kokas
GF Ouro
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Com um pequeno empréstimo fez uma fábrica de latas que cresceu até se tornar um império multifacetado. Preparava o filho para lhe suceder mas tudo ruiu quando ele morreu, aos 22 anos, num acidente. Criou então a Fundação com o seu nome, centrada na cultura e na ciência.
Quando vinha de Lisboa, fiz um desvio para ir ver Vale de Cambra e Lordelo. Queria ver onde começou a sua vida. O que é que procurou, para lá daqueles montes?
Cresci numa atmosfera de trabalho, de metalomecânica. A família da minha mãe estava na indústria dos laticínios - Vale de Cambra foi o berço desse setor em Portugal. O meu pai era ambicioso, trabalhador, e iniciou o seu caminho no apoio às fábricas, na conservação, manutenção e construção dos equipamentos. Daí passou para os vinhos, as margarinas, as metalomecânicas pesadas. Agora, a Arsopi - do nome do meu pai, Arsénio Soares de Pinho - até produz equipamentos nucleares. É a maior empresa portuguesa nessa área e é exportadora para todo o mundo de equipamento de grandes dimensões.
E os filhos trabalhavam com ele?
Éramos estudantes e trabalhadores. A oficina era por baixo da nossa casa. Não existiam para nós sábados e domingos nem horários de trabalho. Vivíamos numa fase de guerra e estava em causa produzir e poupar. Endireitei milhares de pregos e escolhi montes de sucata à procura de algo que se pudesse aproveitar. Aprendi a ser torneiro, ferrador, malhador, carpinteiro, fresador e tudo o mais que uma empresa destas tem. Também trabalhei como desenhador, calculador, orçamentador, aprendi a relação com os clientes e fornecedores. Isso deu-me uma larga experiência da vida empresarial, que na altura não se chamava nada disso. Nem se sabia o que eram empresários nem se usava a palavra "industrial". O meu pai era um serralheiro.
E ao mesmo tempo estudava e foi fazendo estágios?
dn