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Rei Dylan. Rolling Stone escolhe os melhores de sempre

kokas

GF Ouro
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A revista elegeu os cem melhores escritores de canções de canções de todos os tempos. Bob Dylan partilha o pódio com dois Beatles - John Lennon e Paul McCartney.






Se esta história se passasse em Portugal, o desfecho mereceria certamente investigação: a revista Rolling Stone, referência para os melómanos, apesar de não conseguir o desgaste geracional e uma certa acomodação, decidiu arriscar editorialmente e escolher os cem melhores autores de canções. Em língua inglesa, pressupõe-se, uma vez que não andam por lá António Carlos Jobim ou Léo Ferré, nem representantes de outros idiomas ainda menos evidentes: além dos nascidos no Canadá e na Irlanda, onde também se pratica o inglês, quase todos são naturais dos Estados Unidos ou do Reino Unido. E até duas das quatro exceções confirmam essa hegemonia (ou esse critério): Joe Strummer, metade da dupla criativa dos The Clash (classificada no número 57), nasceu em Ankara, Turquia, mas foi inglês de pleno direito, e Jackson Browne (37), nativo de Heidelberg, Alemanha, é um americano de gema. Tudo somado, sobram Bjorn Ulvaeus e Benny Andersson (100, na lista), os dois suecos que assinaram todos os êxitos dos Abba, e Bjork (81), a islandesa que já nos Sugarcubes se tinha convertido aos encantos da lingua de Shakespeare.




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Mas regressemos à "suspeita" atrás ameaçada: o topa-tudo chico-esperto pressentiria o cheiro a esturro ao assistir à eleição, pela revista Rolling Stone, do autor que conta no melhor do seu património com uma canção chamada... Like A Rolling Stone. Bob Dylan aparece, sem surpresa, no lugar mais alto de uma lista que se aceita (que remédio...) mas que não deixa de apresentar desequilíbrios e lacunas. A colocação do autor de Don"t Think Twice, It"s Alright acaba por se tornar inevitável, bastando olhar para a vastidão, para os "lugares visitados" e para a longevidade de uma obra que atesta que este criador já dispôs de muito mais do que nove vidas. Dos tempos de Greenwich Village e da folk de combate na sequência do mestre Woody Guthrie (28 na lista) até aos dias de hoje, em que um certo mundo musical se mantém suspenso daquilo que Dylan queira contar de novo, não se descobre melhor. Discos recentes, como Modern Times, Together Through Life e Tempest, reacenderam a chama. É campeão, toquem-se - e ouçam-se - os hinos.
A polémica pode abrir-se nos outros dois lugares de pódio: Paul McCartney fica com a prata, John Lennon com o bronze. Publicaram juntos, à sombra dos Beatles (cujo "terceiro homem", George Harrison, aparece relegado para número 65), entre 1962 e 1970. Depois disso, Lennon só teve mais dez anos de carreira e de vida, enquanto o percurso solitário, e com os Wings, de McCartney dura há 45. No entanto, a cisão do "átomo" Fab Four dividiu também as preferências entre um e outro, até por causa das relações difíceis entre ambos em determinadas etapas. Suspeito que esta separação das águas não contribuirá para a bonança. Chuck Berry, o veteraníssimo pioneiro da Idade do Rock, aparece em quarto lugar, o que faz dele o maior autor negro de canções populares, para a Rolling Stone. A dúvida instala-se: Johnny Be Goode, Maybelline, Roll Over Beethoven, Rock and Roll Music, Sweet Little Sixteen e mais umas quantas chegam para que ele apareça colocado à frente de Smokey Robinson (o número 5 da lista final), de Stevie Wonder (10), de Bob Marley (11, vindo do reggae e da Jamaica, nem por isso menos negro), do trio Eddie Holland, Lamont Dozier e Brian Holland (que partilha o número 15 e que assinou dezenas dos êxitos da editora mais simbólica do crescimento negro na música pop, a Motown), de Prince (18) e de Robert Johnson (22, que morreu em 1938 mas ainda hoje aparece apontado como referência incontornável para os praticantes de blues e de R&B), isto para contemplar apenas o primeiro quarto da tabela?



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