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Corrupção: uma questão de vida ou de morte para Xi Jinping

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O presidente elegeu como prioridade o combate à corrupção. E garantiu que nem "tigres" nem "moscas" seriam poupados

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A prisão do governador da importante província de Fujian é o mais recente episódio daquilo que o presidente chinês Xi Jinping classificou como uma "luta de vida ou de morte" contra a corrupção no país e no partido.Su Shulin dirigiu ainda a Sinopec, uma das mais importantes petrolíferas chinesas, das dez mais lucrativas em 2014 e a 24.ª maior empresa estatal do país em volume de negócios, segundo a listagem da Forbes para 2015. Era governador de Fujian desde 2011, uma das mais ricas províncias da República Popular da China (RPC) e onde o desempenho de funções está frequentemente equacionado com a promoção para cargos de maior importância, em geral no centro político em Pequim.Su, de 53 anos, é acusado de "violação de disciplina", expressão equivalente à prática de corrupção. Além de governador, era vice-secretário-geral do Partido Comunista Chinês (PCC) na província e considerado próximo do antigo responsável da segurança interna da RPC, Zhou Yongkang. Este último é o mais alto dirigente chinês até hoje a ser condenado por corrupção, tendo recebido uma sentença de prisão perpétua em junho. No seu trajeto, Zhou passara igualmente por empresas do setor petrolífero, área estratégica para a China e por onde passam alguns dos alinhamentos entre as fações que coexistem no PCC.Este aspeto explica a prioridade dada pelo presidente Xi ao combate à corrupção no setor petrolífero, funcionando a atuação contra infratores como pretexto para afastar elementos de círculos distintos daquele a que pertence o líder chinês. Desde a chegada ao poder, em 2012, que Xi tem desenvolvido a mais ampla campanha contra a corrupção a que se tem assistido desde a fundação da RPC em 1949. Ainda recentemente garantiu que a campanha não pouparia nem "tigres" nem "moscas", referência, respetivamente, aos mais altos quadros e aos militantes comuns.Poucos dias após o anúncio da prisão de Su, era comunicada em Pequim nova detenção: o responsável do Banco da Mongólia Interior, Yao Yongping, sob acusações de "prática de suborno, desvio de fundos e incapacidade em demonstrar a proveniência de bens e propriedades". Em setembro, um outro dirigente do mesmo banco fora detido sob as mesmas acusações. Ainda neste mês um outro banco regional, este na província de Dalian, viu o seu presidente investigado e detido. Desde 2013 que o setor bancário tem sido alvo de sucessivas investigações e prisões, a mais relevante, até ao momento, foi a do vice-presidente do Banco da Agricultura da China, uma instituição de dimensão nacional.Não são apenas setores estratégicos, como a banca ou os petróleos, a serem alvo das investigações. Não há área de atividade, incluindo a cultura e os desportos, que não seja investigada. Com resultados. Em setembro, um ministro adjunto do Desporto, Xiao Tian, foi acusado de ter recebido "subornos", além de se aproveitar da posição que desempenhava para obter ganhos pessoais e "para terceiros". Xiao, cujo país ganhou em junho a organização dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2022, foi já expulso do partido e está sob investigação. A expulsão do PCC é o passo prévio a qualquer acusação formal, segundo o princípio de que o partido é constituído por figuras sem mancha e que os suspeitos não passam de "ovos podres" (uma das expressões empregadas na propaganda para os classificar) que, naturalmente, não merecem integrar a formação que dirige os destinos da China.Para se ter uma ideia do combate à corrupção como instrumento político para o presidente Xi, estão recenseadas quase 120 investigações nos últimos três anos, a maioria com condenações. Em contrapartida, na década em que Hu Jintao esteve no poder, antes de ser sucedido por Xi, foram afastados ou presos 70 dirigentes envolvidos em casos de corrupção.As relações sociais na China contemplam uma cultura de prendas como parte integrante do quotidiano em que, em especial no caso de altos quadros, a dimensão e natureza do que é oferecido será distinto do que sucede nos escalões mais baixos. Todavia, na maioria dos casos conhecidos, a existência de corrupção parece iniludível. Vejam-se os casos do presidente da Câmara de Lanzhou, Yuan Zhanting, que foi visto com, pelo menos, cinco relógios de luxo. Algo que nunca poderia adquirir com o o seu vencimento. Foi afastado de funções e investigado em dezembro de 2012. Ainda no mesmo ano, 12 quadros femininos do PCC, de médio e alto nível, foram afastados por "corrupção cosmética": tinham aceitado vouchers e cartões pré-pagos para tratamentos de beleza em troca de favorecimento em questões oficiais. Na mesma ocasião, um 13.º elemento, do sexo masculino, foi preso por usar fundos oficiais para pagar as idas aos salões de beleza da amante.Um outro caso envolvendo relógios (e muito mais) sucedeu em 2013, quando o responsável pela segurança no trabalho na província de Xianxim, Yang Dacai, mais conhecido como "Irmão Relógio", foi preso e julgado ao não conseguir explicar, durante uma investigação como adquirira uma avultada fortuna.Em 2014, as autoridades detiveram Cai Rongsheng, responsável pelas admissões de estudantes na Universidade de Renmin, em Pequim, quando tentava fugir do país. Mais uma vez, questões de suborno e luvas estiveram no centro do caso.Luta políticaMas com o combate à corrupção, que o presidente Xi identificou corretamente como ameaça mortal para a hegemonia e legitimidade do PCC na sociedade chinesa, há uma dimensão de confronto político associado à questão. Em especial quando se trata de altos dirigentes, como Zhou Yongkang ou Bo Xilai, (ver ao lado) e está em causa diferentes conceções das prioridades políticas e económicas para o país.Há um precedente no passado. Quando Deng Xiaoping começou a consolidar o poder foram afastados dezenas de responsáveis em várias áreas, oficialmente por comportamentos ilícitos, na prática por se oporem ao programa de abertura económica que aquele defendia.Nos casos de mais alto nível - os referidos Zhou e Bo - qualquer deles era associado a grupos opostos ao presidente Xi ou ao seu programa político. E ambos advogavam um controlo mais estrito da economia, com Bo a ser considerado para posições na liderança máxima e Zhou a deter um completo controlo e uma ampla rede de influências e contactos em todo o aparelho de segurança que dominou, efetivamente, entre 2002 e 2012.A corrupção não é só uma questão de vida ou de morte para o PCC. Pode ser também a forma de determinar se terão sucesso, ou não, as políticas de Xi Jinping para a sociedade chinesa.



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