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Eleito por Santa Cruz de Tenerife, Alberto Rodríguez, de 34 anos, diz que o seu visual representa uma nova era na política espanhola e a entrada de pessoas normais no Parlamento
Alberto Rodríguez, de rastas, barba por fazer e elásticos para o cabelo nos pulsos, passa em frente à bancada onde se encontra o primeiro-ministro espanhol em exercício, Mariano Rajoy. Este olha-o e não disfarça um ar incrédulo. A imagem, captada no dia 13 pelas objetivas dos fotógrafos durante a sessão constitutiva do novo Parlamento de Espanha, correu os noticiários e foi até capa de jornal. Seguiu-se uma forte polémica por causa do penteado do novo deputado do Podemos, que parece ter chocado sobretudo os eleitos conservadores do PP."A mim tanto me faz que um deputado do Podemos use rastas. Se as mantiver limpas, para não me pegar piolhos, perfeito", disse no programa La Mañana da TVE a vice-presidente do Parlamento espanhol Celia Villalobos, do PP, partido que venceu as legislativas de 20 de dezembro e conseguiu eleger 123 deputados. Embora tenha falhado a maioria absoluta e não tenha conseguido até agora negociar qualquer coligação para formar um governo estável. Numa breve reação às declarações da ex-presidente da Câmara de Málaga, Rodríguez classificou-as como "uma falta de respeito".Desde aquele dia, confessou o deputado que foi eleito por Santa Cruz de Tenerife ao El País, nunca mais deu conta dos telefonemas e das mensagens de telemóvel. "Tive de o pôr no silêncio e cada vez que olho para ele vejo um monte de mensagens e de chamadas de números que não conheço", contou em entrevista àquele diário. Apesar de as rastas estarem normalmente associadas ao estilo de música reggae e ao rastafarianismo, Rodríguez garante que o penteado que usa há quatro anos não tem nenhuma razão de ser especial."Existem penteados e formas de vestir que estão a refletir no Parlamento a diversidade de pessoas que há no país, as pessoas normais do dia-a-dia. Até agora só se via ali uma parte da sociedade. Mas evidentemente que não tirarei as rastas por causa do que dizem. Para mim, é um penteado como outro qualquer e só o tirarei quando me apetecer fazê-lo a nível pessoal", declarou o deputado natural de Ofra, em Santa Cruz de Tenerife, nas ilhas Canárias.Filho de uma professora e de um eletricista e neto de uma costureira que fazia roupa para as famílias ricas de San Cristóbal de La Laguna (também nas ilhas Canárias), Rodríguez, de 34 anos, é técnico superior de Química Ambiental e sempre estudou em escolas públicas. Durante nove anos trabalhou numa refinaria de petróleo, foi delegado sindical e chegou a pertencer à Esquerda Unida (partido que agora está em fase de dissolução). Apreciador de cinema - o seu filme favorito é As Sufragistas - o agora deputado do Podemos foi um dos rostos do movimento de indignados do 15-M. Por participar em manifestações e ações de protesto chegou a ser detido. Outro defeito que os críticos lhe apontam. "Fruto da política recessiva dos sucessivos governos, participei em movimentos e protestos sociais. Detiveram-me por alteração da ordem pública nas manifestações do 15-M em 2012 e fui absolvido. Agora aguardo julgamento por causa de outro protesto, em 2006, quando a polícia agrediu o meu irmão num olho e ele perdeu a visão. Detiveram-me enquanto falava com os meus amigos para os informar do que tinha acontecido. Em nenhum dos casos insultei a polícia, como andaram a dizer", esclareceu o deputado ao El País.Alberto Rodríguez, um dos 69 eleitos do partido de Pablo Iglesias (que ficou em terceiro lugar nas legislativas de 20 de dezembro), considera que representa uma nova era na política espanhola. É um dos 79 deputados com menos de 40 anos e um dos 218 novos no Parlamento espanhol, num total de 350. Sobre a sessão constitutiva e o olhar que Rajoy naquele dia lhe lançou por causa das rastas, Rodríguez diz compreender o ar de surpresa do líder do PP. Naquela entrevista o El País declarou: "Talvez seja uma cara surpreendida que representa o facto de não ter compreendido o novo momento político em que o país se encontra. Se serviu para que tomasse consciência de que Espanha já não é uma coutada privada de alguns, então ainda bem."
