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Nasceu na Índia, combateu no Afeganistão e agora é o ministro da Defesa do Canadá

kokas

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Set 27, 2006
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Harjit Singh Sajjan é um dos quase 500 mil sikhs que vivem no Canadá. Minoria religiosa com tradição militar e muito próspera, dá agora três ministros ao país, incluindo o da Defesa
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Não admira que o Times of India fizesse notícia com o novo governo de Justin Trudeau, que tomou posse neste mês: "Três sikhs prestam juramento como ministro do Canadá", titulava o jornal de Nova Deli, o maior do mundo em inglês, com 3,5 milhões de tiragem diária. Um deles, sobretudo, merecia atenção, Harjit Singh Sajjan, por ter nascido no Penjabe indiano e só em 1975, quando tinha 5 anos, ter emigrado com a família para a América do Norte. É o novo ministro da Defesa, fazendo justiça à tradição militar dos sikhs, uma religião monoteísta fundada no século XV e que, de tão massacrada pelos soberanos muçulmanos da Índia, acabou por tornar-se uma espécie de casta marcial. Por norma, os homens chamam-se Singh, que quer dizer "leão", e as mulheres são Kaur, que significa "princesa".Harjit Singh Sajjan foi eleito deputado por Vancouver, nesse Canadá virado para o Pacífico onde a maioria dos quase 500 mil sikhs indianos se fixou a partir de finais do século XIX. Para comprovar a diversidade étnica do Canadá, sobretudo na província da Columbia Britânica, o seu rival na corrida ao Parlamento é originário de Hong Kong e um destacado membro da comunidade chinesa de Vancouver.Trudeau, filho de um antigo primeiro-ministro e surpreendente vencedor das legislativas de 19 de outubro à frente do Partido Liberal, apostou num gabinete onde há paridade de sexos (15 homens e 15 mulheres) e grande diversidade étnica, incluindo uma índia e uma refugiada afegã. Na foto da tomada de posse a 4 de novembro, dois turbantes destacavam-se, um vermelho, outro cinzento, o de Sajjan (um dos sikhs não usa turbante).O leão e a princesaCasado com Kuljit Kaur, uma médica mãe dos seus dois filhos, o novo ministro da Defesa trabalhava como detetive para a polícia de Vancouver até ser eleito. Antes, como militar, prestou serviço na Bósnia e no Afeganistão. Numa das três missões no país da Ásia Central, na zona de Kandahar, ganhou uma medalha por comportamento heroico. Com 158 mortos, o contingente canadiano foi depois do americano e do britânico o que mais baixas sofreu no Afeganistão a combater os talibãs. Não admira, com este passado militar, que o ministro tenha fama de "durão", apesar deste desmentir: "I am no bad-ass", afirmou já depois de tomar posse, dizendo que quem o conhece bem, como a família e os amigos, sabe que isso de ser um durão não é verdade.No Canadá, o primeiro sikh terá chegado à zona de Vancouver em 1897. Chamava-se Kesur Singh e era um veterano do exército britânico da Índia. Não foi fácil a integração dos sikhs, com os seus turbantes e barbas a expô-los à xenofobia (houve mesmo agora insultos racistas no Facebook a Sijjan). Mas a sua ética de trabalho foi pouco a pouco conquistando os canadianos e nas décadas de 1960 e 1970 houve milhares de sikhs a imigrarem, muitos deles com estudos superiores. É nessa época que chega a família do ministro. Outra vaga de sikhs chega ao Canadá após o ataque do exército indiano ao Templo Dourado em Amritsar, para expulsar um grupo de extremistas que lutava pela independência do Penjabe. Desses tempos complicados, ficou também um atentado contra um avião da Air India que voava de Montreal para Bombaim e que fez mais de 300 mortos.Os melhores soldados do RajSenhores de um império com capital em Lahore que abrangia partes dos atuais Afeganistão, Paquistão e Índia, os sikhs resistiram aos colonizadores britânicos como mais ninguém, mas depois tornaram-se durante o século XIX os melhores soldados ao serviço do Raj. Em 1947, aquando da violenta partição da Índia, tomaram partido por esta contra o Paquistão, imaginado como pátria para os muçulmanos. E depois deram à nova Índia de maioria hindu mas laica alguns dos seus mais reputados soldados. Hoje com 96 anos, o sikh Arjan Singh é o único general de cinco estrelas indiano vivo.Na Índia, já houve presidente e primeiro-ministro sikhs. Mas hoje há mais sikhs no governo de Otava do que no de Nova Deli, como notava o Times of India. Sajjan promete ser o que mais vai dar que falar. Por exemplo, já disse que os canadianos não têm de ter medo dos Estado Islâmico. Palavra de leão.



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