• Olá Visitante, se gosta do forum e pretende contribuir com um donativo para auxiliar nos encargos financeiros inerentes ao alojamento desta plataforma, pode encontrar mais informações sobre os várias formas disponíveis para o fazer no seguinte tópico: leia mais... O seu contributo é importante! Obrigado.

É em linha curva, não reta, que se dança a diferença

kokas

GF Ouro
Entrou
Set 27, 2006
Mensagens
40,723
Gostos Recebidos
3
ng4636816.JPG



A temporada abre com Dez Mil Seres, de Clara Andermatt. Não é novo. Mas é para ser olhado outra vez. A coreógrafa retornou à ilha do Grupo Dançando com a Diferença, bailarinos portadores de deficiência




A coreógrafa Clara Andermatt regressou à Calheta, na Madeira, para voltar ao bailado Dez Mil Seres. Passaram-se três anos desde a estreia da peça. "Curiosamente, as coisas estão lá." As coisas, garante ela a partir da ilha, ainda "estão presentes" neles, bailarinos do Grupo Dançando com a Diferença. Neste caso, dançar "com a diferença" é dançar com síndrome de Down, de Asperger ou uma perna amputada. Sim, mas isso é ainda pouco específico. Pois é sobretudo da dança de Mickaella Dantas, Aléxis Fernandes, Bárbara Matos, Rui Costa, Sofia Marote, Joana Caetano e Telmo Ferreira que se trata. E que quinta-feira chega ao Teatro Carlos Alberto, no Porto, inserida no MEXE - Encontro Internacional de Arte e Comunidade.Esta é a segunda coreografia de Clara para o grupo, depois deLevanta os Braços como Antenas para o Céu (2005). Teve alguns "receios e reticências" iniciais, que logo perdeu. Um habitual "cuidado excessivo, algumas condescendências que nós fazemos à partida, como se houvesse uma impossibilidade. E não. É uma outra forma. Também se vai aprendendo batendo com a cabeça nas paredes. É muito engraçado, quando eu falo, por exemplo, com o Alexis [que tem síndrome de Asperger] de determinada maneira e ele me devolve com uma maneira de "Eu assim não te percebo"." Depois Clara fala--lhe de forma "espontânea" e então entendem-se."A grande ajuda foi o Henrique." Haveria de repetir isto várias vezes ao longo da conversa. Henrique Amoedo é o brasileiro que em 2001 fundou a companhia - então a convite do Governo Regional, pela Direção Regional de Educação Especial e Reabilitação - e nunca mais dali saiu (desde 2007 que são uma associação, já não vinculada ao Governo). É ele que faz o trabalho de (quase) todos os dias do grupo de gente entre os 14 e 55 anos.Em Dez Mil Seres, Clara quis deles, bailarinos, "uma viagem muito íntima de si próprios em relação a si". Quando fala da viagem para chegar a esse ponto - lugar da interioridade - lança: "Já não sei que filósofo dizia que, às vezes, a forma mais rápida de chegar de um ponto a outro é uma linha curva. E nessa viagem da linha curva chegamos a outros pontos que eu acho que são desconhecidos não só para o intérprete - e essa é a magia e a beleza - como para mim também." Descobriu isto (que agora também lhe pertence, além desse "filósofo"): "Que essa linha curva é mais rápida do que a linha reta."


dn
 
Topo