dn
Alberto Rodríguez, de rastas, barba por fazer e elásticos para o cabelo nos pulsos, passa em frente à bancada onde se encontra o primeiro-ministro espanhol em exercício, Mariano Rajoy. Este olha-o e não disfarça um ar incrédulo. A imagem, captada no dia 13 pelas objetivas dos fotógrafos durante a sessão constitutiva do novo Parlamento de Espanha, correu os noticiários e foi até capa de jornal. Seguiu-se uma forte polémica por causa do penteado do novo deputado do Podemos, que parece ter chocado sobretudo os eleitos conservadores do PP."A mim tanto me faz que um deputado do Podemos use rastas. Se as mantiver limpas, para não me pegar piolhos, perfeito", disse no programa La Mañana da TVE a vice-presidente do Parlamento espanhol Celia Villalobos, do PP, partido que venceu as legislativas de 20 de dezembro e conseguiu eleger 123 deputados. Embora tenha falhado a maioria absoluta e não tenha conseguido até agora negociar qualquer coligação para formar um governo estável. Numa breve reação às declarações da ex-presidente da Câmara de Málaga, Rodríguez classificou-as como "uma falta de respeito".Desde aquele dia, confessou o deputado que foi eleito por Santa Cruz de Tenerife ao El País, nunca mais deu conta dos telefonemas e das mensagens de telemóvel. "Tive de o pôr no silêncio e cada vez que olho para ele vejo um monte de mensagens e de chamadas de números que não conheço", contou em entrevista àquele diário. Apesar de as rastas estarem normalmente associadas ao estilo de música reggae e ao rastafarianismo, Rodríguez garante que o penteado que usa há quatro anos não tem nenhuma razão de ser especial."Existem penteados e formas de vestir que estão a refletir no Parlamento a diversidade de pessoas que há no país, as pessoas normais do dia-a-dia. Até agora só se via ali uma parte da sociedade. Mas evidentemente que não tirarei as rastas por causa do que dizem. Para mim, é um penteado como outro qualquer e só o tirarei quando me apetecer fazê-lo a nível pessoal", declarou o deputado natural de Ofra, em Santa Cruz de Tenerife, nas ilhas Canárias.Filho de uma professora e de um eletricista e neto de uma costureira que fazia roupa para as famílias ricas de San Cristóbal de La Laguna (também nas ilhas Canárias), Rodríguez, de 34 anos, é técnico superior de Química Ambiental e sempre estudou em escolas públicas. Durante nove anos trabalhou numa refinaria de petróleo, foi delegado sindical e chegou a pertencer à Esquerda Unida (partido que agora está em fase de dissolução). Apreciador de cinema - o seu filme favorito é As Sufragistas - o agora deputado do Podemos foi um dos rostos do movimento de indignados do 15-M. Por participar em manifestações e ações de protesto chegou a ser detido. Outro defeito que os críticos lhe apontam. "Fruto da política recessiva dos sucessivos governos, participei em movimentos e protestos sociais. Detiveram-me por alteração da ordem pública nas manifestações do 15-M em 2012 e fui absolvido. Agora aguardo julgamento por causa de outro protesto, em 2006, quando a polícia agrediu o meu irmão num olho e ele perdeu a visão. Detiveram-me enquanto falava com os meus amigos para os informar do que tinha acontecido. Em nenhum dos casos insultei a polícia, como andaram a dizer", esclareceu o deputado ao El País.Alberto Rodríguez, um dos 69 eleitos do partido de Pablo Iglesias (que ficou em terceiro lugar nas legislativas de 20 de dezembro), considera que representa uma nova era na política espanhola. É um dos 79 deputados com menos de 40 anos e um dos 218 novos no Parlamento espanhol, num total de 350. Sobre a sessão constitutiva e o olhar que Rajoy naquele dia lhe lançou por causa das rastas, Rodríguez diz compreender o ar de surpresa do líder do PP. Naquela entrevista o El País declarou: "Talvez seja uma cara surpreendida que representa o facto de não ter compreendido o novo momento político em que o país se encontra. Se serviu para que tomasse consciência de que Espanha já não é uma coutada privada de alguns, então ainda bem."
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