pressão de curto prazo que havia, sem se fazer uma venda apressada de ativos, que destruía valor e criava uma bola de neve negativa que acabou no colapso", apontando para o pedido de apoio de 2,5 mil milhões de euros para o Grupo Espírito Santo (GES) feito por Ricardo Salgado junto do executivo de Passos Coelho.
"Devia-se ter ajudado e não se devia ter aumentado a velocidade desta bola de neve. Atendendo ao peso que o banco e o grupo tinham na economia portuguesa, o facto de se constituirem um centro estruturante e de racionalidade da economia portuguesa, com decisão nacional, deveria, eventualmente, ter tido um outro tipo de acompanhamento ou um outro tipo de solução", sublinhou, acrescentando: "Do lado do Governo, provavelmente, também não se entendeu que estávamos perante um caso estruturante da economia portuguesa e que se podia estar a pôr em causa o próprio modelo de desenvolvimento da economia portuguesa".
Poças Esteves defendeu que uma economia do tipo da portuguesa precisa de conglomerados mistos para se desenvolver e admitiu alguma estranheza pelo facto de não se ter ajudado a salvar o GES, mas apoiar-se a implementação de grupos semelhantes de capital estrangeiro em Portugal.
dn