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SPORTING - Leões voltam a ter ciclismo

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Leões voltam a ter ciclismo

O Sporting comunicou, esta quarta-feira, que vai voltar a ter uma equipa de ciclismo e que irá assinar, dia 28 de dezembro, uma parceria com o Clube de Ciclismo de Tavira, que irá trabalhar na formação de uma equipa.

Comunicado:

«O ciclismo ajudou a expandir o nome dos grandes clubes portugueses por todo o País. Eram muitas as pessoas do interior de Portugal que não tinham oportunidade de vir ao Estádio José Alvalade ou que não tinham modalidades que disputassem competições com o Sporting. Assim, tinham no ciclismo uma oportunidade única de ver desportistas do nosso Clube”, conta Leonel Miranda, ex-ciclista ‘leonino’ entre 1964 e 1975. De facto, uma coisa é certa: a expansão do Sporting enquanto maior potência desportiva nacional em muito se deve ao aparecimento do ciclismo como modalidade acarinhada por grande parte da população. Foi, aliás, de rodas postas na estrada que se iniciou a maior rivalidade portuguesa, que ainda hoje perdura por entre estádios e pavilhões – Benfica e Sporting perfilavam-se como principais opositores, tendo em Alfredo Trindade e José Maria Nicolau os grandes protagonistas de uma corrida que, noutros desportos, ainda hoje se mantém. A importância dos dois ciclistas na rivalidade da capital era de tal tamanho que, nas bocas do povo, os nomes ‘Sporting’ e ‘Benfica’ eram muitas vezes substituídos por Trindade e Nicolau, dado revelador de que as pessoas das terras mais distantes de Lisboa não torciam pelo Clube de Alvalade pelos feitos alcançados na capital, mas sim pelas vitórias conquistadas por todo o Portugal através do ciclismo, surgindo sobre rodas o amor que se estenderia a um Sporting eclético e repleto de triunfos nos mais diversos desportos.

O ciclismo ‘leonino’ foi uma realidade de 1911 a 1987, com uma breve interrupção entre 1914 e 1926. Nesse período, o entusiasmo em volta das bicicletas e de quem as manuseava era evidente. Gente espalhada por todo o País esperava um ano, dois anos, uma década ou uma vida para, à beira da estrada, ver ciclistas vestidos de verde e branco passarem por meros segundos. “Lembro-me de ver as professoras com os alunos junto às estradas. Tudo parava para nos ver. Tenho muita honra em ter pertencido à geração dos clubes grandes no ciclismo”, lembra Leonel Miranda, que elogia as condições proporcionadas pelo Clube na altura. “Sempre foram excelentes, no Sporting, dentro do que existia na altura. Dormíamos em hotéis durante as provas e deslocávamo-nos em transportes muito confortáveis”, refere.

Para além da notoriedade trazida ao ciclismo através da disputa Trindade-Nicolau, outro motivo havia para que esta se assumisse como uma das modalidades de maior evidência no Sporting: o número de títulos velocipédicos conquistados. São 13 Voltas a Portugal por equipas e nove individualmente aquelas que constam no vasto palmarés ‘leonino’, sem nunca esquecer as inúmeras provas que terminaram com um ciclista ‘verde e branco’ no lugar mais alto do pódio. Viajando no tempo e regressando aos primórdios do ciclismo em Alvalade, Laranjeira Guerra é o primeiro nome a reter. O ‘leão’ venceu a segunda clássica Porto-Lisboa (330 quilómetros), a mais longa do Mundo a seguir a Bordéus-Paris (560 quilómetros), partindo da Invicta às 20h e chegando à capital às 13h49, praticamente 18 horas em cima da bicicleta, conduzindo de Leiria à Malveira com o volante partido, acabando aí por trocar por uma outra emprestada por um tal Alfredo Santos Júnior. Alcançada a primeira vitória um ano após a criação da secção de ciclismo, em Setembro de 1912, seguir-se-ia o segundo triunfo, protagonizado por Joaquim Dias Maia, um ano mais tarde. A secção extinguiu-se depois até que, nos anos 30, chega Alfredo Trindade como um balão de oxigénio que dá nova vida ao ciclismo ‘leonino’ e retoma a senda de títulos com a vitória na clássica Porto-Lisboa em 1936. Quatro anos depois, José Albuquerque conquista a primeira Volta a Portugal e, no ano seguinte, Francisco Inácio repete a proeza do companheiro. Uma história que começa vitoriosa dificilmente do caminho do sucesso se desvia, por isso, nos anos 50, é Américo Raposo quem se destaca com a conquista da clássica Porto-Lisboa em 1954. Já na década de 60, aparece João Roque, o ‘pai’ de Joaquim Agostinho, que realizou nove Voltas a Portugal de ‘leão’ ao peito, conquistando a de 1963, ano em que venceu também a clássica Porto-Lisboa. Mas o melhor ainda estava para chegar: nas décadas de 70 e 80, já com o incontornável Joaquim Agostinho ao serviço do Sporting, o Clube de Alvalade junta mais três Voltas de Portugal consecutivas (entre 1970 e 1972) ao seu currículo guiado pelo volante do ‘leão’, a primeira delas com chegada num Estádio José Alvalade sem uma única cadeira vazia. A grandeza do ciclismo ‘verde e branco’ era tal que o nosso País se tornava pequeno para a albergar. Assim, em 1984, o Sporting participa pela única vez na Volta a França, vencendo uma etapa por Paulo Ferreira, antes de, em 1985 e 1986, os ‘leões’ conquistarem as duas últimas Voltas a Portugal do seu palmarés, por Marco Chagas. A extinção da modalidade chegaria um ano depois, mas para trás ficam, para além dos títulos, os feitos ciclísticos realizados nos Estádios do Clube. A casa ‘verde e branca’ foi palco de corridas protagonizadas pelos grandes ciclistas nacionais e internacionais – como o italiano Fausto Coppi – que chegavam a disputar provas com 24 horas de duração.

Hoje, esta realidade fica mais próxima. Os feitos do passado serão recordados para inspirar o que se espera virem a ser as conquistas do futuro. O ciclismo ‘leonino’ renasceu. Bem-vindo de volta à Volta!.»
 
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